Quatro reflexos tecnológicos da pandemia de 2020 em 2021

COVID-19 afetou – e continuará afetando – nossas vidas, mesmo após a vacinação. Em que setores a transformação digital mais acelerou?

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7:28 pm - 19 de abril de 2021

Mesmo na eminência de novos pedidos de isolamento social, temos otimismo no horizonte em função da vacinação efetiva da população. Mesmo assim, cabe uma reflexão sobre como a pandemia afetou e continuará afetando as nossas vidas.

O ano de 2020 ficará marcado por ser aquele que, de fato, catalisou o processo de Transformação Digital, tanto na esfera pública, quanto privada. Para melhor explicar, separei alguns pontos que vejo como cruciais para realizar algumas constatações e identificar tendências para 2021:

Varejo, serviços bancários e logística

A pandemia global serviu para forçar muitas pessoas a mudar seus hábitos – e começar a fazer seus serviços bancários e até pedir comida e demais itens domésticos online. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) registrou mais de 150 mil novas lojas online no segundo e terceiro trimestres de 2020.

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De acordo com dados da ABComm, entre abril e setembro do ano passado, 11,5 milhões de pessoas fizeram sua primeira compra on-line. Já de acordo com pesquisa realizada pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) 97% dos compradores buscaram informações na internet antes de realizar suas compras.

Os players que melhor performaram foram àqueles que já tinham malha robusta para efetuar entregas mesmo com a alta demanda repentina e os que conseguiram alternativas para driblar estes gargalos. Segundo Procon-SP houve um crescimento de 208% nas reclamações de pedidos online, sendo o atraso na entrega o principal motivo. Ou seja, as empresas que conseguiram rapidamente transformar lojas em postos avançados de distribuição ganharam a confiança dos clientes.

Serviços públicos e da educação

A pandemia foi um “start” para a digitalização da administração pública, já que os tradicionais atendimentos presenciais não puderam ser feitos. De acordo com o Ministério da Economia, foram economizados mais de R$ 1 bilhão de reais com despesas fixas relativas à manutenção de escritórios físicos, e R$ 161 milhões em benefícios, como transporte, aos trabalhadores entre abril e agosto de 2020.

Na mesma direção, as instituições de ensino tiveram que recorrer a serviços de videoconferência e gadgets, abrindo um caminho (que já deveria estar mais sedimentado) para a Educação à Distância (EAD) e para o “ensino híbrido”.

Digitalização, home office e desurbanização

Em 2021, quem não estiver adaptado ao mundo digital terá mais problemas. E, claro, isto acaba afetando diretamente os idosos e os mais pobres, demandando políticas públicas e privadas para inclusão digital de forma ampla. Além disso, o trabalho remoto talvez não seja mais em tempo integral, mas, com certeza, ele existirá com força.

As pessoas e as empresas terão que investir na “profissionalização” das estações de trabalho domésticas para serem sustentáveis e isto passa também por questões ergonômicas. Sendo assim, os grandes centros tendem a ficar menos inchados e os imóveis das cidades do interior que tenham infraestrutura de internet mais robusta serão mais valorizados ainda.

Saúde

Segundo dados do Distrito HealthTech Report 2020, o número de healthtechs no Brasil saltou de 248 para 542, entre 2018 e 2020. Um crescimento de 118% e que tem tudo para continuar muito acelerado em 2021. O futuro do mercado de saúde tende a sensorização dos pacientes para acompanhamento de tratamentos, no tratamento remoto (telemedicina), na diminuição das internações e no desfecho clínico mais flexível.

As empresas que têm incutidas as melhores práticas digitais, valorização de seus dados e ativos tecnológicos em sua cultura organizacional largaram bastante à frente e ganharam em competividade com as mudanças pandêmicas. Os vencedores em 2021, provavelmente, serão aqueles que já ditaram o ritmo do jogo em 2020.

* Alex Takaoka é diretor de vendas do Fujitsu do Brasil

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