Quais impactos da tecnologia na Copa do Mundo? Especialista analisa

Andre Miceli analisa se os recursos tecnológicos podem mesmo prever o final da competição

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6:33 pm - 20 de junho de 2018

Muito tem se falado sobre o poder da inteligência artificial e de outras ferramentas e recursos tecnológicos na Copa do Mundo, especialmente no que diz respeito ao final da competição e seu grande vencedor.

Todos os algoritmos e modelos de previsão simulam disputas considerando alguns critérios considerados os mais importantes para que um resultado aconteça. Contudo, são apenas modelos probabilísticos que apontam o percentual de chance de um resultado acontecer.

“Para analisar este tipo de previsão é importante compreender as motivações de quem fez a previsão. No caso de uma análise da Copa do Mundo, por exemplo, desenvolve-se uma fórmula que é montada em função dos resultados dos jogadores, no que diz respeito a ataque e defesa, entre outros parâmetros. Então chega-se a um score da seleção nos últimos quatro anos, uma pontuação total baseada nos movimentos de cada jogador de cada time nos últimos quatro anos, no que diz respeitos aos fundamentos, e existe uma lógica para cada pontuação”, explica o coordenador do MBA de Marketing Digital da FGV e especialista em sociedade digital, Andre Miceli.

Recentemente o grupo Goldman Sachs divulgou o possível resultado da Copa com base em uma análise envolvendo inteligência artificial. “A motivação para um grupo financeiro, neste caso, para esse em questão, fazer uma análise da Copa do Mundo é porque eles usam um modelo estocástico que é uma análise que considera a variação de análises combinatórias e traçam uma quantidade gigantesca de cenários. Esse modelo é o mesmo que o Goldman Sachs usa para fazer análise gráfica do mercado de ações e, de alguma maneira, recomendar a compra ou venda desses ativos em um determinado valor. Na verdade, o que eles estão tentando provar é a capacidade da empresa de prever o futuro através desse modelo matemático, porque, no fim das contas, eles vendem isso”, aponta o especialista.

Sobre a Copa de 2014, a empresa acertou 10 das 16 seleções que estavam nas oitavas de final; acertaram um dos dois finalistas – eles apontaram Brasil e Argentina e Alemanha e Argentina foram pra final; e só acertaram o placar inteiro de três partidas.

“Muito provavelmente se você for olhar as pessoas que fizeram bolão vai encontrar números parecidos com os indicados pela empresa. Porque, no fim das contas, as análises baseadas em séries históricas, quando falam de esporte, acabam privilegiando aquelas seleções que sempre ganham, que são mais ou menos aquelas que estão na nossa cabeça, que têm mais história, que possui mais conquistas”, analisa Andre Miceli.

Outra análise apontada pelo especialista da FGV é a dos pontos móveis, que utiliza um software de big data que analisa a dificuldade de cada jogada possível, com base nos movimentos que os jogadores que estão sendo analisados fazem na maioria das vezes.

“Se trata de um modelo de probabilidade também, então a análise é baseada no que esses jogadores fazem e isso é importante para que, por exemplo, um técnico entenda ou desenhe a convocação e suas estratégias. Ele estuda as características das seleções com quem ele vai jogar, entende o que esses jogadores dessas seleções costumam fazer diante das situações de jogo que se apresentam e encontra jogadores que costumam desempenhar bem o seu papel diante daquele contexto e cenário. Isso explica as seleções usam algo software matemático para auxiliar o técnico a fazer as convocações”.

Outra oportunidade de utilização desse tipo de dados, é a avaliação que o técnico faz do time que ele vai jogar pra tentar prever o que os jogadores vão fazer. Na prática existe uma propensão dos jogadores a executarem determinadas jogadas. “Esses softwares são capazes de avaliar o quão previsível esses jogadores são”, conclui Miceli.

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