Prodam usa análise de dados para tornar São Paulo mais inteligente

Sistema de monitoramento e gestão integrada aplicado à área de mobilidade urbana e zeladoria torna mais eficiente trabalho de agentes públicos

Author Photo
9:23 pm - 17 de outubro de 2018

São Paulo, com seus mais de 12 milhões de habitantes, é a cidade mais populosa do Brasil. Mas a terra da garoa e do horizonte povoado por altos prédios também é a mesma que testa o bom humor do paulistano com seus longos congestionamentos, transporte público lotado e alagamentos recorrentes. É claro, São Paulo não está sozinha quando observamos os problemas típicos das megacidades. A concentração urbana desafia governos mundo afora e projetos de infraestrutura tendem a crescer em ritmo mais lento do que as taxas populacionais. Para muitos urbanistas, a solução para o equilíbrio das cidades do futuro está no quanto elas conseguirão ser inteligentes.

A maior cidade do Brasil é também uma das primeiras do País a dar passos importantes nessa direção. A Prodam, empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo, deu início em 2017 ao lançamento da plataforma SMGI, sigla para Sistema de Monitoramento e Gestão Integrada. Por meio dela, a companhia desdobrou dois projetos – o primeiro para dar mais eficiência à mobilidade urbana, chamado internamente de SMGI-CET, e o segundo, o SMGI-SGZ, que analisa dados para monitorar a zeladoria do município. O trabalho foi reconhecido pelo prêmio 100+ Inovadoras, promovido pela IT Mídia, na categoria Setor Público.

Dados que se conversam

A grande inovação do projeto se dá uma vez que a plataforma é desenvolvida com base em parametrização e não no desenvolvimento/codificação tradicional, algo inédito na Prefeitura de São Paulo. Em resumo, o SMGI-CET cuida de todas as operações de engenharia de tráfego da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Por meio de um aplicativo integrado ao sistema, os agentes de trânsito têm acesso em tempo real aos incidentes diários da cidade 24 horas por dia, permitindo o acúmulo de estatísticas e confecção de relatórios complexos para gestão do trânsito de São Paulo.

Já o SMGI-SGZ, também integrado a um aplicativo móvel, consegue cuidar de todas as operações de zeladoria da cidade, desde o recebimento das demandas pelo cidadão, como solicitações de poda de árvore, limpeza de bueiro, etc, até a efetiva conclusão do serviço em campo, com retorno ao munícipe quando o trabalho for concluído e aprovado. Sob a mesma plataforma, a Prodam consegue correlacionar informações de áreas, que podem parecer distintas à primeira vista, mas influenciam uma a outra. A expectativa, no longo prazo, é que o mesmo sistema dê escala para tornar inteligente outras estruturas da cidade.

Rogério Brecha, diretor-presidente da Prodam, explica que ao munir as operações da cidade com a análise inteligente de dados, será possível prever potenciais incidentes e agir de forma preventiva. Tal tipo de previsão promete não só trazer bem-estar à cidade como também reduzir custos. Segundo a Prodam, com o uso do SGZ, espera-se melhoria de 30% nos custos das operações de zeladoria, assim como redução substancial do tempo médio de atendimento.

“A ideia é conseguir ainda nos próximos anos ter uma camada em que possamos enxergar todos os elementos críticos na cidade e gerar essa informação com inteligência e, consequentemente, criar ações para o cidadão”, explica Brecha, reforçando que dada a sua escala, é um dos maiores projetos em cidades inteligentes do mundo. “A volumetria de dados é gigantesca”, ressalta.

Ações a partir de dados

Uma equipe formada por cientistas de dados, programadores, engenheiros de mobilidade urbana e especialistas em gestão integram o projeto da Prodam para a Prefeitura de São Paulo. Mas lidar com um sistema de dados que se propõe à integração dos mesmos implica em uma série de desafios, uma vez que se herda também dados não estruturados e tecnologias legadas de outras gestões. “Era um quebra-cabeça”, lembra Brecha.

Segundo o diretor-presidente da Prodam, a cidade de São Paulo vive um novo momento como cidade digital. “É comum ver em várias cidades do Brasil, nas grandes, onde se tem sistemas que não se falam, dados que não se conectam e hoje achamos que estamos construindo algo que vai prover visualização de dados integrados”, explica Brecha.

Dados na área de mobilidade urbana são importantes para a área de saúde e vice-versa. Afinal, eles podem contribuir para a comunicação entre diferentes secretarias. Da mesma forma, esses dados podem ser usados para simular o impacto de novos empreendimentos em uma cidade que cada vez mais verticaliza e se concentra em certas regiões. Segundo Brecha, o sistema de monitoramento integrado agora caminha para suportar outras secretarias da cidade de São Paulo.

“Correlacionar esses dados hoje pelos sistemas transacionais é quase impossível. Essa integração é fundamental quando começamos a trabalhar com inteligência preditiva. O projeto aponta um novo momento para a cidade de São Paulo. Estabelece um novo patamar de tecnologia e de como lidamos com uma cidade inteligente”, conclui Brecha.

Finalistas da categoria Setor Público

1º Prefeitura de São Paulo – Rogério Brecha, diretor-presidente da Prodam
2º Prefeitura Municipal de Barueri – Jonathan Randal, CIO
3º Receita Federal – Claudia Andrade, CIO

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.