Porque as práticas ESG precisam andar junto com design, inovação e software

Década estreada durante pandemia tende a se destacar pela transformação social. Entretanto, evoluções digitais ainda se fazem necessárias

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8:15 am - 19 de maio de 2022
sustentabilidade, ESG Imagem: Shutterstock

É visível o quanto a grande maioria das pessoas passou a valorizar os negócios que estejam, de alguma forma, ligados à sustentabilidade, respeito ao ambiente de trabalho e people first. Não só valorizar como ser mais exigente quanto ao tema. Com isso, as empresas têm procurado investir nos pilares do ESG (Environmental, Social and Governance) para ganhar ainda mais atenção dos consumidores, assim como cumprir seu papel socioambiental. No entanto, elas precisam fazer isso de forma genuína e responsável para ganharem mais apoiadores/ seguidores e compradores, bem como para prestarem contas aos acionistas e acessarem melhores créditos daqui para a frente.

Enquanto que a década de 2010 a 2020 ficou conhecida como o período de transformação digital das empresas, a nova década que estreamos durante a pandemia tende a se destacar pela transformação social. Entretanto, evoluções no quesito digitais ainda se fazem necessárias. Assuntos como sustentabilidade, preocupação com questões climáticas, segurança e privacidade, diversidade/ inclusão, design ético, entre outros ganharam muito mais peso e atenção nos últimos anos. Muito tem se falado sobre ESG – que provém do termo em inglês e possui critérios que permitem medir os impactos sociais e ambientais de um investimento em uma empresa -, mas você sabe qual é a função dessa prática?

O Environmental (Ambiental) está ligado às mudanças climáticas e emissões de carbono, biodiversidade, eficiência energética, desmatamento, escassez de água e gestão de resíduos. Governance (Governança) trata sobre a composição da diretoria, código de ética, corrupção e lavagem de dinheiro, independência e diversidade no Conselho, proteção aos minoritários, remuneração de executivos e auditoria. Já o Social (Social) aborda satisfação do cliente, proteção de dados e segurança, diversidade e inclusão, direitos humanos, condições de trabalho, saúde e segurança no trabalho e comunidade.

As previsões do Gartner mostram que 40% das organizações consideram a sustentabilidade como uma das três principais prioridades de negócios até 2025. A  criação de valor é o principal fator por trás da atividade de investimento responsável/ ESG, segundo a Pesquisa Global de investimento Responsável de Private Equity 2021.

ESG na agenda da diretoria executiva 

Em janeiro de 2020, Larry Fink, CEO da BlackRock, escreveu uma carta direcionada aos líderes das empresas que recebem investimentos do grupo. Nela, o empresário anunciou que a empresa passaria a considerar o “risco ESG” para avaliações de crédito e liquidez.

De acordo com a consultoria Betania Tanure Associados, para 88% dos líderes empresariais, as ações têm impacto na reputação das companhias. Entretanto, 72% dizem que medidas relacionadas impactam no resultado financeiro das companhias. A pesquisa ouviu 280 das 500 maiores companhias brasileiras, entre os dias 8 e 10 de novembro – período que coincidiu com a segunda semana da COP26, em Glasgow.

No caso das empresas médias, o ESG é mais sensibilidade do que ação. Aquelas que se relacionam diretamente com o consumidor, por seu lado, se deparam com as mudanças de hábito do seu público-alvo.

Até 2020, quando estávamos olhando para os produtos e serviços, vivíamos a transformação digital que interferiu nos preços, disponibilidade, facilidade de uso e conveniência. Atualmente, a transformação é social e tem como foco as empresas olharem mais para o seu propósito e valores, impacto gerado nos stakeholders, responsabilidade social corporativa, diversidade, equidade, inclusão e sustentabilidade.

Qual o papel da tecnologia?

Para proporcionar alcance e maior impacto na empresa, o ESG muitas vezes precisa de tecnologia. Assim como a coleta de dados, também é importante o uso de ferramentas para consolidar essas informações. É impossível coletar, consolidar e analisar dados sobre aspectos tão diferentes das iniciativas de ESG da empresa sem o uso da tecnologia.

A jornada em direção ao ESG está intimamente ligada à transformação digital das empresas. Por isso, é fundamental ter uma equipe de TI assumindo um papel estratégico para gerar informações assertivas para que, a partir dessas evidências, a empresa consiga melhorar os negócios e o mundo.

A falta de padrão na coleta, verificação e análise dos dados sobre ESG gera informações desestruturadas e subjetivas. Por isso, as tecnologias são aliadas poderosas, já que colaboram com essa nova forma de pensar e agir para ter maior responsabilidade com o meio ambiente.

Aliando tecnologia e sustentabilidade, garante-se diversos benefícios, como melhoria da imagem da marca, diminuição dos impactos ambientais, eliminação do uso de papel, redução de custos, infraestrutura de TI mais eficiente e aumento da competitividade do negócio. A sigla ESG para que de fato seja incorporada na prática pelas empresas é fundamental que a empresa invista em outros três pilares de forma concomitante: design, inovação e software.

Design para projetar iniciativas que atendam os problemas complexos que ESG exige, através de metodologias consolidadas como o design thinking e agora o Environment-Centered Design; Inovação pois as empresas precisam pensar em formas criativas e diferentes para solução das dores inclusive dentro de uma abordagem colaborativa de open-innovation; e Software visto que para as iniciativas terem escala, capacidade de alcance e obterem os impactos necessários é importante ter produtos digitais que tenham essa capacidade, além dos dados já mencionados.

Um programa ESG eficaz garante que a empresa atenda de forma consistente às mudanças nas expectativas das partes interessadas. Por isso, é primordial definir estratégias e metas, promover engajamento com o ecossistema, como open innovation, estabelecer governança do programa e comunicar a narrativa ESG aos colaboradores e ao mercado.

* Caroline Capitani é VP de Digital Design and Innovation na ilegra

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