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EXCLUSIVO: ‘Não somos players de infraestrutura’, diz Julia White sobre IA na SAP

Se no ano passado o SAP Sapphire* estava discutindo como usar a IA generativa, esse ano os casos de uso chegam a 50 e a SAP se coloca como uma das empresas focadas na tecnologia ao anunciar IA embarcada em todas as suas soluções na nuvem.

Otimista com os lançamentos, Julia White, Chief Marketing and Solutions Officer da SAP, conta em entrevista exclusiva ao IT Forum que a empresa quer dobrar seus casos de uso com IA até o fim do ano, sem abrir mão do desenvolvimento de IA responsável.

“Mas a nossa estratégia tem sido muito consistente: não somos players de infraestrutura. Esse não é o nosso jogo. Mas podemos trabalhar com todos eles e com o ecossistema para criar uma maneira de que o nosso cliente obtenha o benefício de quem tem o melhor modelo de linguagem grande. Isso é uma espécie de camada. E, além disso, continuaremos adicionando novos recursos às experiências”, diz ela.

Confira os melhores momentos do bate-papo:

IT Forum: Entre os anúncios feitos no evento, novidades no RISE with SAP foram um dos destaques. A ferramenta apresenta grande crescimento na América Latina. O que impulsiona esse resultado?

Julia White: Tanto na América Latina, quanto particularmente no Brasil, vemos um crescimento muito forte da nuvem. Tivemos cerca de 36 trimestres consecutivos de crescimento da nuvem, ano após ano e, salvo engano, tivemos crescimento de dois dígitos em nuvem no primeiro trimestre. Ou seja, é uma região com um grande mercado.

Além disso, países como o Brasil fazem parte de um mercado que está passando por uma grande transformação. Muitas empresas precisam modernizar seus negócios. evoluir seus sistemas precisam chegar lá, o que impulsiona o crescimento.

IT Forum: Antes, SAP era visto muito como uma ferramenta apenas para grandes empresas. Com a nuvem, isso mudou?

Julia White: O bom da nuvem é que permite que fornecedores como nós forneçam tecnologia sofisticada, mas a um preço muito baixo. Uma das coisas que o software como serviço criou é a capacidade de fornecer software realmente robusto para qualquer pessoa.

Leia também: Christian Klein: ‘A América Latina foi uma das nossas regiões de crescimento mais rápido’

Ainda que SAP não seja focado em pequenas empresas, mas estamos mais perto daquelas companhias que estão crescendo e que estão naquele momento em que tudo o que eles estavam usando, como Excel, não acompanham mais o crescimento.

IT Forum: E, claro, não podemos deixar de falar sobre Inteligência Artificial. Vocês anunciaram todos os serviços de nuvem com IA embarcada. O que muda, na prática?

Julia White: Esse mercado está mudando rapidamente. No ano passado, a OpenAI tinha lançado o ChatGPT há pouco tempo e estávamos discutindo como abordar a IA generativa.

Mas a nossa estratégia tem sido muito consistente: não somos players de infraestrutura. Esse não é o nosso jogo. Mas podemos trabalhar com todos eles e com o ecossistema para criar uma maneira de que o nosso cliente obtenha o benefício de quem tem o melhor modelo de linguagem grande. Isso é uma espécie de camada. E, além disso, continuaremos adicionando novos recursos às experiências.

IT Forum: Vocês querem dobrar os casos de uso de IA até o fim do ano. Esse é um desafio e tanto, não?

Julia White: Temos um portfólio muito grande de produtos, desde a cadeia de suprimentos financeiros até RH e vendas, então, basicamente, continuamos a colocar novos recursos em todas as verticais. Parece muito, mas com todas as áreas que podemos trabalhar, não é impossível.

IT Forum: E como fazer aproximadamente 100 casos de uso trabalhando com IA responsável?

Julia White: Existem várias partes da IA responsável. Uma delas é o uso ético da IA. E é aí que temos princípios muito claros. Temos um comitê interno e um comitê terceirizado que verifica se os casos de uso que estamos sonhando e planejando são éticos e quais são consequências não intencionais. Poderiam ser usados para causar danos? Propagam preconceitos na sociedade que sabemos que não queremos?

Depois, há a privacidade. Quando usamos os modelos de linguagem de terceiros, o que precisamos fazer é basicamente isolar os dados dos clientes desse grande modelo de linguagem. Então, quando estamos interagindo, basicamente criamos uma versão isolada daquele grande modelo de linguagem apenas para aquele cliente.

Por fim, há a segurança, que sempre faz parte do que estamos fazendo e é fundamental para a entrega na nuvem, para que a IA não traga necessariamente novos aspectos de segurança. Mas, obviamente, tem que ser segura.

IT Forum: Com o uso de modelos de linguagem de terceiros, como fica a responsabilidade para ter essa IA ética?

Julia White: Há alguns aspectos nisso. Novamente, não seremos um player de infraestrutura de IA. Vamos fazer parceria para isso. E os modelos, por exemplo, da OpenAI ou da Microsoft, possuem uma versão empresarial que podem entregar privacidade de dados. Então usamos esse modelo.

E muitos dos modelos que usamos são chamados de ‘modelos pequenos’, como os que pesquisam todas as informações do mundo. A maioria das coisas que estamos tentando fazer, não precisamos de grandes modelos de linguagem. Portanto, também é sobre escolher os modelos certos para cada situação.

E então, quando contratamos os modelos, precisamos ter esses limites, como não ser permitido compartilhar informações do cliente. Tem que haver uma parte explícita do negócio e do contrato técnico.

IT Forum: Você acredita que a IA generativa ajudará nos KPIs de projetos de tecnologia?

Julia White: Sim. Acho que em muitos casos de uso, é mais fácil dizer um antes e depois, como porcentagem de quanto a produtividade cresceu com a implementação da tecnologia. KPIs de produtividade e financeira são algumas das que aparecerão mais.

Mas eu acho que há realmente mais economia e eficiência em verticais como indústria, cadeia de suprimentos, logística, armazenamento. Em geral, naquelas companhias com infraestrutura pesada.

Se você fabricar um carro da maneira corre e reduzir 1% do custo, é um enorme resultado. Mas se um e-commerce for 1% mais eficaz, talvez não tenha tanto efeito. Uma de nossas primeiras capacidades de IA foi o gerenciamento de armazéns e fretes. Então, caminhões entrando nos armazéns, entregando coisas, movimentando-as, colocando o produto certo no armazém certo. E todo esse controle, muitas vezes, é feito com papel. Depois de usar a IA generativa para dizer aonde cada coisa deveria ir, elas passaram a chegar mais rapidamente e, em um cliente do setor automotivo, a economia chegou a US$ 1 milhão por ano.

*a jornalista viajou a convite da SAP

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