Pequenos negócios impulsionam criação de lojas virtuais no Brasil

Segundo mapeamento divulgado por PayPal e BigData Corp, expansão de lojas virtuais no país aumentou 40,7% no ano; uso de redes sociais foi destaque

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8:31 am - 27 de agosto de 2020

O distanciamento social fez com que uma grande de pequenos negócios criasse uma presença na web para conseguir manter ao menos parte do faturamento. E esse movimento já foi sentido dentro do mercado: em 2020, foram criadas mais de 1,3 milhão de lojas on-line, com um ritmo de crescimento de 40,7% ao ano, de acordo com o mapeamento Perfil do E-Commerce Brasileiro, divulgado nesta quarta (26) por por PayPal e BigData Corp

E a grande maioria do público que compõe esse dado é formada por pequenos empreendedores: 88,7% dos sites encontrados são de lojas virtuais que possuem até 10 mil visitas por mês; 76,5% oferecem até dez produtos no site; 52,6% não possuem empregados e 48% faturam até 250 mil por ano. 

Para Thiago Chueiri, diretor de Desenvolvimento de Negócios do PayPal Brasil os resultados já refletem parte da entrada das PMEs ao digital para diversificar a fonte de renda. “Claro que [esse mapeamento] pega uma parte do reflexo da pandemia, que digitalizou uma série de consumidores e empreendedores também. É um segmento, hoje, diferente de seis meses atrás. A quarentena forçou drasticamente essa digitalização.” 

Esse movimento tem sido visto em todas as partes do mundo. Globalmente, mais de 21 milhões de novos consumidores e 1,7 bilhão de novos empreendedores criaram uma conta no PayPal. Apesar de esses serem números globais, Chueri afirma que, no Brasil esse movimento ocorreu “acima da média” mundial, por conta do fato de a empresa ainda estar em processo de digitalização. 

Vale ressaltar que o número de empresas adentrando os canais digitais deve ser bem maior: a pesquisa monitora apenas negócios que criaram lojas virtuais próprias durante o período, não abrangendo marcas que atuem com presença 100% via marketplace, expondo produtos em sites como Amazon, Americanas, Casas Bahia e Magazine Luiza.   

Detalhes do mapeamento 

A utilização de carteiras virtuais como forma de pagamento também se expandiu em comparação com 2019: atualmente, 55,68% dos domínios aceitam essa solução, contra 50,28% dos e-commerces identificados no ano passado. 

Do ponto de vista geográfico, um pouco mais de 90% dos e-commerces estão localizados na região Sul e Sudeste do país —, com destaque para o estado de São Paulo, que concentra 58,95% das empresas.  

Apesar de a pesquisa não ter feito uma análise específica sobre as áreas de negócio que mais entraram no digital durante os últimos meses, o estudo apontou um crescimento de empresas do setor de alimentação (restaurantes, pizzarias, hamburguerias etc). 

“Você vê [muitos casos de gente] que tinha um restaurante sem a opção de o cliente comprar as coisas pela internet. E isso vira mais um canal de venda: na hora em que ele puder manter a loja física funcionando, dificilmente ele vai apagar o e-commerce, porque ele vira um gerador de receita adicional”, explica Thoran Rodrigues, CEO e fundador da BigData Corp. 

Ao mensurar as lojas virtuais que também possuem presença em marketplaces,  o mapeamento identificou que 41,12% do público anuncia seu produto em até 2 plataformas. Percentualmente falando, o crescimento mais expressivo foi encontrado nas empresas que anunciam em mais de 5 marketplaces: o número saiu de 0,10% para 12,43%. 

O maior desafio dos sites ainda está no quesito acessibilidade: apenas 0,06% dos sites analisados são totalmente acessíveis. “[essa falta de acessibilidade] pode ser uma imagem que não está descrita ou um problema de navegação. Não significa que o site não é utilizável, mas que a experiência que uma pessoa com deficiência tem ao acessar esse conteúdo não é a mesma que uma outra pessoa teria”, afirma Rodrigues. 

Atendimento em rede social vira fator de decisão para compra 

O YouTube aparece como a plataforma de maior crescimento: saiu de 32,2% em 2019 para 39,8% na edição atual do mapeamento. Rodrigues, da BigData, explica que essa mídia está sendo mais explorada pelos para a produção de conteúdos para apresentar um produto ou serviço, bem como a criação de tutoriais explicativos.

“A gente está vendo uma adoção por parte dos vendedores de ferramentas cada vez mais visuais e até, de certa forma, mais interativa, para engajar com seus clientes” afirma. 

Para Chueri, do PayPal, o empreendedor que se preocupar com um bom atendimento em plataformas digitais pode angariar uma base muito mais leal. “O que a gente viu, nesse momento de estresse da pandemia, é que o usuário está mais sensível. Se um bom serviço é prestado, elogios são feitos. O que era mais difícil anteriormente. Agora, um serviço que é mal prestado, o usuário está com menos paciência”. 

Mesmo com a cada esperada do consumo on-lineapós um maior controle de contágio da Covid-19, o executivo acredita que o uso de canais virtuais é um hábito que será incorporado por muitos brasileiros.

“A gente sabe que o home office vai estar muito mais presente no cotidiano do consumidor brasileiro e digital. Estando mais presente em casa, o usuário tende a consumir mais pelos meios digitais”, afirma. 

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