Pensar em IoT como ferramenta de produtividade é imperativo

Se a sensorização da economia é um caminho inexorável, empresas de diversos setores precisam começar a se preocupar desde já em como a IoT poderá ajudá-las a tornar os processos de negócio mais eficientes

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4:26 pm - 29 de abril de 2018
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A internet das coisas (IoT) promete tornar tudo mais inteligente e eficiente. As redes inteligentes, os contadores inteligentes, as geladeiras inteligentes e os carros inteligentes são apenas alguns exemplos mencionados em cada artigo e paper sobre o tema. Por isso é preciso, desde de já, ajudar a desenvolver aplicações atraentes e inovadoras, e a pensar em como a mecânica da IoT afetará a produtividade das organizações, conforme ficou claro em um painel o IT Forum 2018, que acontece de 27 de abril a 1º de maio na Praia do Forte, Bahia, reunindo Laércio Albuquerque, presidente da Cisco, Marcos Sirelli, CIO da Porto Seguro, e Adriano Oliveira, CIO da Rede D’Or São Luiz.

“Na transformação digital, os processos de negócio mudaram completamente. Na internet das coisas serão os modelos de negócio que mudarão completamente, e com eles, as empresas”, argumentou o executivo da Cisco. “Considero a internet das coisas como o novo ponto de mutação da história dos negócios digitais”, disse ele, lembrando que para muitas companhias, brasileiras inclusive, isso já é uma realidade.

De fato, de acordo com a IDC, 70% das corporações já têm algum projeto de IoT em andamento. E mais de US$ 8 bilhões serão investidos em tecnologias voltadas para IoT no Brasil neste ano. Muitos setores, segundo Albuquerque, já estão sofrendo o impacto direto da IoT na sua cadeia de valor. Seguridade e Saúde são apenas dois deles. O executivo mencionou também o agronegócio, a manufatura (com o movimento em direção à Indústria 4.0) e a infraestrutura urbana (para suportar o modelo de cidades conectadas).

A inexorável sensorização da economia fará com que 43% de todos os dados coletados pelos sensores tenham que ser armazenados, processados e analisados na ponta da rede, segundo a Cisco. Isso forçará as empresas a repensar a infraestrutura de rede. “A rede que atendeu a TI lá atrás para o PC, depois para o laptop e o smartphone, será completamente diferente. Terá de ser mais eficiente, robusta, segura e, principalmente, automática, com recursos de Inteligência Artificial dentro dela para auxiliar na agilidade da administração desses milhões de devices”, disse o executivo da Cisco.

De acordo com a Cisco, existirão 50 bilhões de coisas conectadas à internet em 2020, em todo o planeta. Isso soa como muito, certo? Essa quantidade fará com que não seja tão fácil implantar soluções de IoT que envolvam toda a cadeia produtiva, reconhece o executivo.

Manuseio da grande quantidade de dados

Por isso, os CIOs devem começar, o quanto antes, a fazer planos para abrigar o gigantesco furacão de dados a caminho. Desenvolver estratégias para mudar a plataforma de conectividade, a plataforma de segurança e plataforma de colaboração pensando na centenas de milhares de sensores que terão sob sua administração.

Ficou claro, na explanação dos CIOs da Rede D’Or e da Porto Seguro, que a maioria dos CIOs vai lidar com a primeira fase da internet das coisas por meio do investimento e implantação de projetos piloto que orquestrem essas três plataformas.

Sirelli, CIO da Porto Seguro, apresentou três casos de uso de IoT da seguradora, dois deles diretamente relacionados ao negócio. O primeiro é o produto “Auto Jovem”, que além de analisar o comportamento dos motoristas com idade entre 18 e 24 anos, rastreia hábitos de uso do veículo. São medidos dois itens ligados à dirigibilidade, que o próprio rastreador do carro fornece: tempo rodado de madrugada e tempo rodado acima de 90km/h. Esses dados se transformam em um programa de bonificação no custo do seguro. E o segundo, o serviço da Trackage, solução que permite a quem faz viagens aéreas monitorar malas em tempo real, para saber se elas foram extraviadas ou violados em qualquer lugar do mundo. O produto já está em funcionamento nos containers do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Já Oliveira, CIO da Rede D’Or São Luiz, apresentou o case das camas inteligentes conectadas aos prontuários médicos, para prevenir e reduzir incidentes associados a quedas dos leitos e com a regulação da inclinação da cama para pacientes no pós-operatório. A solução está alinhada com a filosofia da gestão da TI em prover inovações que de algum modo possam ser um diferencial para rede hospitalar e proporcionar uma melhor experiência para médicos e pacientes.

“Identificamos algumas possibilidades nas quais a tecnologia poderia apoiar o negócio e uma delas foi garantir a integração das camas inteligentes aos prontuários eletrônicos. Se o médico definiu que o paciente precisa ficar 48 horas na inclinação de 45 graus, esse controle é feito pelo por profissionais do hospital. O paciente ou os acompanhantes não conseguem fazer esse ajuste”, disse Oliveira. O outro caso está associado à rastreabilidade do profissional de Saúde no complexo hospitalar. Todo o fluxo de interações do profissional entre os diversos departamentos do hospital é transformado em informações para a área de gestão.

“Ter a informação é fácil, hoje. O grande desafio é o quê fazer com ela. E essa é uma questão que venho debatendo bastante no comitê executivo. Quais informações serão extraídas do banco de dados e transformadas em ações que garantam ganhos de produtividade”, comentou Oliveira.

Segurança também merece muita atenção

Mas o que pode acontecer se houver uma violação ou uma vulnerabilidade? Que tipos de riscos existem para os sensores, os dados, a transmissão desses dados, se ocorrer um erro? E se essas redes sofrerem um ciberataque? Como integrar a segurança na plataforma IoT com os produtos existentes de segurança, as políticas e procedimentos que você já tem implantados ma sua organização hoje?

Uma coisa é uma quebra de segurança que resulte em tempo de inatividade ou perda de dados, ou roubo de números de cartões de crédito ou de outras informações personalizadas. Mas o que acontece quando os profissionais de segurança são responsáveis por proteger a disponibilidade de sistemas orientados a eventos em tempo real?

O CIO da Rede D’Or São Luiz, por exemplo, optou pela segregação da rede corporativa de dados, da rede de engenharia clínica e da rede de IoT, com algumas integrações entre a rede de IoT e a clínica, de modo a garantir a integridade das informações e a estabilidade das plataformas. “Obviamente, é uma preocupação muito grande. Por isso a opção pela segregação física das redes, com integrações seguras”, disse Oliveira.

A Porto Seguro também está preocupada, especialmente em relação a dois aspectos fundamentais das redes de IoT: o grande volume e descentralização dos dados. “Em relação ao volume, não sabemos ainda quanto esses bilhões de dispositivos serão capazes de gerar. E como tratar na ponta para que esses volumes cheguem de forma mais inteligente para a decisão efetiva. já quanto à descentralização, ela obrigará a trabalharmos melhor, já que basta um elo desta cadeia ter uma vulnerabilidade importante para que a gente passe a ter problemas”, comentou Sirelli. Dados sensíveis dos clientes terão que ser mais protegidos.

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