Os impactos da COVID-19 na computação em nuvem

É inegável que a computação em nuvem tende a crescer também no Brasil após a pandeima de coronavírus

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2:00 pm - 17 de abril de 2020
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A revista de divulgação científica do Massachusetts Institute of Technology (MIT), uma das mais prestigiadas instituições de pesquisa e ensino dos Estados Unidos, publicou dias atrás um artigo com o título “Por que o lockdown provocado pelo coronavírus está deixando a internet mais forte do que nunca”. Já no início, o texto diz que a conexão da internet é hoje o nosso cordão umbilical de ligação com o mundo externo. “Dependemos dela para trabalhar, estudar e para ver outras pessoas. Ela é nossa primeira fonte de entretenimento. E estamos usando muito as conexões”.

A partir desse ponto, o autor Will Douglas Heaven, que é editor da publicação e tem um PhD em ciência da computação pela Imperial College, de Londres, mostra como a quarentena provoca mudanças significativas nos hábitos, horários e locais de acesso à rede. Apenas nos dois primeiros meses de 2020, por exemplo, o número de novos usuários do Zoom foi maior do que o acumulado em todo o ano de 2019. Em abril houve crescimento de 25% no total de usuários de um jogo on line já bastante popular (em um fim de semana havia 24 milhões de jogadores ao mesmo tempo na plataforma).

Outra constatação parece óbvia, mas merece ser avaliada porque reflete diretamente as mudanças ocorridas nos últimos anos e impacta hábitos futuros. Nas cidades, o tráfego da internet migrou das regiões centrais, onde tradicionalmente há concentração de escritórios corporativos, para os bairros, alguns deles distantes do centro, onde as pessoas moram. O artigo cita os casos de Nova Iorque e Londres, mas é evidente que o fenômeno pode ser visto por toda parte. Aí surge um desafio que precisa ser enfrentado: tradicionalmente a infraestrutura de atendimento às residências é mais precária do que aquela destinada às conexões de pessoas jurídicas, o que pode resultar em problemas na qualidade dos acessos.

Segundo Will Douglas Heaven, há sinais do impacto dessa mudança no dia a dia das pessoas: ligações que caem, sites que não “carregam”, redes de wi-fi lentas. Apesar disso, acrescenta, esses são acontecimentos pontuais. Na pratica, diz, as pessoas estão usando a internet como nunca antes e “a COVID 19 está orientando a maior expansão de serviços vista em anos”.

Justamente nesse ponto entra a computação em nuvem. Nos Estados Unidos, empresas de telefonia e servidores de serviços on line estão ampliando a oferta de servidores essenciais para possibilitar o armazenamento e o acesso de dados a partir de qualquer equipamento com acesso à internet. “Os investimentos estão ampliando de forma expressiva a oferta, a velocidade e a performance dos serviços”.

Ainda é cedo para falar das transformações que ocorrerão no Brasil. Mas é inegável que a computação em nuvem tende a crescer também por aqui. Principalmente porque durante a crise foram visíveis os benefícios proporcionados à população pelo acesso remoto a dados e serviços. Há, claro, soluções óbvias, como os serviços de entrega por aplicativos. Mas a nuvem também impacta de forma positiva outras áreas, como os serviços públicos. Em diversas prefeituras, sistemas de gestão pública online possibilitaram a continuidade do trabalho em áreas como o setor de compras, contabilidade e pagamento de fornecedores, gestão de pessoal e atendimentos nos Postos de Saúde e UPAs dos municípios – funções que não podem parar mesmo durante uma situação extrema como a quarentena.

*Aldo Mees é presidente da IPM Sistemas

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