Com orçamentos mais enxutos, o que TI deve priorizar?

Fazer mais com menos é sempre um desafio, e para os profissionais de tecnologia isso não é diferente

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10:12 am - 21 de maio de 2023
orçamento Foto: Shutterstock

Com o Brasil passando por uma fase de incertezas econômicas frente ao novo governo, e com o impacto da crise mundial, a retração de investimentos em 2023 já é bem conhecida no mercado – empresas tiveram que enxugar seus orçamentos às pressas, inclusive em TI, e os fornecedores, que esperavam que os resultados acompanhassem a linha ascendente dos anos anteriores, foram surpreendidos por um ano com mais desafios do que era previsto, em virtude dos resultados de períodos anteriores.

Fazer mais com menos é sempre um desafio, e para os profissionais de tecnologia isso não é diferente. O cenário socioeconômico global fez com que muitas empresas já fizessem a revisão dos números logo no primeiro trimestre do ano fiscal. Essa mudança no perfil de gastos de TI foi registrada até mesmo pelo Gartner, que tinha projetado para 2023 um crescimento de gastos com TI 5,1% superior que o que foi investido no ano passado. Esse número já foi revisado para baixo – e hoje, a previsão global é de um aumento de 2,4%.

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No Brasil, acompanhamos uma contenção nos orçamentos dedicados para o setor de tecnologia. Mas dentro desse cenário, quais são as tecnologias que CIOs e gestores devem priorizar este ano? Separei alguns casos que podem fazer a diferença na entrega de resultado operacional – não apenas para TI, mas para o negócio. Veja:

Conectividade e redes: sempre o “calcanhar de Aquiles”

Os últimos anos foram realmente intensos quando o assunto é conectividade. A área de TI teve que rapidamente se adaptar a um ambiente 100% remoto devido à pandemia. Do ponto de vista do negócio, muitas empresas entregaram os grandes escritórios, adotando um modelo de trabalho totalmente híbrido – e com espaços de trabalho físico bem menores.

Porém, agora, as organizações têm adotado um modelo de trabalho em que o volume de dias remotos é inferior ao presencial, levando as equipes de TI a terem que fazer o redimensionamento das redes físicas. Além disso, novas tecnologias de acesso remoto à rede surgiram nos últimos anos, como a ZTNA, substituindo as tradicionais VPNs, mais lentas e uma verdadeira dor de cabeça para o acesso externo.

Terceirização de serviços críticos

Dentre os serviços essenciais para a manutenção da performance do negócio, disponibilidade e segurança está o NOC – Network Operations Center. O serviço atua na garantia da integridade da infraestrutura tecnológica da empresa – o que tira a sobrecarga operacional interna da equipe de TI. Mais do que isso, possibilita a prevenção e resolução rápida de problemas que afetem usuários internos e externos.

Diante de um cenário de contenção de custos, a terceirização desse serviço se torna uma opção muito mais barata, com um retorno mais rápido sobre o investimento.

Além disso, equipes de fornecedores com esse serviço estão preparadas e têm mais experiência para lidar com incidentes do que uma equipe nova, montada internamente para esse desafio. Sem falar no custo da estrutura de backoffice – que acaba se tornando alto quando comparado com o custo da terceirização.

Service Desk: quanto pior, mais caro é

Com o modelo híbrido e a força de trabalho ainda parcialmente descentralizada —o esforço de manutenção dos problemas do dia a dia pode ser ainda maior caso o Service Desk não tenha capacidade de atendimento para esses chamados. O problema é que muitas vezes a qualidade do Service Desk acaba sendo a “última prioridade” do gestor de TI – afinal de contas, não é muito simples trocar de fornecedor.

Acontece que os serviços de Service Desk e Field Service são essenciais para evitar paradas não programadas – que é onde geralmente uma perda substancial de recursos financeiros fica escondida. Em operações mais críticas, como do Varejo, por exemplo, a parada de um PDV pode levar o cliente a desistir de uma compra, por exemplo, devido ao tempo, às filas etc.

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Ou seja, um fornecedor de Service Desk ou Field Service que não possui equipe especializada, gestão, tecnologia e capilaridade tem baixo custo, porém a capacidade de atendimento e o SLA estão longe do ideal, o que na verdade custará bem mais caro do que o fornecedor com preço maior – mas com entrega de qualidade. Nem sempre a equação do preço, principalmente em TI, é tão óbvia.

Cibersegurança é prioridade

Definir a relação custo-benefício ao investir em medidas de cibersegurança é uma importante decisão financeira e operacional para a maioria das empresas. Uma arquitetura de segurança consolidada pode economizar milhões para uma organização em custo total de propriedade (TCO) e reduzir as perdas financeiras provocadas por ransomware e outros tipos de ciberataques.

Aqui também temos outro exemplo de economia que pode custar caro no final. Tirar orçamento da Segurança da Informação deixa a empresa exposta a ações criminosas. As penalizações estão mais severas no Brasil e dependendo do segmento da empresa, as consequências podem ser ainda piores. Portanto, cibersegurança jamais pode sair da lista de prioridades, seja qual for o contexto.

Independente do cenário econômico, hoje mais do que nunca as empresas precisam da tecnologia para entregar – seja um produto ou serviço. Cabe aos gestores do negócio ouvir o que o TI tem a dizer – sabemos que nem sempre isso acontece – e combinar a visão da Tecnologia da Informação, com os dados de mercado, forecast de vendas, e prognósticos de performance para a melhor tomada de decisão. A área de TI pode até sofrer com reduções momentâneas, mas ignorada, jamais.

*Ricardo Perdigão, diretor da Tecnocomp

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