Open Finance é visto como oportunidade, mas desafia bancos médios

Para executivos de TI de instituições menores, tecnologia e concorrência acirrada são fatores de preocupação

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8:38 pm - 03 de setembro de 2021
evento sensedia apix Painel do APIX 2021 sobre Open Finance. Em cima, Fabio Rosato, diretor de soluções da Sensedia (mediador); abaixo, da esquerda para a direita: Daniel Freire, do BMG; Thiago Saldanha, da Sinqia; e Volmar Machado, da Sicredi

Uma oportunidade de alavancar negócios por meio do compartilhamento de dados entre os membros do sistema bancário brasileiro, de todos os tamanhos, além de estreitar o relacionamento com clientes de perfil muitas vezes eventual. Esse é o prospecto que executivos de TI ligados a instituições médias e pequenas, incluindo o banco BMG e o Sicredi [Sistema de Crédito Cooperativo], fazem sobre o Open Finance, sistema de dados bancários e financeiros abertos que emerge no Brasil.

“Para bancos médios e pequenos, e o BMG se classifica como médio, é um caminho buscado. Pois hoje nossos clientes acabam não tendo relacionamento de longo prazo [conosco]”, explicou Daniel Freire, diretor de TI do banco, durante painel ocorrido nessa sexta (3) durante o APIX 2021, evento promovido pela especialista em APIs brasileira Sensedia. “E ter acesso à essas informações [do Open Banking] vai facilitar muito a acertar aquilo que o cliente precisa.”

O Open Finance é o grande sistema de dados abertos que, no futuro, deve combinar informações financeiras de pessoas físicas e jurídicas, incluindo bancárias (Open Banking) e de contratação de seguros (Open Insurance), entre outras. Para os participantes do painel, o potencial de melhoria tanto em análises de crédito como na personalização de experiências fará a diferença na hora de identificar oportunidades de negócio, melhorando a eficiência e a rentabilidade dos negócios.

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“Toda a equipe de negócios e TI do Sicredi está fazendo um esforço muito grande para concretizar essa operação”, contou Volmar Machado, CIO da cooperativa de crédito. “O Open Banking, o [trabalho do] Banco Central e todas as evoluções do mercado têm sido muito importantes para a evolução do ecossistema. Então estamos bem animados. E, lógico, preocupados também.”

Para o executivo do BMG, não se trata de uma preocupação somente técnica, mas também concorrencial. Afinal, se as pequenas e médias instituições financeiras têm acesso aos dados das grandes, o caminho contrário também é verdadeiro.

“Estamos criando uma estratégia forte de ataque e defesa”, comentou Freire, que também ressaltou o desafio de TI. “Temos um legado muito forte, de tecnologias bastante consolidadas. E abrir isso para o mercado é bastante complexo para gente. Tem sido um desafio técnico e para o negócio. Está tirando todos nós bancos da zona de conforto.”

Para Volmar Machado, os desafios são muitos, principalmente com relação à estruturação do arcabouço tecnológico. Isso significa um trabalho forte de gestão, segurança e governança de APIs para permitir uma melhor integração entre os diversos serviços. No caso da Sicredi, que é uma cooperativa com diversos entes, o uso de APIs e de um portal do desenvolvedor também tem um caráter associativo.

“A gente tem cada vez mais aberto o processo de trabalhar com o associado de maneira democrática”, contou.

Benchmarking e novos produtos

Para a indústria de tecnologia, as perspectivas de negócio do Open Finance também são positivas. Thiago Saldanha, CTO da Sinqia – que oferece plataformas de integração de sistemas com foco no mercado financeiro e é parceira de negócios da Sensedia – as expectativas são altas considerando os exemplos internacionais, principalmente Europa e Ásia.

“Temos uma expectativa muito boa não só comercial, mas de produtos e tecnologia”, ressaltou o executivo. “Open Banking é o primeiro passo para a construção de uma ‘rodovia’ de inovação. Através dela muitas inovações surgirão.”

Para Saldanha, o contexto brasileiro – em que o Open Banking surge como obrigação regulatória e o compartilhamento é obrigatório – se soma à demanda do mercado, inclusive de fintechs. Ou seja, são duas frentes de estímulo. Mas, ressalta, o grande impulsionador inicial das aplicações deve ser a experiência dos clientes.

“O grande ponto que vai fazer diferença é o ‘aculturamento’. Diferente do PIX, que é transacional, o Open Banking é viabilizador de algo”, explicou Saldanha. “E para criar novas experiências é preciso se estar seguro que aquilo vai trazer benefícios, vai ser seguro. Precisa realmente agregar.”

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