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Open Finance e a digitalização de dados com segurança

O Open Banking – ou melhor, Open Finance – é a principal aposta do Banco Central do Brasil para estimular um forte aumento de concorrência e a diminuição das taxas no setor bancário. O novo sistema de compartilhamento de dados entre instituições financeiras está sendo planejado há anos, mas a pandemia de COVID-19 e o isolamento social aceleraram a discussão sobre o assunto.

Quando o Open Finance estiver em operação, os clientes poderão acessar uma plataforma que integre suas informações espalhadas por diversas instituições e aplicativos bancários e negociar a migração de ativos (financiamentos, contas, investimentos) para outras instituições que ofereçam melhores serviços e benefícios. A promessa é de estímulo à bancarização dos cerca de 40 milhões de brasileiros ainda fora do sistema.

A inovação será possível pois todos os agentes do mercado financeiro deverão utilizar uma camada de tecnologia padronizada, que facilitará a comunicação entre eles e simplificará a portabilidade de dados e informações dos usuários. Porém, é importante ressaltar que segundo o Banco Central, hoje, os cinco maiores bancos brasileiros concentram 81% dos ativos totais do segmento. 

Na esteira dessas mudanças, e com o claro propósito de estruturar esse mercado em ascensão, alguns fenômenos vêm se estabelecendo. Um deles chama a atenção devido ao impacto que irá causar, principalmente para os bancos públicos: a digitalização das informações.

O sistema financeiro brasileiro vive uma constante transformação digital, mas muitos processos ainda dependem de papel, seja para assinatura de contratos ou para o arquivamento de documentos.

Normalmente, estes documentos são automaticamente organizados e indexados para armazenamento eletrônico. Mas, na maior parte dos casos, por exemplo, o cliente que solicita um empréstimo tem de fornecer uma prova financeira antes da aprovação. Reunir estes documentos pessoais e confidenciais cuidadosamente e em segurança é um desafio para a maior parte dos bancos. Organizar, digitalizar os documentos enviados e capturados eletronicamente não será tarefa fácil, principalmente para as grandes organizações.

A indexação de imagens é um processo até que simples. Porém, é preciso de uma rede, seja em nuvem ou física, fortemente segura para que os dados não vazem ou caiam nas mãos de pessoas não autorizadas. Para isso, as imagens devem ser transferidas como ficheiros codificados pela rede de dados do banco e não mais por e-mail. Ao eliminar a utilização de um malote interno para o processamento de documentos, a instituição financeira aumenta a eficiência e reduz os custos, além de reduzir o tempo do processo de aprovação de um serviço, tornando-se assim mais competitiva. 

O novo sistema Open Finance demandará que as empresas estejam preparadas para fazer as operações rápidas, com segurança e precisão. O sucesso da operação vai depender muito do processo de captura e digitalização no ponto de origem e dos documentos legados. 

No mercado há soluções OCR (Optical Character Recognition) que fazem a leitura das informações em papel e transferem para sistemas digitais. Consequentemente, os dados e conteúdos extraídos são encaminhados para os sistemas nos quais erros são detectados automaticamente na fase inicial do processo, permitindo que este resolva as exceções na presença do cliente. Este nível de automatização simplifica o processamento e reduz as porcentagens de erros humanos no processo.

A cibersegurança e prevenção de fraudes não são mais um diferencial, mas sim é medida obrigatória para proteger os dados consumidores, principalmente agora, com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e informações proprietárias. Com essas mudanças, as instituições financeiras precisam facilitar o processo, mesmo que percam clientes por um tempo, mas no objetivo de conquistá-los novamente no futuro.  

A transformação digital tem mudado os modelos de negócios e abalados os oligopólios do mercado financeiro, elevando a disputa pelo cliente a um novo patamar. Parte disso, só é possível graças as novas tecnologias como Inteligência Artificial, Big Data, Cloud e da digitalização de processos manuais e em papel. Compreender os impactos desses eventos é imprescindível para definir a estratégia seja atual ou futura. Em um segmento que as mudanças serão mais rápidas e disruptivas, postergá-las não é o mais um caminho. 

* Gabriel Campos é consultor de serviços financeiros da Lexmark

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