Ontologia: como funciona a tecnologia por trás da atribuição de valor dos dados

Linguagem torna possível transformar informações de diferentes naturezas em afirmações

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8:35 am - 20 de maio de 2022
dados

Mais um conceito ainda pouco conhecido: ontologia. Complicado? É isso que pode parecer, mas, deixando os termos de lado, a dinâmica pode ser mais simples de compreender.

Cada vez mais tem-se falado de dados e das palavrinhas que os rondam, como: privacidade, propriedade, hosting, custódia e agora, ontologia. Já se sabe que a monetização de dados irá acontecer como próximo passo da economia da informação – o mecanismo já está estruturado e essa prática deve ter início antes do que a maioria imagina. A grande questão aqui é: qual o valor e como esse valor será atribuído ao dado? E é aí que entra a ontologia.

A ontologia, no contexto da tecnologia e ciência da computação, é uma linguagem específica com a qual é possível transformar informações em afirmações, para que informações de diferentes naturezas possam se comunicar entre si. Com isso, as ontologias são empregadas em processos de aprendizado de máquinas, web semântica e arquitetura da informação como uma forma de expressão do conhecimento, criando uma documentação legível tanto para máquinas como humanos.

No ecossistema de dados é a mesma lógica, a ontologia é utilizada como mecanismo para padronizar a comunicação entre eles, só que neste contexto ela é aplicada também para fazer, automaticamente, uma leitura inteligente desses dados, que será processada e transformada em um conjunto prático e passível de trabalhar e explorar oportunidades de negócios.

E as oportunidades serão inúmeras. Além dos dados pessoais de cada ser humano, como idade, altura, RG, CPF, etc, toda interação entre uma pessoa e uma organização (seja ela pública ou privada) produz dados. Vamos a um exemplo prático, uma ida ao hospital para o check up anual. O médico pede alguns exames de rotina, como exame de sangue, por exemplo; os resultados dessa coleta trazem inúmeras informações importantes que são dados gerados a partir da interação do hospital com o paciente. Esses dados, atualmente, ficam apenas registrados no banco de dados do hospital, e eles podem ser utilizados, por exemplo, para fins de pesquisa para novos medicamentos, caso o dono dos dados (o paciente, neste cenário) permita.

É nesse lugar onde a ontologia tem um papel fundamental, pois o conjunto de termos e informações próprias do domínio médico e laboratorial não tem uma conexão aparente com o restante de dados do paciente. O papel dela é unir dados de contextos diferentes para produzir novas informações conectadas a todo o universo de dados gerado por aquela pessoa. Por exemplo, os dados de saúde podem ser correlacionados com dados de consumo, ou renda, ampliando as possibilidades de uso destes dados para geração de informação útil. Com estas possibilidades, as empresas podem criar diversas oportunidades de uso desses dados com distintos propósitos (pesquisa científica, desenvolvimento de produtos, etc.).

Já o dono do dado pode escolher do que quer participar entre as oportunidades apresentadas a ele, ou seja, essa conectividade produzida pela ontologia é a inteligência por trás do modelo de monetização.

Essa é a premissa da monetização de dados: retornar a posse e o controle dos dados ao dono ao mesmo tempo em que amplia as oportunidades de uso justo de dados para as empresas.

Já no contexto das empresas, a ontologia é utilizada de forma mais complexa pois o contingente de dados a serem processados e interpretados é muito maior, então colocar essas informações dentro de padrões para que sejam lidos e transformados em oportunidades de negócios para a empresa exige uma infraestrutura robusta e inovadora. Essas oportunidades de negócios serão disponibilizadas também num formato de fácil manuseio, visualização e utilização; como um mapa de relações, no qual as empresas conseguirão enxergar todas as possíveis conexões dos dados sob sua custódia, abrindo um oceano de valor agregado com possibilidades para expansão de inteligência de mercado e oferta desses dados.

Esse pode parecer um universo ainda distante mas, como toda grande disrupção, quando o assunto já está em discussão na sociedade é porque já está acontecendo.

* Alberto Blumenschein é Chief Knowledge Officer (CKO) da DrumWave

** Javier Cruz é Chief Data Officer (CDO) na DrumWave

*** Fernando Teles é Presidente e Chief Revenue Officer (CRO) da DrumWave

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