A tecnologia tem avançado muito rapidamente nos últimos anos. Dados de vários tipos são produzidos e armazenados em grandes quantidades, serviços de processamento de dados em nuvem se tornam cada vez mais acessíveis e as técnicas de fronteira permitem transformar os dados em inteligência; ou seja, nada mais nos separa do futuro em que a Inteligência Artificial (ou Artificial Intelligence, AI) será parte do nosso cotidiano.
Diante desse contexto, muito se discute sobre como será a interação da máquina “inteligente” com os humanos no mercado de trabalho. Especificamente um tema se mostra intrigante para as empresas: qual será o efeito da introdução da Inteligência Artificial sobre os recursos humanos da minha empresa?
Apesar das muitas previsões que alertam para a substituição de pessoas por robôs, o que se observa na prática é que a variação da empregabilidade vai depender da solução que se emprega, do setor de atuação ou do estágio de aplicação da solução. De acordo com pesquisa realizada pela consultoria McKinsey[1] com executivos que desenvolveram projetos de AI, mais de um terço dos entrevistados relatam menos de 3% de alteração no tamanho da força de trabalho por causa da implantação da AI, e apenas 5% dos entrevistados relatam uma alteração superior a 10%.
Uma outra estratégia de projetos de Inteligência Artificial busca gerar valor para a companhia por meio de aumento da produtividade dos seus funcionários. Segundo a pesquisa da IFS global, muitas empresas (61%) justificam o investimento em AI como um recurso para ajudar colaboradores a se tornarem mais produtivos. O desafio que se coloca para as empresas, então, não é simplesmente tecnológico. Após o desenvolvimento de soluções de AI, o passo seguinte é incorporá-los no dia a dia da operação dos seus funcionários, de forma a aumentar a produtividade do trabalho. Uma falha nesse passo pode colocar tudo a perder.
De acordo com pesquisa realizada com 400 executivos pelo Economist Intelligence Unit, dentre os três riscos principais para adotar ou aumentar o uso da AI, dois estão relacionados à capacitação da força de trabalho. Trinta e seis porcento (36%) dos entrevistados informaram que sua organização pode não ter os recursos, em termos de pessoas ou ferramentas, para implementar efetivamente a AI. Logo atrás, com índice de 35%, apareceram as preocupações em como convencer os funcionários a adotar novas tecnologias ou aprender novas habilidades.
Na prática, a tendência a se observar nas empresas será a formação de times técnicos em AI e Data Science, em conjunto com o treinamento e capacitação de pessoal interno não-técnico que, para colocar em prática os novos sistemas, precisará compreender seu funcionamento. O time técnico, que será formado por engenheiros e cientistas de dados, será responsável pela estruturação de bases de dados, treinamento de modelos e desenvolvimento de sistema.
Esses profissionais, apesar de disputados, podem ser encontrados fora da empresa. Já a equipe de Data Translators[2], que será a responsável por extrair o máximo de valor a partir dos sistemas, deverá combinar conhecimento prático do setor (domain knowledge) com o conhecimento mínimo dos novos sistemas, de forma a poder criticar os resultados da AI (a máquina não é infalível!) e maximizar seus efeitos no negócio. Este profissional será muito raro e a principal forma de tê-lo é formá-lo internamente na empresa, por meio de treinamento especializado.
Uma força de trabalho que compreenda claramente os benefícios que a AI traz para seus trabalhos e esteja equipada com as habilidades necessárias para usar essa tecnologia estará bem posicionada para identificar novas oportunidades, não apenas para aumentar a produtividade, mas também para o desenvolvimento da carreira pessoal. Cabe aos empregadores inteligentes estarem atentos para dar a devida importância tanto ao desenvolvimento tecnológico quanto ao desenvolvimento das equipes internas.
[1] Global AI Survey: AI proves its worth, but few scale impact
[1] McKinsey (2018) “Analytics translator: The new must-have role”
*Por Edmilson de Siqueira Varejão, Sócio-Fundador da Startup AI Consult, mestre e doutorando em economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)
A WSO2, empresa americana de tecnologia conhecida pelo uso de código aberto, anunciou no começo…
No IT Forum Trancoso, Guilherme Pereira, diretor de Inovação & Conteúdo e diretor do MBA…
O Governo Biden anunciou, nesta segunda-feira (6), que o programa CHIPS for America destinará cerca…
Nem só de inteligência artificial vivem os executivos de TI das empresas. Sabendo disso, o…
As tecnologias exponenciais são aquelas que demonstram rápido desenvolvimento, apresentando um potencial de transformação imenso…
As operadoras de telefonia Claro, TIM e Vivo tomaram a iniciativa de liberar o acesso…