O 2G está com dias contados no mundo de IoT. Sua empresa está preparada?

Falta de planejamento pode impactar diretamente as empresas que usam a tecnologia em seus modelos de negócios

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8:55 am - 15 de fevereiro de 2019

É fato, a tecnologia 2G está começando a cair em desuso e já começamos a falar em seu desligamento. Hoje, contamos com o 2G, 3G e 4G, tecnologias que conhecemos e utilizamos no dia a dia, porém outras como 5G, Cat-M1, NB-IoT, LoRa e Sigfox são novidades que estão começando a ganhar força no País, permitindo a criação de novos modelos de negócio, trazendo funcionalidades técnicas diferentes do que temos visto até o momento. Você tem acompanhado essas mudanças?

A telefonia celular que era focada em voz, evoluiu rapidamente para um mundo cada vez mais conectado. Há alguns anos já contamos com um número de aparelhos celulares superior ao de brasileiros, totalizando 234 milhões de dispositivos em Julho de 2018. Além deste enorme mercado, o segmento de comunicação entre máquinas (conhecido como M2M) vem ganhando destaque, com crescimento acima de 15% ao ano, ultrapassando a barreira de 19 milhões de dispositivos conectados em novembro de 2018.

Esse tipo de conexão entre máquinas é focado na transmissão de dados de aparelhos como rastreadores veiculares e máquinas de cartão de crédito, setores de destaque no mercado brasileiro. Diversas operações destes dois mercados ganharam força nos últimos anos, alavancando o desenvolvimento de ecossistemas de segurança e pagamento móvel. O lançamento de novos produtos e serviços é cada vez mais rápido e diversificado, trazendo novidades ao público, e incrementando as oportunidades de negócio para os empresários.

Mas, o que realmente é importante compreender dentro deste cenário de evolução das tecnologias de telecomunicação atuais? A resposta é simples: Sua empresa necessita identificar qual melhor caminho seguir nos próximos anos e quais passos precisa trilhar desde já.

Um exemplo sobre transição de tecnologia ocorreu recentemente com o desligamento da TV analógica no Brasil. A TV Digital surgiu com muitos benefícios como melhor qualidade de imagem, dando fim aos velhos chiados e chuviscos causados por interferências. Algumas residências precisaram se adaptar à essa transição comprando conversores digitais, pois os aparelhos de TV antigos não conseguiam captar o Sinal Digital. Por outro lado, quem havia comprado uma nova televisão nos últimos anos, já contava com antenas integradas mais modernas que garantiram que os usuários não precisassem se preocupar em comprar um novo adaptador.

Com o desligamento do sinal analógico de televisão, foi possível utilizar o mesmo sinal para ampliar o serviço de telefonia celular, que vem sendo anunciado pelas operadoras como 4,5G com velocidades ainda maiores do que o 4G.

Quando falamos sobre o período de desligamento da tecnologia 2G, teremos a possibilidade de utilizar o mesmo sinal para transmitir o 5G (nova tecnologia que está em teste em diversos países como Estados Unidos e China). Este período de transição tecnológica ainda não está divulgado claramente para os empresários que dependem do 2G, que serão diretamente impactados.

Quando empresas de segurança, por exemplo, compram rastreadores veiculares, nem sempre se atentam à qual tipo de tecnologia está presente em seus dispositivos, e é aí que mora o perigo. Alguns desses dispositivos são conectados à internet utilizando chips de dados, e possuem apenas a tecnologia 2G de comunicação. Atualmente estes dispositivos são mais baratos e atrativos para o negócio, porém é importante relembrar que esta tecnologia será descontinuada, não só no Brasil, mas em todo o mundo em um curto espaço de tempo. O impacto dessa falta de planejamento pode custar caro!

Estes dispositivos deixarão de funcionar, assim como as TVs Analógicas, pois o sinal do 2G será desligado em algum momento, dando lugar para outra tecnologia melhor e mais recente, como o 5G. Infelizmente nesta transição, diferente do que ocorreu com a TV, não será possível comprar um ‘adaptador’. Será necessário trocar o aparelho, seja ele um rastreador veicular, monitor de telemetria, central de alarme ou máquina de cartão de crédito. Esta necessidade de troca de aparelhos impacta diretamente o modelo de negócios dos empresários, pois envolve grandes investimentos, além de uma operação logística para efetuar a troca dos aparelhos.

A mudança é eminente, e precisamos nos planejar. Temos a vantagem de olhar para a evolução da tecnologia por meio de uma bola de cristal, que são os países pioneiros em telecomunicações. A tendência aqui no Brasil, já é uma realidade lá fora. Que tal utilizar essa informação extremamente valiosa para vantagem competitiva, e se adiantar em relação às necessidades dos clientes para estar pronto para o futuro?

Sua empresa precisa garantir uma boa conversa com dois integrantes do seu ecossistema para garantir o sucesso neste cenário de mudanças. Primeiro passo, converse com seu fornecedor de dispositivos e questione sobre a tecnologia de conectividade que ele usa no seu equipamento. O tipo de modem que ele usa pode ditar se você está ou não preparado para encarar o desligamento do sinal 2G. Além dele, é importantíssimo conversar com seu fornecedor de conexão M2M, que podem ser as operadoras ou mesmo empresas especializadas em conectividade.

Fornecedores de conectividade estruturados poderão lhe apresentar um cronograma mais claro da evolução da tecnologia, e destacar o que precisa ser feito para evitar que precise fazer um recall de aparelhos que estão na rua. Se houver planejamento, não ocorrerá um caos generalizado onde tudo irá parar de funcionar.

Empresários dos mercados como o de rastreamento, segurança eletrônica e pagamentos móveis devem ficar atentos se os dispositivos que estão adquirindo já contam com tecnologia suficiente para suportar conexões 3G e 4G, pois os equipamentos mais baratos costumam utilizar módulos mais simples que não tem esta flexibilidade e podem impactar diretamente no sucesso das empresas nos próximos anos. O barato hoje sairá caro em um breve amanhã.

*Sérgio Souza é managing director da Kore

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