Novo serviço de dados da AWS e Goldman Sachs aponta para uma tendência bancária mais ampla

A Goldman Sachs, por meio de uma parceria com a Amazon Web Services (AWS), lançou um serviço de gerenciamento e análise de dados financeiros para ajudar os clientes a processar dados para extrair valor comercial.

O anúncio faz parte de uma tendência maior, em que os principais participantes das indústrias verticais – neste caso, serviços financeiros – fazem parceria com hiperscaladores para oferecer serviços em nuvem.

A nova Financial Cloud for Data da Goldman Sachs tem como alvo fundos de investimento, gerentes de ativos e outros clientes institucionais que enfrentam quantidades crescentes de dados de mercado em uma era digital.

O novo serviço permitirá que as empresas de serviços financeiros usem as próprias ferramentas e aplicativos de inteligência artificial (IA) da Goldman Sachs para processar dados e obter insights de negócios mais profundos. A AWS fornecerá o poder computacional de seus serviços em nuvem para hospedar os aplicativos Goldman Sachs.

O setor de serviços financeiros costuma ser cauteloso quanto ao compartilhamento de dados fora de um firewall corporativo, pois qualquer exposição pode prejudicar a reputação de uma empresa e resultar em pesadas repercussões legais e regulamentares.

Nos últimos anos, no entanto, mais setores – entre eles saúde, manufatura e serviços financeiros – ficaram mais confortáveis com o processamento de dados fora de firewalls corporativos para obter valor comercial.

“A questão costumava ser: por que usaríamos a nuvem? E agora é: por que não usaríamos a nuvem?”, disse Jason Malo, diretor analista do Gartner. “Vemos os bancos oferecendo [serviços bancários] como um serviço e eles agem como um facilitador no qual podem criar uma plataforma na qual outros podem colaborar”.

A Amazon fez parceria com empresas de outros setores, como Volkswagen e outros fabricantes automotivos, para fornecer serviços em nuvem e consolidar plataformas de software em filiais e escritórios remotos.

Em 2020, a Microsoft for Healthcare lançou serviços em nuvem para provedores de saúde para melhorar as percepções de dados clínicos e operacionais.

Parcerias entre provedores de tecnologia de nuvem e serviços financeiros estão se tornando mais comuns, pois as economias de escala de um provedor de nuvem permitem custos mais baixos e implantação mais rápida em comparação com o lançamento de serviços de nuvem privada. Em 2019, por exemplo, a IBM fez parceria com o Bank of America para criar a nuvem IBM para serviços financeiros.

Além disso, os bancos mais novos contam com a infraestrutura de instituições financeiras estabelecidas para lançar serviços que de outra forma não poderiam pagar por causa dos custos de capital para equipe e infraestrutura, de acordo com Malo.

Por exemplo, o provedor de aplicativos de mobile banking Chime usa serviços de middle e back-office fornecidos pelo The Bancorp Bank ou Stride Bank, N.A. Chime é essencialmente uma empresa de tecnologia que usa software bancário de outras instituições.

“Já vimos grandes organizações – gigantes da tecnologia digital – tentarem oferecer serviços financeiros no passado: AWS, Facebook, Walmart e Google. “Todos eles tentaram fazer coisas em torno dos serviços financeiros”, disse Malo. “Não estamos dizendo que eles não podem, mas, nesses casos, os reguladores olharam para eles e disseram: ‘Como vamos regulá-los?’”

“Então, neste caso, você pode ver os pedigrees da AWS e da Goldman Sachs funcionando bem juntos”, disse ele.

A crescente dependência da IoT e a adoção da tecnologia digital (para transformação digital) levou a uma explosão de dados nas organizações; isso está gerando a necessidade de derivar inteligência de negócios dos enormes conjuntos de dados provenientes de uma infinidade de fontes. As organizações têm uma escolha: construir sua própria infraestrutura de nuvem privada para consolidar pools de dados para executar análises de dados ou terceirizar essa função para hiperscaladores.

Com iniciativas de transformação digital, os dados são gerados em diferentes locais de uma empresa. O streaming de todos os dados para um repositório central é caro, tanto em termos de largura de banda quanto de recursos do data center, de acordo com Leo Gergs, analista da ABI Research.

“É por isso que a nuvem [pública] está se tornando mais importante e mais empresas estão se movendo nessa direção”, disse Gergs. “É por isso que os hiperscaladores estão chegando. Eles oferecem modelos de negócios atraentes para as empresas porque podem oferecer um custo de entrada mais baixo. Esses são modelos baseados no consumo que reduzem o nível de despesas de capital das empresas e, portanto, pagam apenas pelos recursos de computação que usam”.

Desenvolvido durante uma colaboração de dois anos entre a Goldman Sachs e a AWS, o serviço GS Financial Cloud for Data permitirá que os clientes descubram, organizem e analisem dados na nuvem. Essas informações podem ser usadas para obter insights e tomar decisões de investimento mais bem informadas.

“Esta nova colaboração entre GS e AWS nos permitirá obter percepções exclusivas de nossos dados proprietários em um ambiente privado e seguro, enquanto aproveita a escala e a velocidade de inovação da nuvem”, disse Vlad Torgovnik, CIO da empresa de investimento Millennium Management, em uma afirmação.

Os avanços em dados e tecnologia estão transformando rapidamente o setor de serviços financeiros, à medida que as iniciativas de transformação digital mudam os processos de negócios e as experiências dos clientes. Essa transformação está forçando os desenvolvedores em empresas de investimento a despenderem tempo e energia significativos na personalização de várias ferramentas para gerenciar, interpretar e analisar dados financeiros em escala, de acordo com a Goldman Sachs.

O banco de investimento de 152 anos acredita que o mecanismo de analytics baseado em nuvem da Amazon também pode tornar a análise quantitativa avançada mais acessível em mercados globais.

“Os clientes institucionais se beneficiarão de décadas de experiência da Goldman Sachs para lidar com os desafios de gerenciamento e análise de dados”, disse a empresa em seu anúncio.

Goldman Sachs Financial Cloud for Data estende as ferramentas de analytics de front-office do banco, como PlotTool Pro, uma ferramenta de análise de série temporal, e GS Quant, o kit de ferramentas Python da empresa.

Os componentes do Goldman Sachs Financial Cloud for Data também são compatíveis com o Amazon FinSpace, um serviço da AWS destinado a combinar e analisar dados de várias fontes, como dados de posição de data warehouses ou data lakes.

A colaboração com a Goldman Sachs também oferece especialização da AWS que, de outra forma, não teria organicamente, porque os serviços financeiros exigem um alto nível de conformidade e perspicácia de segurança.

“Há uma tendência de especialização da nuvem e parte disso é um aspecto da maturidade que estamos vendo nesses novos serviços”, disse Malo, do Gartner. “Há uma boa sinergia aí”.