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Mudanças exponenciais provam que modelos de negócios não são eternos

Estamos diante de um cenário de mudanças exponenciais, rápidas e intensas. Todos setores de negócios serão afetados e o que puder ser digitalizado o será. Escrito dessa forma, nesse texto, nos parece uma frase trivial, um “chavão”, mas é uma mudança que poderá afetar segmentos por inteiro. O grande desafio é que a exponencialidade não espera por ninguém. Quem ficar atrasado, corre sério risco de sair do mercado.

Com um cenário de rápidas mudanças, os modelos de negócio também estarão mudando de forma acelerada. As barreiras, como as regulatórias, que as empresas estabelecidas utilizam como trincheiras vão cair uma a uma. Manter-se apegado a um modelo de negócios que deu certo até agora não é garantia de sobrevivência nas próximas décadas. Mas, de forma preocupante, muitos executivos não estão reconhecendo essa ameaça ou a estão subestimando. Por aqui, a maioria das empresas brasileiras não está acompanhando todo esse processo de adoção das novas tecnologias e tendências, que são fundamentais para a disrupção digital dos negócios.

Portanto, a atenção e o comprometimento dos CEOs e, claro, dos demais C-levels deve ser com a transformação digital e a provável reinvenção dos seus modelos de negócios. Os executivos da indústria da música e de filmes fotográficos químicos não deram a devida atenção. As cooperativas de táxi dormiram, literalmente no ponto, e o Uber simplesmente passou por cima.

Fazer a reinvenção do seu modelo de negócios é difícil. Uma grande corporação é um negócio muito mais complexo que uma pequena startup. Mas, é essencial pensar de forma diferente do pensamento dominante na organização de hoje. Não é “pensar fora da caixa”, pois manter a caixa como referência limita a inovação, mas esquecer a caixa e reinventar o negócio atual, que foi criado para um modelo baseado no conceito de escassez, para um baseado na abundância, seja de essa de informações, tecnologia, capacidade computacional e até mesmo, recursos físicos. Recursos físicos, sim, por exemplo, o Airbnb não se limitou ao modelo de escassez de locais para hospedagem, como as tradicionais redes de hotéis, que demandam altos investimentos, mas considerou que as pessoas poderiam se hospedar na casa de outros.

Pensar de forma disruptiva vai contra a natureza corporativa, que costuma pensar em termos de evoluções incrementais. Como a energia elétrica não surgiu pela evolução incremental das velas, a reinvenção dos modelos de negócio não pode ser baseada na evolução lenta e gradual do modelo atual.

Deve-se olhar longe, pensar grande, e para isso uma boa sugestão é a leitura do artigo “This Is How to Invent Radical Solutions to Huge Problems” da Singularity University e absorver os insights que Astro Teller, diretor da X (antiga Google X) mostra no texto e no seu vídeo, incluso, no TED.

Quais os desafios que temos pela frente? Podemos nos deparar com a necessidade de reinvenção de uma indústria. A Amazon, com sua oferta de infraestrutura como serviço (cloud computing) derrubou a tradicional indústria de vendas de computadores, tirando uma perna de poderosas empresas como IBM. O iPhone destruiu diversas indústrias, como as de câmeras de vídeo, gravadores, relógios digitais, câmeras fotográficas, aparelhos de GPS, DVDs, tocadores de música, consoles de vídeo game e enciclopédias.

Ou o desafio pode ser a necessidade de reinventar sua atual proposição de valor para seus clientes. Estamos vendo bancos digitais e novas formas de seguro de veículos, como seguro por milhagem percorrida ou por dias específicos aparecendo aqui e ali, criando rupturas nos negócios financeiros tradicionais. As FinTechs e agora a entrada das BigTechs, empresas de tecnologia como Facebook, em atividades antes exclusivas dos bancos, fizeram os bancos saírem de sua cômoda casca e correrem atrás dos prejuízos, buscando também se tornarem digitais.

Os modelos de negócios não são eternos. Reinventar modelos de negócio significa navegar por mares desconhecidos e muitas vezes arriscados. Por outro lado, ignorar as disrupções implica em sérios riscos e imensas perdas financeiras, como as empresas de telefonia sofreram com a chegada do Skype e WhatsApp. A jornada para a transformação dos negócios está apenas começando e a primeira pergunta, a mais difícil, “como começar do zero?” pode ser a pergunta que vai gerar as ideias que nunca foram consideradas antes. Que tal começar por ela?

*Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data

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