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Migração para nuvem: custo e gestão se tornam desafios de projetos

A discussão em torno da migração para nuvem está mais complexa e envolve peças como gestão de infraestrutura, custos e inovação – pontos que foram abordados durante o Na Mata, evento realizado pelo IT Forum, no Distrito Itaqui.

Leonardo Melo Lins, pesquisador do NIC.br, trouxe alguns dos dados dos estudos conduzidos por ele e alertou o público: a pandemia acabou. “Nós percebemos que os drivers de crescimento da conectividade durante a pandemia se cessaram. Tudo o que restava para conectar, já foi conectado. O nosso desafio agora é o passo além, tanto do ponto de vista do indivíduo, mas sobretudo das empresas.”

Atualmente, 84% da população brasileira conectada, somando aproximadamente 156 milhões de usuários de internet. No lado empresarial, 91% das companhias brasileiras já usam fibra ótica. Ou seja, de um aspecto mais básico da conectividade, muito já foi resolvido.

Leia também: IT Forum Na Mata: 3 formas de acelerar o pós-venda em TI

Dentro de todo esse contexto, Melo diz que a nuvem ainda tem espaço para crescer. De acordo com os dados do executivo, 53% das empresas usam e-mail em nuvem; 34% usam software de escritório em nuvem; 48% usam armazenamento de arquivos ou banco de dados em nuvem; 33% usam capacidade de processamento em nuvem; 49% usam software de finanças ou contabilidade; e 46% usam software de segurança.

“O uso de nuvem não é um aspecto de tecnologia, é para garantir direitos básicos. Ele está vinculado umbilicalmente a promover serviços públicos no país. Entretanto, apenas 23% dos estabelecimentos de saúde do país usam serviços em nuvem”, pondera ele.

Casos de migração para nuvem no Na Mata

Também estiveram presentes no evento Claudia Marquesani, CIO da Petz; e Rodrigo Nardoni, vice-presidente de tecnologia da B3, que dividiram cases de projetos na nuvem. A executiva da Petz contou que chegou há quatro anos e a infraestrutura da varejista era ultrapassada. Foi necessário levar tudo para um data center e depois fazer a migração para a cloud.

“Foi uma luta porque, além da migração da jornada na cloud, ninguém queria ir. Todo mundo tinha medo, porque ninguém sabia mexer. Você tem que fazer uma forte gestão de mudança organizacional com o time. Você tem que mostrar que é uma oportunidade de mercado”, comenta ela.

No fim, foram 12 meses de planejamento, com cinco diferentes ondas de migração, que envolveram mais de 50 profissionais. A nova infraestrutura permitiu que a varejista criasse bons casos de uso de Inteligência Artificial.

Hoje, é a tecnologia que faz o cálculo de prazos de entrega, que escolhe qual loja será responsável por cada pedido feito online, entre outros. A Petz, hoje, trabalha com um algoritmo para apoio de previsão de faturamento de lojas próprias, que possui 97% a 98% de acuracidade. Outro algoritmo, esse para previsão de demandas de produtos de acordo com a loja, tem acuracidade entre 95% e 96%, segundo Claudia.

“Agora estamos colocando IA generativa para ajudar veterinários na anamnese, por exemplo. E para indicarem remédios que têm na farmácia da Petz. Em nossa central de atendimento também estamos fazendo alguns experimentos de IA generativa”, complementa.

Diferente da jornada da Petz, a B3 está na nuvem desde 2022. Desde lá, a Bolsa de Valores já criou um Centro de Excelência em Nuvem e construiu um roadmap de migração e modernização, para entender como inovar.

“Nós tínhamos os sistemas que tinham que migrar ‘na hora’, outros que faziam sentido levar, mas precisavam de estudo e outros que não sabíamos se deveriam ir para a nuvem, como o sistema de negociação”, revela Nardoni.

Chegando em 2024, a B3 optou pelo projeto de Clearing de Câmbio na Nuvem. Em linhas gerais, o Clearing de Câmbio funciona da seguinte maneira: quando uma pessoa compra uma ação, a partir do momento que ela fecha o negócio, ela não está mais lidando diretamente com quem vende a ação. É um negócio entre comprador e B3 e vendedor e B3. Dessa forma, a Bolsa é garante que todo o negócio será feio corretamente.

Entretanto, a disponibilidade e latência da migração para a nuvem não poderia ser uma questão, uma vez que diariamente, são R$ 16 bilhões de garantias depositas, US$ 1,3 bilhões em volume médio liquidado e US$ 2,9 bilhões de volume médio de contrato. A disponibilidade, comenta Nardoni, precisa ser de 100%.

“Era preciso entender qual seria a arquitetura, pois somos altamente regulados e quando você tem um time com esse mindset, a primeira coisa pensada era ter tudo exclusivo. Essa é uma solução extremamente segura, porém extremamente cara. Fomos entendendo quais os requisitos que poderíamos abrir mão para equilibrar a balança”, explica ele.

No âmbito de contingência, o Banco Central exige um processo de homologação, com cenários de negócios em que eles analisam e aprovam os resultados. É preciso, por exemplo, ter o site A e o site de contingência. Mas, como fazer tudo isso na nuvem? De acordo com Nardoni, o regulador também precisou mudar a régua para entender esse novo momento.

“O papel do provedor é algo que venho provocando e é algo que vai mudar. No futuro, e acho que não muito distante, o grau de concentração de serviços de todo o mercado em cima dos provedores vai ser gigantesco. O meu ponto é: mude a sua forma de suportar o seu cliente. Eu deixei de ser um comprador de Windows que vou abrir um chamado, uma requisição. O provador é a missão crítica do meu negócio, tem que ter alguém do meu lado, me ajudando a resolver”, provoca Nardoni.

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