Microsoft usa IA para evitar novas áreas de desmatamento da Amazônia

Desenvolvido em parceria com o Imazon e Fundo Vale, projeto PrevisIA utiliza nuvem e dados preditivo para evitar desmate antes que ocorra

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7:30 pm - 24 de novembro de 2021
Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil Foto: Divulgação

Proteger o bioma amazônico exige não apenas a capacidade de monitorar focos já existentes de desmatamento, mas também a de prever onde eles podem vir a surgir para evitá-los. Esse é o objetivo do projeto PrevisIA, da Microsoft, vencedor do prêmio As 100+ Inovadoras no Uso de TI de 2021 na categoria Indústria Digital – TI em Telecom.

A iniciativa, desenvolvida pela Microsoft em parceria com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e com o Fundo Vale, combinou recursos da nuvem Microsoft Azure, algoritmos de inteligência artificial (IA) e imagens de satélite da European Space Agency para automatizar e tornar preditivo o monitoramento do ecossistema amazônico.

A plataforma emprega análise de uma série de dados, incluindo topografia, cobertura do solo, infraestrutura urbana, estradas legais e ilegais, e dados socioeconômicos para identificar possíveis tendências de conversão da floresta pelo desmatamento. Com isso, a solução busca antecipar potenciais novas áreas de desmate da Amazônia, seja dentro de Terras Indígenas ou em Unidades de Conservação.

Inteligência artificial como aliada do ESG

O programa PrevisIA é parte da iniciativa AI for Good, uma ação da Microsoft que disponibilizará US$ 165 milhões, durante o período de cinco anos, para fornecer financiamento, tecnologia e especialização para indivíduos e ONGs. A ideia é utilizar a inteligência artificial para ações ligadas a questões da agenda ESG da companhia, incluindo o compromisso de preservação da biodiversidade.

Para a construção desta solução, foram realizadas duas sessões de Design Thinking com mais de 40 representantes de entidades públicas, privadas e da sociedade civil atuantes na preservação da Amazônia. Na sequência, foi desenhada a arquitetura da solução em Azure, utilizando Azure Machine Learning, Databricks, SQL, Event Hubs e Stream Analytics.

Produzido pelo Imazon, o algoritmo de risco de desmatamento foi implementado na sequência e, então, a prototipação do mapa e dashboards foi feita. Por fim, foi desenvolvida a arquitetura com os modelos de IA e incluídas as variáveis dinâmicas, como informações de incêndios passados, áreas de conservação, frigoríficos e terras indígenas. Em junho de 2021, a solução começou a ser operada.

“A tecnologia só faz sentido se ela for utilizada para o bem”, opinou Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, em entrevista ao IT Forum. Na avaliação da executiva, a inteligência artificial, aliada à nuvem, é hoje a grande ferramenta capaz de dar escala aos projetos de preservação ambiental de mitigação das mudanças climáticas – transformando grandes volumes de dados em insights para ações assertivas. “Isso que é o PrevisIA: eu pego dados sociais, dados demográficos, dados de satélite, dados históricos e vou avaliando anomalias”, explicou a líder da Microsoft.

Ao avaliar os impactos positivos já gerados pelo sistema, Tânia descreve a relação entre a abertura de estradas ilegais e o surgimento de futuras áreas de desmatamento. “Uma estrada ilegal [identificada por satélite] com certeza vai acarretar em desmatamento, já que é para a passagem de grandes máquinas”, exemplificou.

Com mais de 30 anos de experiência, o Imazon já possuía estudos demonstrando que estradas não oficiais são precursoras do desmatamento. Com a plataforma de IA, no entanto, o órgão agora é capaz de automatizar a formulação de um ranking de risco de desmatamento, combinando imagens de satélite e algoritmos, e tornando os dados mais acessíveis para atuação dos órgãos de defesa.

Um projeto de longo prazo

Segundo Tânia Cosentino, o grande objetivo do PrevisIA é tornar público dados e insights gerados pelo sistema de inteligência artificial criado com o Imazon e Funda Vale. Através de um painel de controle centralizado, que pode ser acessado por qualquer um na Internet, a iniciativa entrega os dados preditivos a órgãos públicos para o planejamento e execução de ações preventivas, seja para combate ou controle do desmatamento.

O PrevisIA não tem uma “data de validade” para acabar e continuará ativo, através da parceria com o Imazon, para qualquer um que queira utilizar os dados para ações proativas de preservação. De acordo com a presidente da Microsoft Brasil, órgãos como o Ministério Público já demonstraram interesse na plataforma.

“O projeto tem que crescer e tem que trazer impacto. Se ele não trouxer impacto, ele morre sozinho. O que a gente quer é que o maior número de pessoas use, agentes públicos e privados, para fazer a ferramenta crescer e gerar um impacto positivo na floresta”, afirmou.

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