Maioria dos professores no Brasil não recebeu apoio para realizar aulas remotas

Segundo TIC Educação, 60% dos professores ouvidos receberam acesso gratuito a plataformas, porém apenas 18% tiveram planos de dados e voz custeados

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6:25 pm - 13 de julho de 2022
Imagem: Shutterstock

O ensino no Brasil no segundo ano da pandemia foi marcado por estratégias educacionais tanto remotas quanto presenciais, indicou a pesquisa TIC Educação 2021, realizada pelo Cetic.br e NIC.br. Dos professores entrevistados, de escolas públicas e particulares de Educação Básica, incluindo professores que lecionam em áreas rurais, 91% afirmaram que a escola onde atua ofereceu aulas e atividades aos alunos na modalidade híbrida.

O levantamento apontou, entretanto, disparidade significativa quanto ao apoio que professores receberam das escolas ou rede de ensino para a realização das atividades remotas. A maioria dos professores (60%) afirmou ter recebido acesso gratuito a aplicativos, plataformas e recursos educacionais. As proporções foram menores entre os professores de escolas municipais (49%) se comparadas àquelas dos que atuam em escolas estaduais (74%) e particulares (70%).

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A conectividade e mobilidade também foi questionada pelo estudo. A grande maioria dos professores ouvidos relatou que não receber apoio para custos com plano de dados e voz. Apenas 18% dos professores de escolas estaduais reportaram a oferta, pela rede de ensino, de chip de celular ou custeio do plano. Nas municipais a porcentagem foi de 7%. Já 26% dos docentes afirmaram não ter recebido nenhum tipo de apoio, percentual que foi maior entre os professores que lecionam em escolas municipais (34%) e entre escolas rurais (36%).

Na realização das atividades remotas ou híbridas, grande parte dos professores fez uso do telefone celular (93%) ou do computador portátil (84%). Três quartos (74%) afirmaram que o dispositivo era de seu uso exclusivo, enquanto 23% disseram que o compartilhavam com outras pessoas que viviam no mesmo domicílio, e 2% precisaram pedir equipamento emprestado, ou havia a necessidade de ir a outro lugar para acessá-lo. Entre os professores de áreas rurais, 12% não contavam com computadores no domicílio e faziam uso exclusivo do telefone celular nas atividades educacionais remotas ou híbridas.

O TIC Educação 2021 destacou que há bastante espaço para a digitalização do ensino, tendo em vista que o uso de materiais impressos foi a principal estratégia adotada pelos professores para a comunicação e envio de atividades para os alunos. Além do envio e da recepção de atividades, os professores também fizeram uso de estratégias para tirar dúvidas dos estudantes. Novamente destacaram-se as atividades impressas, mencionadas por 93% dos docentes, e também o uso de aplicativos de mensagem instantânea (91%) e do telefone (83%).

A defasagem na aprendizagem dos alunos figura entre os desafios enfrentados por professores de todos os estratos, inclusive das escolas particulares. A grande maioria (93%) apontou o problema durante a coleta de dados.

“No levantamento realizado em 2020 com gestores escolares, uma proporção similar desses educadores destacou o problema da falta de dispositivos e de conectividade. Embora tenham sido implementadas políticas públicas de apoio aos estudantes e professores, o que podemos observar é que no segundo ano de pandemia dificuldades semelhantes continuaram a ser identificadas, agora pelos professores”, avalia Barbosa.

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