Lideranças em tecnologia se posicionam sobre protestos nos EUA

Gigantes como Cisco, Facebook e Apple anunciaram medidas e doações para combater injustiças raciais

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6:31 pm - 02 de junho de 2020

Lideranças de grandes empresas de tecnologia responderam aos protestos antirracistas que tomaram os Estados Unidos nos últimos dias após a morte do ex-segurança negro George Floyd, morto por um policial branco em Minneapolis, no dia 25 de maio. Em sua conta dedicada à diversidade, a TwitterTogether, a rede social do CEO Jack Dorsey chamou atenção sobre o assunto:

“O racismo não adere ao distanciamento social. Em meio ao já crescente medo e incerteza em torno da pandemia, esta semana voltou a chamar a atenção para algo talvez mais difundido: o racismo de longa data e as injustiças enfrentadas diariamente pelos negros e pardos”, escreveu a companhia.

Já o Facebook tem se visto em meio a uma crise de imagem, ao ser pressionado por funcionários para se posicionar sobre os recentes posts do presidente norte-americano Donald Trump. Em uma das publicações na plataforma, Trump sugeriu atirar em manifestantes para impedir saques em meio aos protestos. Na última semana, o CEO Mark Zuckerberg falou publicamente que não caberia à rede social mediar os conteúdos publicados. Em reação, funcionários do Facebook, a maioria em home office devido ao distanciamento social provocado pela covid-19, fizeram greve virtual. De acordo com o The New York Times, os funcionários se recusaram a trabalhar e adicionaram uma mensagem automática aos seus e-mails dizendo que estavam fora do escritório em uma demonstração de protesto.

Na noite de domingo, Zuckerberg anunciou que a companhia comprometeria US$ 10 milhões em doações para grupos que trabalham por justiça racial nos Estados Unidos. “Para ajudar nessa luta, sei que o Facebook precisa fazer mais para apoiar a igualdade e a segurança da comunidade negra por meio de nossas plataformas. Por mais difícil que fosse assistir, sou grato por Darnella Frazier ter postado no Facebook seu vídeo do assassinato de George Floyd, porque todos precisávamos ver isso. Precisamos saber o nome de George Floyd. Mas está claro que o Facebook também tem mais trabalho a fazer para manter as pessoas seguras e garantir que nossos sistemas não ampliem o viés”, escreveu em post em sua conta pessoal no Facebook.

O CEO da Apple, Tim Cook, disse à sua equipe que é a hora de ouvir. “É um momento em que muitas pessoas podem querer nada mais do que retornar à normalidade ou a um status quo que só é confortável se desviarmos o olhar da injustiça. Por mais difícil que seja admitir, esse desejo é em si um sinal de privilégio. A morte de George Floyd é uma prova chocante e trágica de que devemos almejar muito mais do que um futuro “normal” e construir um que atenda aos mais altos ideais de igualdade e justiça”.

O executivo diz que a empresa fará doações para a Equal Justice Initiative e outras organizações sem fins lucrativos.

Michael Dell também verbalizou o assunto. Em sua conta no Twitter, o fundador da Dell publicou carta endereçada aos funcionários e informou que a empresa “também está escutando”. “Tem sido uma época incrivelmente difícil para a América – problemática e triste. O assassinato de George Floyd é uma atrocidade”, escreveu. O executivo segue dizendo que se reuniu com funcionários negros da equipe da Dell para ouvi-los. “Como estamos nos saindo? Nós tivemos sucesso em criar uma companhia onde todos os membros da nossa equipe se sentem seguros e valorizados? Como podemos fazer mais? Como podemos ser melhores?”, escreveu. Dell ainda afirma que o Chefe de Diversidade e Inclusão da Dell, Brian Reeves, está em conversas internas e com parceiros para avaliar investimentos adicionais para endereçar o tema. “Estou pensando sobre o meu papel. Espero que vocês estejam pensando sobre o de vocês”, afirmou.

Em post no LinkedIn, Satya Nadella, CEO da Microsoft, abordou o tema de forma breve: “Nossa identidade, nossa própria existência, está enraizada em capacitar todos no planeta. Portanto, cabe a nós usar nossas plataformas, nossos recursos, para conduzir essa mudança sistêmica, certo? Esse é o verdadeiro desafio aqui. Não é apenas um incidente, mas são todas as coisas que levaram ao incidente que precisam absolutamente mudar”.

Na noite de segunda-feira (1), o CEO da Cisco, Chuck Robbins, anunciou em vídeo no YouTube que a companhia decidiu adiar a conferência Cisco Live! que começaria nesta terça-feira (2) em respeito aos protestos. O executivo condenou o assassinato de Floyd: “horrível, enlouquecedor e verdadeiramente abominável”.

“As pessoas nos EUA e no mundo estão lidando com tanta dor, frustração e raiva”, disse Robbins. “Queremos dar espaço a você nesta semana para fazer o que você precisa fazer dentro de suas próprias organizações e comunidades”. O executivo também anunciou a doação de US$ 5 milhões para entidades de combate às injustiças raciais.

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