Liderança de TI repensada: como a pandemia cobrou uma nova gestão dos CIOs

Durante IT Forum Anywhere, CIOs da Livelo, NotreDame Intermédica e MSD discutem os desafios da liderança quando suas equipes estão descentralizadas

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8:05 am - 11 de setembro de 2020

O CIO tem sido cobrado para desempenhar seu protagonismo nas organizações desde que a transformação digital e a inovação passaram a ser medidas em seus impactos nos negócios. Mas a pandemia da covid-19 veio inaugurar um novo capítulo nessa cobrança. Afinal, a tecnologia assumiu um papel chave para manter a continuidade dos negócios em um dos períodos de maior adversidade da história. O resultado, segundo consultorias mundo afora, é que a digitalização das organizações deu um salto. O que estava previsto para ser concluído em cinco anos, foi feito – na marra – em três meses. Para discutir a liderança de TI neste cenário, o IT Forum Anywhere, segundo grande evento digital da IT Mídia, reuniu a CIO da NotreDame Intermédica, Nancy Abe; a Diretora de Tecnologia, Digital e Inovação da MSD, Poliana Brandão e o CIO da Livelo, Igor Freitas. O painel foi mediado por Antônio Mendonça, Senior Client Partner para prática de Digital e Tecnologia da Korn Ferry.

Mendonça lembra que se antes da pandemia todo CIO era questionado sobre estratégia digital, cibersegurança e estratégia de dados, hoje, essa tríade assumiu o topo das prioridades em todo o mundo. “A continuidade dos negócios depende da tecnologia”, pontuou o sócio da Korn Ferry.

Breakouts liderança interna

Para além dos desafios de colocar equipes inteiras para trabalharem de casa, assegurando a conectividade e cibersegurança da mesma em um ambiente descentralizado, os líderes de TI também se viram diante de desafios de gestão de pessoas. Mendonça questiona quais novos “músculos” os CIOs criaram para lidar com seus times neste período.

Para Nancy, foi preciso acionar a criatividade. “A empresa não parou. Os negócios, os projetos não pararam e vieram projetos que a gente até segurou um pouco para ver como seria, mas continuamos”, conta a CIO da NotreDame Intermédica. “Temos projetos que envolvem 100 pessoas, então a criatividade para engajar esse time olhando para uma tela, não é uma coisa muito fácil no dia a dia, tivemos de buscar alternativas. A parte de comunicação, tivemos de desenvolver um pouco mais”, acrescenta ao falar sobre o desafio de medir algo que no presencial pode ser percebido naturalmente, como a linguagem corporal. “No físico, você logo vê quando alguém pode estar se sentindo incomodado, quando não está bem. No virtual, você tem dez pessoas em uma sala e você acaba falando com as miniaturas de imagens. Peço para o pessoal abrir a câmera para também ver como eles estão do outro lado”, comenta a executiva.

Poliana Brandão se viu em um cenário ainda mais adverso de sua carreira: assumiu um novo cargo durante o período de quarentena. A integração com sua equipe precisou ser, portanto, virtual. Para ela, foi necessário reconhecer-se e se mostrar vulnerável para o time. “Para mim, a vulnerabilidade é uma questão importante. Você se deixa mostrar vulnerável para sua equipe para que eles entendam que você também está aprendendo em conjunto com eles e tudo bem”, conta. Outro ponto fundamental é praticar a empatia. “Tenho colaboradores que por conta dos filhos não começariam a trabalhar em certo horário e tudo bem começar um pouco mais tarde, a gente trabalha por projetos, o que fizemos foi ser flexível e também nos preocuparmos com a saúde mental, levando psicólogos para conversar com todo mundo da organização. A gente precisa criar essa empatia com o outro para ser flexível, para que eles possam se sentir bem”, reflete.

Mendonça ressalta que o conceito da liderança vulnerável se encontra muito em alta no momento. “Você está em um cenário de muita mudança e você não tem todas as respostas todo o tempo. Foge do arquétipo padrão do líder que sabe onde você está indo e consegue trazer as respostas, tem tempo de se preparar e planejar”, acrescenta.

Para Igor Freitas, CIO da Livelo, além de criatividade e vulnerabilidade, o novo cenário das organizações pede por pragmatismo nas relações e comunicações. “Você tem pessoas novas sendo contratadas dentro de um contexto virtual, projetos que precisam ser entregues e falta a relação olho no olho”, exemplifica. “O pragmatismo que eu digo, é que para lidar com isso foi importante definir rituais. O ritual com os nossos gestores para conversar com questões administrativas, questões de gestão da área, questões orçamentárias, mudança de foco, priorizações e assim por diante”, destaca. Esse cuidado com os rituais, diz Freitas, é importante não só para manter as equipes engajadas no processo, mas também para aproximar e dar fala aos colaboradores quando todos estão à distância.

“Em um ambiente virtual, as pessoas passaram a escutar mais”, diz Freitas sob a dinâmica das reuniões. Fica então a cargo dos gestores da Livelo criar um ambiente de segurança e conforto para que os colaboradores também tenham liberdade para falar sobre coisas que vão desde os projetos do dia a dia ao cotidiano da vida particular. “Pragmatismo para esses rituais não serem quebrados, não serem feridos e manter a continuidade para a comunicação se manter aberta”, aconselha o executivo.

 

 

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