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IT Forum Trancoso: pessoas e tecnologia são pilares em keynote de abertura

O segundo dia do IT Forum Trancoso 2024 começou com a forte de presença de executivos discutindo o tema “Pessoas, tecnologia e sustentabilidade: criando um futuro responsável”. O primeiro painel foi estrelado por Déborah Oliveira, diretora de conteúdo do IT Forum; Tonny Martins, gerente-geral da IBM América Latina; e Helio Bruck Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia.

O gerente-geral da IBM, começou sua participação advertindo que, para vender uma ideia, é preciso fazê-la dentro de casa. Por isso, há três anos, a empresa anunciou que zerará as emissões líquidas até 2030 e, até 2025, iriam reduzir em 65%. E o resultado foi surpreendente: no fim do ano passado, a IBM anunciou a redução de 68,5% das emissões líquidas no mundo. E o Brasil, por ser uma das mais importantes subsidiárias, tem um papel importante nisso.

“A iniciativa [de sustentabilidade] é boa para os negócios, além de trazer um legado e de engajar de forma diferente essa nova geração de colaboradores e parceiros. Traz eficiência, traz melhoria na lucratividade e traz benefícios aos empresários e executivos na atração de investimentos com um custo melhor”, comenta o executivo.

Entretanto, frisa Martins, esse não é um processo simples, por ser uma área muitas vezes isolada dos negócios nas empresas. Ou seja, é necessário fazer com que o conceito permeie todas as áreas e justifique que isso traz um benefício final financeiro.

Leia também: IT Forum Trancoso: “Brasil deve ser o novo centro do pensamento ecológico”, diz Miguel Setas, da CCR

Rotenberg conta que a Positivo Tecnologia sempre pensou no ESG, tanto na área de sustentabilidade, quanto no social e governança. Há poucos anos, a empresa criou cinco pilares: pessoas, governança, educação, economia circular e eficiência energética. E, a partir deles, lançou uma série de mudanças para continuar evoluindo.

Ele se emociona ao citar que, no auge da pandemia, quando faltaram respiradores, A Positivo Tecnologia apoiou a produção de respiratórios. “Em menos de quatro meses, com outras empresas, conseguimos entregar para o SUS 6 mil respiradores. Com isso, salvamos muitas vidas.”

Ações socioambientais, ainda assim, enfrentam alguns desafios. Martins diz que o primeiro deles é a liderança e cultura. Por mais que se fale sobre essas iniciativas, é preciso a conscientização de que são ações de médio e longo prazo. Também é preciso discutir sobre como afetará os processos operacionais.

E, em terceiro lugar, os dados. Essas informações costumam estar espalhadas pelas empresas, com parceiros, conectados com o ecossistema. É preciso reuni-las para gerar um programa que seja crível, pela empresa e pelo mercado, investindo de forma que haja retorno. “Onde a tecnologia entra? Nas três dimensões”, finaliza ele.

IA e sustentabilidade

Em seguida, subiram ao palco Rodrigo Kede, presidente Américas da Microsoft; e Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, para falar sobre o impacto da Inteligência Artificial e como usar o hype da tecnologia para criar soluções que ajudem nas causas da empresa.

“O Brasil está no momento de aproveitar a transição energética, entendendo o potencial agrícola dessa nação. Com a matriz energética, capacidade de produção agrícola e uma época de crise climática, temos que entender como a tecnologia pode nos ajudar. E o nosso papel é entender quais são os componentes dessa tecnologia que podem fazer a diferença em um ambiente social e econômico”, comenta Coelho.

Para o executivo do Google, a IA tem três pilares: negócios (aumentar a receita); aumento de produtividade e eficiência; e inovação. São esses drivers, segundo ele, que fazem com que esse hype se transforme em realidade.

Kede complementa ao dizer que o mundo passou por várias ondas de disrupção de tecnologia, como a introdução da programação no fim da década de 50, os PCs, a internet, a mobilidade, a nuvem e, agora, a Inteligência Artificial.

E é a IA que ajudará no crescimento econômico daqui para frente. Isso porque, segundo o executivo, nos próximos 20 anos, a maior parte da evolução econômica virá do ganho de produtividade.

Na área de sustentabilidade, também há desafios. Coelho cita que todos estão falando sobre pegada de carbono, mas a preocupação com o meio ambiente vai além disso. Para ele, começa com esse ganho de produtividade para que as empresas brasileiras injetem eficiência e se tornem mais competitivas. “Sustentabilidade passa por ter um trabalho muito maior e para isso IA será protagonista.”

Mas o processo não é tão simples. O executivo da Microsoft exemplifica ao dizer que, com a adoção da IA, o consumo de energia da empresa triplicou. “Vamos investir em data center, nos próximos três anos, mais do que investimos nos últimos 15. O nosso capex anual é algumas vezes o capex da Nasa, para se ter uma ideia do desafio de consumo de energia”, revela ele.

O executivo também adverte que há um greenwashing enorme no mercado. As empresas fizeram muitos compromissos, mas nem todas estão cumprindo – e a tecnologia terá um papel importante nessa organização.

Por fim, Kede aconselha os convidados: antes de usar a Inteligência Artificial, é necessário organizar a casa com a governança e a estratégia de dados. Além disso, é preciso quebrar a barreira de que IA é algo de tecnologia. A IA reinventará todos os processos de negócios, as profissões e todas as companhias.

“[A discussão sobre IA] tem que estar no conselho, no C-level, mas tem que ter uma equipe muito boa para execução. Estamos vendo uma corrida por mão-de-obra qualificada, já tem escassez, já tem aumento de salário. O Brasil precisa formar talento local, senão vamos ficar pouco competitivos”, complementa Coelho.

IT Forum Trancoso: Talk show do CEO

João Bortone, presidente e general manager para Lenovo ISG América Latina, foi o executivo convidado para participar do Talk show do CEO e deu detalhes de como a empresa olha para tecnologia e ESG.

“Estamos vivendo uma época muito legal, porque são muitos níveis de transformação. Eu comecei como programador e falávamos sobre linguagem de máquina. Hoje isso é muito distante. Nós tínhamos que falar na linguagem da máquina e, hoje, estamos vendo a máquina falando a nossa língua”, comenta ele.

Ainda assim, há certa insegurança de parte do mercado com a adoção da nova tecnologia. Para Bortone, isso é natural e acontece em todos os ciclos de salto tecnológico.

“Eu fui da época do rolo de fita, vinil, cassete, MP3, depois eu fui para o streaming. Em uma vida eu vi a indústria mudar completamente. Nós estamos nesse momento fascinante com muita coisa acontecendo”, comemora ele.

O presidente da Lenovo aproveita para contar dois casos de uso da empresa. Em um deles, a empresa norueguesa OpenBox, criou um algorito de IA para estudar o movimento dos mares e avisar aos pescadores potenciais parasitas ou qualquer outro problema que possa haver na maré.

Outro exemplo é um trator que puxa um mecanismo parecido com um irrigador, mas com centenas de laser controlados por IA. Conforme o trator passa na produção, ele detecta os tipos de insetos e dá um jato de laser e mata. “E ele consegue separar os insetos que não são nocivos, como abelhas. Isso quer dizer o que? Que o mercado de agrotóxicos vai acabar?”, indaga ele.

Mas, para que a IA realmente mude a vida das pessoas, Bortone acredita que é preciso de mais. Segundo dados da Brasscom citados por ele, a América Latina representa 6% dos investimentos em TI e telecom. “O Brasil, com tamanho continental, poderia fazer mais. Brasil vai acelerar, mas ainda está muito incipiente. A gente quer ter IA para todos, desde grandes corporações até as pessoas em casa. Mas ainda falta um pouco na América Latina”, comenta.

Escolhas sustentáveis

Para finalizar o primeiro conteúdo do dia, Malu Paiva, vice-presidente-executiva de Sustentabilidade da Vale, dividiu um pouco sobre sua carreira e decisão de trabalhar em uma empresa com o histórico de duas tragédias ambientais. Ela dividiu que no início não acreditava poder trabalhar lá, até que a Vale disse que precisaria dela pois sabia que, para evitar uma nova tragédia, era preciso transformar a cultura.

“Hoje, quando trabalhamos na mina do futuro, tecnologia é um pilar fundamental. Ela tem muito a ver com menor impacto e maior produtividade. Temos que rever muitos equipamentos, temos que automatizar muita coisa para tirar a ‘brutalidade’ do nosso setor. Eu vim para mineração e a missão não é fácil, é dura em vários sentidos. Estar aqui hoje é reafirmar até para mim mesma o quanto a tecnologia é parte disso”, constata Malu.

Denise Inaba, CIO da Vivo, a acompanha no painel dizendo que a tecnologia, além da inovação, deve ser vista pelo lado das pessoas. “É uma preocupação que está ali no dia a dia e, quando falo pessoas, é também na formação e na atracão. Como fazemos essa equipe ser cada vez mais feliz fazendo o que faz e engajada no propósito?”.

Como mensagem final, Malu pede aos convidados que, ao levar uma proposta ao cliente, não deixem de registrar qual o impacto ambiental daquele produto ou solução, assim como os impactos sociais positivos. “Eu sinto falta disso. Vocês podem gerar mais valor na fala de vocês e isso ajuda a acelerar um movimento que não é bom para a empresa, é bom para todos nós.”

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