HPE: mundo híbrido pede mais foco e parcerias estratégias

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11:55 am - 30 de novembro de 2016
HPE: mundo híbrido pede mais foco e parcerias estratégias

Num cenário de grandes mudanças, a HPE tem surpreendido o mercado com movimentos para focar ainda mais sua atuação. Menos de um ano depois de finalizado o processo de separação, quando as duas empresas passaram a viver seus anos fiscais independentes, a fabricante anunciou a venda da divisão de software para a Micro Focus e a fusão da unidade de serviços com a CSC. Se na ocasião do anúncio da HPE a presidente Meg Whitman frisou que o foco era necessário e justificava a manobra, agora, ela volta a ressaltar a questão, mas adiciona à ela a construção de mais alianças estratégicas. Na visão da empresa, nesse novo mundo híbrido é impossível fazer tudo sozinho.

“Ano passado neste mesmo Discover estávamos entrando no primeiro mês da nova companhia e nos posicionamos como uma empresa diferente e mais forte para atender aos desafios do novo mundo. Nesse ano, ampliamos nossas parcerias, focamos em nossos esforços de P&D e desenvolvemos novos produtos em todas as nossas linhas. Também tomamos a decisão de focar em nosso negócio e estratégia ainda mais”, afirmou Meg, na abertura do Discover Londres 2016. “Há alguns meses vendemos nossos ativos de software para MicrosFocus e acreditamos que eles vão gerar muito valor com esses ativos para nossos clientes e funcionários. E criamos assim um novo parceiro para nosso ecossistema. Também anunciamos nossa fusão da divisão de serviços com a CSC e isso trará um gigante de serviços aos clientes e com força global, criando mais uma vez um um novo grande parceiro”, completou.

Tais decisões pegaram muita gente de surpresa e fizeram com que o mercado especulasse sobre o futuro da empresa. Mas olhando para as questões práticas, software nunca representou a grande fatia de negócio da HPE e a unidade de serviços já não vinha crescendo, era preciso realmente fazer algo para que esses dois negócios avançassem. E como Meg frisou, a manobra traz para o ecossistema dois novos grandes parceiros, além de possibilitar a ampliação dos investimentos em pesquisas como a plataforma The Machine. 

O fato maior, no entanto, é que os todos os negócios estão em transformação. Se sua empresa ainda não foi afetada pela nova ordem, ou está sendo neste momento ou o será em breve. Assim também tem sido com a indústria e não é à toa que se tem assistido a tantas mudanças no mercado. E a mensagem da CEO da HPE pega muito nesse ponto. Como no contexto atual tecnologia exerce papel essencial, estando integrada as mais diversas áreas, se faz necessário um novo olhar para a TI; a forma consumi-la também está mudando. 

“Antes você comprava um CD e tinha o software para ser usado em sua empresa. Hoje, você baixa um aplicativo integrado a diversos banco de dados e que muda rapidamente, é uma nova forma de pensar o software e numa escala nunca vista antes, pedindo também um olhar diferente para a qualidade do software e para a experiência do seu cliente”, comentou a executiva. Meg avaliou que estamos partindo para um novo mundo onde tudo é computável. Sensores para diversos fins estarão espalhados e analisar todas os dados trará desafios imensos. Um carro autônomo, lembrou a executiva, pode produzir dois terabytes de dados por anos. “Como lidar com isso? A indústria está conectando todo o tipo de equipamento e dispositivo à rede. O Gartner fala que o número de devices conectados vai mais que triplicar. Trata-se de uma inteligência compartilhada que pode gerar soluções para muitas coisas.”

Mas para que isso aconteça, o ambiente de TI precisa, desde já, refletir o mundo e o momento que as empresas estão vivendo e enfrentando. E isso significa, na visão da HPE, criar um ambiente híbrido, algo pronto para trabalhar com uma estratégia multinuvem. A própria fabricante vem preparando seus produtos para entregarem funcionalidades que permitam aos clientes desenvolverem ambientes que integrem suas infraestruturas internas aos mais diferentes provedores de nuvem. E tal estratégia é compartilhada por outras companhias, como VMware, que criou uma console que permite a orquestração de diferentes nuvens públicas ao mesmo tempo em que gerencia o ambiente privado, ou mesmo a brasileira UOL Diveo, que, recentemente, passou a aderir ao discurso de multicloud.

Se a jornada da TI e, consequentemente dos CIOs, é complexa, também é a da indústria. Se as fabricantes necessitam diversificar seus leques de parceiras e estarem cada vez mais abertas, assim também precisam agir os clientes. E mais uma vez voltamos ao início desse texto que fala sobre o foco e a construção de parcerias estratégicas para estar bem posicionado nesse novo mundo. 

Existe uma mudança de mentalidade em curso e que muitos ainda não se deram conta. A economia do compartilhamento vai além de emprestar coisas e se aprofunda na construção de relações intensas até com competidores, naquilo que a indústria se habituou a chamar de “coopetition” (competição + cooperação). ”Ninguém pode fazer esse mundo híbrido sozinho, por isso estamos buscando os melhores parceiros para construí-lo”, resumiu Antonio Neri, vice-presidente da HPE, ao abordar os desafios de transformação atual.

*O jornalista viajou a Londres a convite da HPE

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