Habilidades digitais podem elevar em até 40% renda dos brasileiros, diz Google
Aumento tem como referência o salário mínimo. Estudo da companhia avaliou a maturidade digital da população e a sua relação na economia
A população brasileira é uma das mais conectadas do mundo. Segundo dados do IBGE, 116 milhões de pessoas estavam conectadas à internet no Brasil em 2016, o equivalente a 64,7% daqueles com mais de 10 anos de idade. E os smartphones, o meio mais frequente para navegar na internet, são redundantemente populares por aqui. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, há mais de 220 milhões de celulares inteligentes ativos no país. Pergunte quantas horas um brasileiro passa em média na Internet e pesquisas te responderão que essa dedicação supera facilmente as 9 horas por dia. Mas apesar de toda essa vocação online, a maturidade do brasileiro em relação às habilidades digitais ainda permanece baixa, segundo a pesquisa “Digital Skills Index – Índice de Habilidades Digitais”, realizada pelo Google Brasil e pela consultoria McKinsey.
A pesquisa, divulgada nessa segunda-feira (25/03), buscou entender o índice de maturidade do brasileiro em relação a cinco competências: acesso, uso, segurança, cultura digital e criação. O levantamento ouviu 2.477 pessoas de 15 a 60 anos, das classes A a D, em 28 cidades brasileiras. É a primeira vez que o Google aplica a pesquisa no Brasil e é a única com esse recorte nos mercados da companhia nas Américas. Segundo Maria Helena Marinho Fernandes, Head de Consumer e Market Insights do Google Brasil, a ideia é aplicar o estudo com regularidade para acompanhar o grau de evolução das capacidades digitais do brasileiro.
De acordo com a pesquisa, a média da maturidade digital do brasileiro levando em consideração os cinco temas citados é 3.0 (o índice vai até 5). Em um nível mais básico, o “acesso”, que consiste desde a saber ligar e desligar aparelhos conectados, navegar na internet e usar comandos de voz, o brasileiro se saiu relativamente bem, com nota em 3,5. O estudo encontrou resultado semelhante na categoria “uso” (nota 3,4), que avaliou o uso de aplicativos de mensagem, buscadores e armazenamento em nuvem. O item “segurança” sustentou a mesma média de 3,4, um balanço de que o internauta médio ouvido consegue reconhecer campanhas de phishing e possui cuidado com dados e informações pessoais, apesar de ter tido, segundo a análise do Google, dificuldade em discriminar sites seguros. Para Maria Helena, essa lacuna aqui pode refletir na tendência da população em acreditar em fake news, em avaliar fontes confiáveis daquelas que não são. Entretanto, a pesquisa não considerou um recorte específico para o consumo de notícias falsas.
Em baixa
No entanto, quando as competências dizem respeito à “cultura digital” e à “criação”, os entrevistados receberam notas baixas – 3,0 e 1,8 respectivamente. Por cultura digital, o Google entende como disposição ao aprendizado contínuo e curiosidade para a descoberta de novas soluções, incluindo aí o consumo e atualizações de software. Já as capacidades criativas incluem desde o desenvolvimento de apresentações e vídeos a saber programar em diferentes linguagens. Tais notas, porém, refletem problemas estruturais como acesso à educação.
A medida que o avanço da digitalização e automação tomam o mercado de trabalho, as chamadas “digital skills” se tornam não só diferenciais, como também uma oportunidade para geração e incremento de renda. Paula Castilho, sócia da Digital McKinsey, ressaltou a correlação positiva entre renda e o índice de competências digitais. Segundo a especialista, pessoas com maior domínio nas competências levantadas pelo estudo são mais abertas a se candidatarem a trabalhos remotos e a pensarem em estratégias mais criativas para seus negócios. “Há também o aumento da produtividade para aqueles que consegue manusear melhor a tecnologia. Estão mais abertos à inovação, mas também porque estão abertos a um leque maior de oportunidades e isso também gera maior satisfação no emprego. Há pesquisas que indicam que o aumento da produtividade também está relacionado a maior satisfação no emprego”, pontua Paula.
Oportunidades
Segundo o estudo, todas as competências combinadas podem ter um impacto de até R$ 380 na renda mensal de um trabalhador, o equivalente a quase 40% do salário mínimo. No caso das competências de Criação, tem se um alto impacto positivo na renda já a partir do nível introdutório. Vale ressaltar que o estudo não avaliou o impacto das especializações em tecnologia, em um mercado acirrado pela disputa por talentos em programação e desenvolvimento de software. Segundo o Guia Salarial 2019 da Robert Half, desenvolvedores mobile e front end possuem salários entre R$ 4 mil e R$ 13 mil.
Desde 2018, o Google vem ampliando seus esforços no Brasil em capacitação digital. No ano passado o programa “Cresça com o Google”, que leva treinamentos gratuitos das ferramentas da empresa para profissionais e estudantes, capacitou mais de 45 mil pessoas. Para 2019, a iniciativa passará por seis cidades brasileiras: Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Goiânia (GO). A sexta cidade ainda será definida. A agenda de treinamentos é atualizada neste site. A expectativa para 2019 é treinar mais de 50 mil pessoas, com programas também dedicados a mulheres e formação para professores e educadores. Neste ano, a iniciativa também incluirá treinamento para jornalistas e desenvolvedores.
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