O Instagram iniciou testes que escondem a quantidade de likes na rede social no dia 17 desse mês. Os países que fazem parte do experimento são Austrália, Brasil, Canadá, Irlanda, Itália, Japão e Nova Zelândia.
A empresa alega que quer reduzir a competitividade nas publicações, mas claramente isso teve impacto direto nos usuários. Um relatório publicado hoje (26) pelo Bloomberg conta a descoberta nada saudável de David Stier, um cientista de dados independente.
O relatório de Stier indica que os jovens, em busca das sagradas métricas, estão alterando seus perfis para comerciais. Assim eles conseguem analisar o alcance das postagens, além de dados sobre quantidade de compartilhamentos, visitas ao perfil, impressões e afins.
São muitos os detalhes, e de certa forma pode valer a pena. Mas o cenário apontado pelo cientista é preocupante. O estudo conduzido diz que adolescentes de 13 anos, por exemplo, estão expondo seus números de telefone e e-mail. Esta é uma forma de contatar um negócio que utiliza uma conta com esta classificação na rede social.
Ele diz que chegou em alguns pais e perguntou se eles sabiam que os filhos estavam fazendo isso, e que “mais de 1 bilhão de pessoas têm acesso às informações de contato.” Os pais responderam que não tinham ideia de que isso estava acontecendo.
A idade mínima para criar uma conta no Instagram é de 13 anos. Mas, claro, muita gente simplesmente ignora essa regra.
Além do perfil comercial, o Instagram fornece o perfil de criador de conteúdo. Ele também fornece métricas mais detalhadas, números de crescimento e afins.
Bom, voltando ao estudo, Stier verificou as informações de biografia e perfis desses usuários que trocaram o modelo de suas contas. Foi possível analisar que estes jovens se autoafirmam perfis “sem fins lucrativos” ou “atletas”. O problema é que parte significativa deles, sem indicar quantidade, são perfis de pessoas comuns com centenas de seguidores.
Ele, claro, relatou isso ao Facebook, que alterou a forma como estas informações são distribuídas. Por outro lado, a empresa diz que não considera esta uma vulnerabilidade de segurança, já que esta é uma escolha própria.
Em resposta ao Bloomberg, a rede social reforça que qualquer um pode converter a conta pessoal em uma de negócios. A ideia é que “qualquer pessoa possa começar um negócio, se quiser.”
Perfis de brasileiros, artistas e outros com milhões de seguidores anunciaram que a mudança foi positiva. Muito em parte porque seguidores e fãs mais novos podem se sentir menos pressionados com as “doses” de likes.
Se a ideia da rede social é, de fato, tornar o local menos competitivo e mais agregador, essa pode ser uma boa jogada. E, se há alguma necessidade interna de descobrir quantos likes a “foto de cachorro” de um perfil “x” recebeu, para comparar com a sua “foto de cachorro”, este é um indício forte de que o seu uso não está sendo saudável.
Talvez não apenas o uso, mas o entendimento de socializar, enfim, num espaço voltado para fotografias e afins. Aliás, essa necessidade de acompanhar, em tempo real, o quão bem ou não está sendo a sua publicação, implica na forma como os usuários podem compreender o espaço utilizado.
A palavra que muitos usuários de redes sociais adoram: engajamento. É ele quem divide os perfis relevantes daqueles que não são tão relevantes. E, de acordo com o Mobile Marketer, os influenciadores do Insta estão presenciando o mais baixo nível de engajamento desde o início da rede social.
Estes foram os números publicados no começo de julho:
Dados do Statista indicam que o Brasil é o segundo país que com mais contas no Instagram, sendo 70 milhões de usuários. Os Estados Unidos estão em primeiro, com 110 milhões.
E, também, não há nada de errado em buscar métricas positivas e mais seguidores numa rede social. Isto só não pode afetar a sua saúde mental, pois desta forma se transforma em um problema real. Inclusive, às vezes o céu daquele seu influenciador preferido nem é tão azul quanto ele afirma (ou posta).
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