Estudo: 30% das mulheres podem deixar empregos por excessos no home office

Modelo imposto pela pandemia traz dificuldades de evolução profissional e pode aumentar desigualdade de gêneros no trabalho, diz Kearney

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3:21 pm - 25 de fevereiro de 2021
trabalho remoto

A consultoria global Kearney divulgou nesta quarta (24) um estudo indicando que 30% das mulheres podem deixar seus empregos devido ao estresse gerado pelo trabalho remoto. As ouvidas pela pesquisa que passaram a trabalhar de casa por conta da pandemia afirmam que as barreiras profissionais se tornaram mais severas desde que deixaram o escritório no início de 2020.

Na comparação com aquelas que continuaram no escritório, as mulheres trabalhando remotamente relataram que as barreiras estão três vezes mais severas.

O estudo ouviu 1.000 mulheres entre 25 e 45 anos de idade, de vários setores e níveis hierárquicos, com carreiras consolidadas e grande potencial de crescimento. Cerca de 30% mudaram para o modelo de home-office desde o início da pandemia de COVID-19. Outras 20% já trabalhavam principalmente de casa e 50% continuaram a trabalhar no escritório ou em outro local de trabalho.

Leia mais: O encanto pelo home office acabou?

A análise indica que as mulheres que mudaram para o WFH (Work From Home) relatam dificuldades para gerenciar a carga de trabalho, acesso reduzido a líderes e às oportunidades de evolução na carreira. Também sentiram redução na sensação de bem-estar e de saúde mental.

“Infelizmente, a percepção inicial de que o home-office seria o catalisador que as empresas precisavam para adotar modelos flexíveis de trabalho não se tornou realidade”, avalia Sandra Strogren, gerente sênior de recursos humanos da Kearney Brasil, em comunicado enviado à imprensa.

Barreiras do trabalho remoto

O estudo aponta que a incapacidade de manter a motivação pessoal e a saúde mental são os principais desafios enfrentados pelas mulheres desde o início da pandemia. Segundo o levantamento, esse declínio é desencadeado por três fatores: falta de flexibilidade de horário, dificuldade em lidar com a carga de trabalho e falta de oportunidades de crescimento.

Entre aquelas que estão trabalhando remotamente, 70% relataram não ter tido nenhuma mudança nos horários de trabalhou, ou mesmo terem tido uma redução na flexibilidade dos cronogramas. Apesar de apenas 5% terem afirmado que aumentaram a carga de trabalho em mais de três horas diárias, 42% das mulheres em home-office reportam dificuldades em gerenciar o volume de trabalho.

Finalmente, as mulheres afirmam que o acesso a oportunidades de desenvolvimento e evolução profissional caíram significativamente desde que passaram a trabalhar de casa. Entre as respostas dadas pelas entrevistadas, aparecem afirmações como “o acesso a executivos-chave é muito menor atualmente”.

Dicas de retenção

Os especialistas da Kearney afirmam que é importante entender que home-office não é sinônimo de flexibilidade, especialmente para mulheres. “As empresas que reconhecerem a diferença entre as duas coisas e incorporarem políticas de trabalho de fato mais flexíveis às suas operações terão vantagem competitiva no sentido de reter os talentos femininos”, avalia Sandra.

No curto prazo, a consultoria sugere que ajustar o fluxo de trabalho e ajudar os colaboradores a estabelecerem limites. Considerar políticas de RH flexíveis, que ofereçam alívio no curto prazo, quando necessário. E estimular os líderes a se conectarem regular e individualmente com os empregados.

Já no longo prazo, as sugestões incluem tornar o trabalho verdadeiramente flexível, e não apenas remoto. Também endereçar temas de flexibilidade tanto em relação ao local de trabalho quanto ao cronograma. E, por último, mudar o foco do gerenciamento, avaliando mais os resultados da dedicação dos colaboradores do que controlando atividades diárias.

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