Empresas de turismo se reinventam para futuro pós-pandemia

Especialistas acreditam que futuro pós-pandemia será marcado por novas exigências de turistas

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3:30 pm - 22 de maio de 2020
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O setor de turismo é um dos mais afetados pela pandemia de coronavírus em todo o mundo. De acordo com previsões do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), o segmento pode perder até 100 milhões de empregos durante a pandemia. Com fronteiras fechadas e as diversas restrições impostas pelos governos para frear a doença, as empresas líderes em turismo devem se reinventar para se adequarem às demandas do novo turismo, que surgirá quando a pandemia acabar.

Ainda de acordo com o WTTC, a previsão é de que o turismo só volte a decolar em 2023. Enquanto isso, países que têm o PIB fortemente ligado sentirão mais fortemente a crise. No Brasil, pouco mais de 8% do PIB vem do turismo. Na Europa, entretanto, há países que dependem profundamente de turistas, como Geórgia (31%), Malta (27%) e Croácia (25%).

“A tendência é de que as viagens sejam retomadas no decorrer dos meses e até de anos. Além disso, as pessoas possivelmente vão preferir destinos locais e não vão se aventurar longe de casa, buscando estadas de fim de semana. Um olhar importante sobre essa retomada é conquistar novamente a confiança dos turistas, porque muitos deles expressam preocupações com as viagens aéreas. Diante dessa possível objeção a viagens, o setor da hospitalidade precisa oferecer alternativas assertivas, como por exemplo o deslocamento por estradas, que permita que as pessoas tenham maior controle sobre o meio ambiente e evitem o contato com estranhos”, explica Nilson Bernal, consultor na área de hotelaria e hospitalidade.

Brasil

Para driblar a crise, agências de viagens no Brasil estão mudando estratégias para atrair o público que pretende viajar nos próximos meses, como é o caso da Hurb, que se mostra otimista com o cenário futuro. “Sempre apostamos em ofertas e promoções para o público final. O que mudou foi apenas o contexto em volta do setor. Nós mantivemos nossa estratégia, enquanto a maioria das outras empresas parou de trabalhar e vender. Quando, em uma maratona, todos os corredores param e só um segue adiante, vão perguntar por que tem um correndo e não por que os outros pararam?”, comenta Antônio Gomes, cofundador e diretor comercial da empresa.

Antônio conta que a empresa está apostando em pacotes de viagem para 2021 e concentrando esforços em fomentar o turismo nacional, apoiando os destinos e principalmente a hotelaria nacional. “Acredito que passada a pandemia, o turismo em geral vai se reinventar. Alguns aspectos serão fundamentais daqui para frente, como a adoção de novos padrões de limpeza, por exemplo. Muitos empreendimentos já começaram a seguir os moldes de higiene dos ambientes hospitalares e, possivelmente, devido às restrições de espaço, os hotéis também precisem criar ambientes abertos, oferecendo aos hóspedes opções ao ar livre e outras experiências. Quem se adaptar melhor é quem vai sobreviver e crescer. Quem adotar uma postura de segurança e saúde serão as que ganharão a confiança do consumidor”, afirma.

Estratégias

A CVC, uma das maiores operadoras de viagens em atividade no Brasil, optou por colaborar ativamente com companhias aéreas e autoridades para repatriar clientes brasileiros em todas as partes do mundo quando a pandemia de coronavírus teve início.

A empresa também trabalha ativamente para não perder negócios durante a crise. “Um dos principais focos da companhia foi a assistência total na remarcação das viagens dos nossos passageiros. Para todos os locais que tiveram operações canceladas por parte dos fornecedores, como companhias aéreas, hotéis e receptivos de passeios, a CVC oferece a opção de reacomodação para datas futuras e outros destinos”, afirma a companhia.

Um dos grandes desafios para a CVC são suas lojas físicas, que hoje já são mais de 1.400 pelo país. Com quarentena decretada e medidas de isolamento social em todo o Brasil, as lojas permanecem fechadas. “A rede tem realizado o atendimento aos clientes de forma remota, por telefone e aplicativos de mensagens, seja para dar alternativas a quem já estava com viagem marcada, seja para quem quer consultar condições para o segundo semestre”, diz. A companhia adotou também a redução de jornada de trabalho de seus funcionários, incluindo diretoria executiva e conselho de administração.

Focando em planejamento para a retomada do mercado, a CVC acredita que o turismo voltará a acontecer com destinos domésticos, especialmente nas regiões nordeste e sul do Brasil, e é para lá que a empresa está voltando seus esforços. “O time de produtos da CVC vem fazendo tratativas comerciais com seus parceiros em viagens pelo Brasil, no sentido de eles disponibilizarem tarifas nos sistemas para o segundo semestre e o verão 2020/2021, para que possam trabalhar na formatação de pacotes para o período pós-pandemia. Acreditamos que até terem tranquilidade para viajarem novamente, os viajantes darão prioridade, em um primeiro momento, às viagens mais curtas, para locais onde elas se sintam mais seguros, próximos as suas cidades de origem.

Pós-pandemia

Por ora, o objetivo do setor é evitar a falência de pequenos negócios que dependem do turismo. Neste sentido, o Airbnb tem trabalhado para apoiar financeiramente seus anfitriões, especialmente em países em que o turismo demorará ainda mais para se reerguer. Em março, o CEO Brian Chesky anunciou a criação de um fundo global de US$ 250 milhões para ajudar os anfitriões a cobrir o custo dos cancelamentos relacionados à pandemia de coronavírus e contemplados na Política de Causas de Força Maior, que foi ampliada. Também foi criado outro fundo global destinado aos Superhosts, anfitriões mais experientes e bem avaliados da plataforma, de US$ 17 milhões.

Grande parte das companhias estão apostando que no futuro pós-pandemia, os viajantes serão mais cautelosos e terão como prioridade as medidas de distanciamento e higiene que hoje se tornaram obrigação. Neste sentido, o Airbnb anunciou o Programa Avançado de Limpeza, que visa a higienização das acomodações disponíveis na plataforma. “A iniciativa, que é global e visa apoiar anfitriões e hóspedes para o futuro das viagens, com foco na saúde e no bem-estar da comunidade, inclui o primeiro Protocolo de Higienização padronizado e abrangente no setor de compartilhamento de acomodações, desenvolvido com orientação de autoridades sanitárias e em parceria com especialistas em hospitalidade e higiene médica”, afirma a companhia, por meio de assessoria.

Entre as novas diretrizes da companhia também está a necessidade de um período mínimo de 24 horas após a última estadia antes de o hóspede entrar na acomodação para evitar eventuais riscos de contaminação. “Os anfitriões que não puderem se comprometer com o Protocolo de Higienização poderão optar por um novo recurso chamado Intervalo entre Reservas, que estabelece um período maior, de 72 horas, entre o fim de uma reserva e o início de outra”, completa.

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