Setor eletroeletrônico fatura R$ 214,2 bi em 2021, crescimento de 7%

Abinee revela dados positivos, mas alerta para potencial crise causada por falta de matéria-prima para o setor

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1:18 pm - 09 de dezembro de 2021

A indústria eletroeletrônica faturou R$ 214,2 bilhões em 2021, com crescimento real (descontada a inflação do setor) de 7% em relação ao ano de 2020 – resultado 6% maior do que o obtido em 2019, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Os níveis de emprego também aumentaram 8%, passando de 247 mil em dezembro de 2020 para 266 mil no final deste ano, o que corresponde à geração de 19 mil vagas nas associadas da Abinee.

A produção industrial de bens eletroeletrônicos apresentou alta de 3% em 2021 em relação ao ano passado. Já a utilização da capacidade instalada aumentou de 78% para 80% este ano, ultrapassando a média dos últimos nove anos.

Um dos principais entraves para o crescimento de 2021 e ponto de atenção para 2022 foi a dificuldade na aquisição de matérias-primas e componentes, principalmente os semidondutores. Ainda assim, de acordo com Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee, o setor de eletroeletrônicos não sofreu como o automobilistico, que chegou a ter paralizações este ano.

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“Nunca nenhuma fábrica chegou a paralisar sua produção, mas houve uma redução de ritmo. Um dos motivos seja, talvez, por termos um portfolio de produtos que, a não ser que o consumidor seja muito exigente no produto que ele quer e não abra mão daquele modelo específico, existe uma quantidade de produtos muito grande, o que permite  que o consumidor não tenha uma carência do item que ele deseja”, diz ele.

O executivo também afirmou que o ministro Paulo Guedes não gostaria de perder a indústriap privada de semicondutores que existe no Brasil. Uma das alternaivas nesse sentido é a prorrogação do Programa PADIS (que entrará em votação no Senado), que objetiva fomentar a implantação no país de empresas que exerçam as atividades de concepção, desenvolvimento, projeto e fabricação de dispositivos semicondutores e de displays (mostradores de informação).  “Isso é importante porque, com a crise fiscal que vivemos, é impossível concorrermos com os Estados Unidos, a União Europeia ea Ásia na produção completa do semicondutor”, complementa.

“Conforme prevíamos no final do ano passado, quando estávamos confiantes de que 2021 nos faria retomar os investimentos e os planos de expansão, tivemos um ano bom,  com desafios superados e tantos outros que ainda temos pela frente”, salienta Irineu Govêa, o  presidente do Conselho de Administração da Abinee.

Projeções para o próximo ano

Para 2022, os empresários do setor têm expectativas favoráveis. A mais recente Sondagem realizada com os associados da Abinee indicou que 65% das empresas projetam crescimento nas vendas/encomendas no próximo ano; 29%, estabilidade e apenas 6%, queda. O levantamento também identificou que 74% das empresas pretendem ampliar os investimentos no próximo ano.

O setor eletroeletrônico espera um crescimento real (descontada a inflação) de 2% no faturamento, que deve alcançar R$ 233,3 bilhões em 2022. No recorte de telecomunicações, a Abinee espera crescimento de 10% no faturamento em comparação a este ano – sendo 12% em telefones celulares e 5% em infraestrutura.

Quando perguntados sobre se a porcentagem de infraestrutura não seria maior devido ao leilão do 5G, Tiago Machado, segundo secretário da Abinee, explicou que a chegada do 5G importante para o setor e a perspectivas de investimentos são positivas. Porém, o crescimento será visto não apenas em 2022, mas nos anos seguintes. “O 5G é uma maratona e não uma corrida de 100m”, comentou.

A Abinee também projeta elevação de 2% na produção e aumento de 2% no nível de emprego, que deve passar de 266 mil para 272 mil trabalhadores. As exportações devem crescer 5% (US$ 5,9 bilhões) e as importações, 7% (US$ 42,2 bilhões).

Balança comercial

As exportações do setor cresceram 26% em 2021, passando de US$ 4,5 bilhões para US$ 5,6 bilhões, voltando aos níveis de 2019 (US$ 5,6 bilhões). Já as importações aumentaram 26%, de US$ 31,4 bilhões, em 2020, para US$ 39,4 bilhões este ano. Na comparação com 2019, o crescimento também foi expressivo, de 23%.

Com isso, o déficit da balança comercial atingiu US$ 33,8 bilhões, total 26% superior ao apresentado em 2020.

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