E-commerce e NFC crescem e revelam novo consumo pós-pandemia
Novo estudo trimestral do Itaú Unibanco usando dados do varejo revela mudanças de hábitos em 2020. Houve redução das compras com tíquete médio maior
Compras menos frequentes, porém com maior ticket médio e muitas vezes voltadas para melhorias domésticas – que se tornou o novo escritório. Essas são algumas das conclusões de um relatório produzido pelo Itaú Unibanco e publicado esta semana.
A Análise de Comportamento de Consumo é organizada pela diretoria de estratégia e engenharia de dados do banco, em parceria com a área de pagamentos, e será divulgado trimestralmente. O objetivo é responder à pergunta: como a pandemia afetou o comportamento do consumidor?
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Para os resultados foram analisados dados de compras feitas ao longo de 2020 com cartões de crédito e débito emitidos pelo banco, além das vendas transacionadas pela Rede, empresa de meios de pagamento do Itaú Unibanco. O estudo identificou como a COVID-19 e o isolamento social alteraram hábitos e padrões de compra no Brasil.
Principais achados
As vendas no varejo físico fecharam o ano estáveis com relação a 2019, enquanto o e-commerce transacionou 19,4% mais que no ano anterior. O crescimento foi mais acelerado em restaurantes, atacadistas e lojas de materiais de construção. Ao fim de 2020 os meios digitais já respondiam por 18,9% do total transacionado pelo varejo, contra 16,3% um ano antes.
O valor do gasto médio por transação no comércio cresceu 6,9% sobre 2019. O crescimento foi mais acentuado entre consumidores de maior poder aquisitivo e é explicado pelas mudanças de comportamento provocadas pela pandemia. O consumidor preferiu reduzir a frequência de compras e elevou o tíquete médio. Também optou por pagar bens adquiridos em mais parcelas.
A quantidade de pagamentos usando tecnologias de aproximação (NFC) subiu exponencialmente na pandemia, crescimento acumulado em 2020 de 326%. Antes do isolamento, os pagamentos por aproximação vinham crescendo a uma taxa média mensal de 2,3%.
Perfis de consumo
Mais da metade (50,4%) das compras online foram feitas por mulheres, com presença expressiva delas como consumidoras nos setores de vestuário, drogarias e atacadista. Os homens tiveram participação levemente menor em canais digitais, mas o gasto médio por transação é 23,9% maior. Compras em atacadistas, eletrônicos e itens e serviços de saúde puxaram o crescimento do tíquete médio deles no ambiente digital.
Consumidores da geração X (nascidos entre 1965 e 1984) foram os que mais gastaram em 2020 (maior valor transacionado entre as gerações), tanto em compras online quanto presenciais. Já a geração Y (1985-1999) foi a que mais aumentou seu tíquete médio em relação ao ano anterior.
Novas necessidades
Gastos com transporte urbano e com turismo caíram respectivamente 38,6% e 43,8%, na comparação com 2019. Em contrapartida, os consumidores investiram mais em suas casas graças ao home office: o valor gasto com móveis de escritório cresceu 39%.
Materiais de construção e reforma, além de artigos de decoração e produtos para jardinagem e floricultura tiveram aumento de 29,8%. Também se destacaram as vendas de artigos relacionados a pets e serviços veterinários, com 13,2% de aumento.
Novos hábitos e hobbies também cresceram. Com o fechamento de clubes e academias (que tiveram queda de faturamento de mais de 30% em 2020), os consumidores tiveram de buscar alternativas. As vendas de bicicletas cresceram 54,4% em faturamento, e as de equipamentos de streaming, livros, games e instrumentos musicais 40,4%.