Duas em três PMEs brasileiras ainda são imaturas digitalmente

Pesquisa da ABDI e da FGV aponta que mais da metade das micro e pequenas empresas está em estágios iniciais de transformação digital

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8:43 pm - 16 de julho de 2021
PME, pequeno negócio, mulher, notebook Foto: Shutterstock

No grande universo das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras, apenas 3% podem ser consideradas líderes digitais, ou seja, totalmente maduras do ponto de vista de transformação. É o que revela um mapa de digitalização do setor divulgado esta semana e feito pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O levantamento mediu nas empresas pesquisadas o grau de implementação de 25 boas práticas digitais e a utilização de tecnologias. Descobriu que a maioria absoluta delas (66%) estão nos níveis 1 e 2 de maturidade digital, sendo 18% no nível 1 (ou seja, ainda podem ser consideradas analógicas) e 48% chamadas de emergentes (nível 2). No parte de cima da lista estão as 30% em etapa intermediária (nível 3) e 3% no nível 4 (e último).

A média de maturidade digital das micro e pequenas empresas brasileiras é de 40,77 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100 pontos.

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Para o presidente da ABDI, Igor Calvet, o levantamento mostra que as práticas e estratégias dos pequenos negócios ainda são pouco consolidadas. “No entanto, mais do que desafios, as constatações do relatório nos apresentam oportunidades. Há um grande espaço para que essas empresas adotem tecnologias digitais e desenvolvam todo seu potencial, mas é preciso imprimir velocidade a esse processo”, diz em comunicado.

Fortes e fracos

As empresas demonstraram maior maturidade na dimensão ‘inovar mais rápido e colaborativamente’, com pontuação média de 47,72 pontos. Essa dimensão busca entender como as PMEs estão encorajando risco e inovação aberta para mudar produtos, serviços e modelos de negócios, além de testar ideias.

Nesse aspecto, 43,7% das empresas pesquisadas afirmam estar abertas a opiniões e sugestões para o desenvolvimento de produtos ou serviços. E apenas 11,6% colaboraram com outras empresas e com clientes nesse processo.

Apesar disso 68% dos empresários se mostraram abertos e disponíveis para participar de programa de aceleração da maturidade digital.

Em compensação, a dimensão “estabelecer novas bases de competição” foi aquela em que as empresas demonstraram menor maturidade, com média de 35,02 pontos. Essa dimensão avalia a capacidade das empresas em reposicionarem atuação e passarem a competir em mercados em que antes não estavam. Nesse ponto, somente 7,3% das empresas informaram que participam de canais de venda online ou marketplaces.

Representatividade e acesso

A pesquisa revelou que o acesso à banda larga já é comum a 68,7% das PMEs. Porém apenas 27,5% delas possui site com funcionalidades interativas, e 19% coletam ou armazenam dados dos clientes. 25,4% usam serviços de cloud computing.

Ainda segundo a pesquisa, quase 40% dos entrevistados acreditam que a principal dificuldade para a transformação digital é a falta de recursos financeiros para investir. A falta de estratégia e o desconhecimento de como construir um caminho apropriado são citados por outros 25% como principal dificuldade.

De acordo com Calvet, os pequenos negócios representam papel fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, e respondem 30% do PIB e mais de 50% dos postos de trabalho no país. “É fundamental que as empresas se adaptem e aproveitem ao máximo os benefícios dessas tecnologias, que contribuem para aperfeiçoar suas operações, criar novos modelos de negócios e gerar mais receitas”, diz.

Durante quase três meses, a ABDI e a FGV receberam 2.572 respostas de empresas nacionais, sendo 1.176 do setor de serviços, 804 do comércio e 537 da indústria. Todas as empresas são de micro ou pequeno porte, do setor privado.

Participaram da pesquisa empreendimentos de todas as regiões do país. A maioria dos respondentes é de empresas com mais de 5 e até 10 anos de operação.

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