Do varejo ao digital: a trajetória nada convencional do Magazine Luiza

Digital já representa quase metade do faturamento da gigante varejista, segundo sua fundadora, Luiza Helena Trajano

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7:07 pm - 21 de novembro de 2019

A história do Magazine Luiza começou em 1957, quando o casal Luiza Trajano e Pelegrino José Donato, tios de Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho da empresa, compraram “A Cristaleira”, uma loja pequena de presentes em Franca, interior de São Paulo. O nome Magazine Luiza surgiu de um concurso cultural promovido por uma rádio local e adotado pela família.

À frente do negócio, Luiza Helena iniciou o processo de expansão. Hoje, os números impressionam: são 1,1 mil lojas, R$ 19,7 bilhões de receita bruta, mais de 31 mil funcionários registrados, 17 mi de clientes ativos e um trabalho essencialmente voltado para pessoas e inovação.

A trajetória da empresa é curiosa, já que saiu de um universo analógico e venceu no digital. Poucas varejistas conseguiram fazer essa virada. No final de outubro de 2019, o Magazine Luiza reportou que o digital registrou crescimento exponencial e já representa quase metade do faturamento da empresa.

Transformamos o Magazine em uma empresa totalmente digital. Saímos da transformação digital para uma empresa digital com pontos físicos e calor humano”, resumiu Luiza Helena, que falou para CEOs durante o Fórum Brasil Digital, promovido pelo Movimento Brasil Digital.

Ela compartilhou os bastidores dessa jornada e revelou um aprendizado importante: o digital não é um software, é uma cultura. E foi com esse pensamento que o Magazine Luiza decidiu nos anos 90 ser pioneiro nessa virada. “Em 91, começamos uma mudança de cultura, eliminamos paredes, simplificamos processos e tivemos a coragem de criar a primeira loja eletrônica.”

A ideia era transformar uma empresa de varejo, essencialmente com pontos físicos, por meio de uma área digital. Segundo Luiza, é nessa toada que a companhia tem trabalhado nos últimos três anos. A estratégia resultou em três laboratórios voltados para o digital. “Somos o único player no mundo verdadeiramente multicanal. Não tem nenhum grande que começa no físico e abre digital, como nós. Abrimos 150 lojas físicas em um ano, gerando 4 mil novos empregos”, reforçou ela.

O desafio atual, contou, é fazer o Luiza Labs, o laboratório de Tecnologia e Inovação do Magazine Luiza, sair da pesquisa e experimentação para a escala. São 900 engenheiros de software e 40 times, rodando com a velocidade de uma startup, empenhados nessa missão.

Foco nas vendas, mas sem esquecer das pessoas

Em 2015, quando a crise chegou forte no Brasil, contou Luiza, os negócios do Magazine Luiza não iam bem. Foi quando surgiu a ideia de que todos deveriam ser vendedores e há 42 meses, contou a orgulhosa empreendedora, a empresa atinge todos os seus objetivos. “Quando foca, todo mundo trabalha. Empresa que não vende não vai para frente”, reforçou.

Luiza entende que são as pessoas que fazem a diferença na jornada de qualquer organização. “Não adianta ter digital, sem pessoas com a empresa no coração e na cabeça.” Por isso, a cultura digital é retroalimentada constantemente e incentivada.

Um exemplo interessante dessa cultura foi compartilhado por Luiza. Com mais de 1,1 mil? lojas em todo o Brasil, cada unidade passou a aproveitar as redes sociais para fazer promoções focadas no público local, usando vídeos e memes para engajar as pessoas. “Dessa forma, a equipe se sente integrada com o digital”, contou.

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