Dia do orgulho nerd: é preciso ser um para crescer na área da tecnologia?

Profissionais explicam por que ser um 'nerd' se tornou uma das habilidades mais exigidas no mercado de trabalho

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10:07 am - 25 de maio de 2020

Uma estante cheia de jogos de RPG, estratégia, entre outros ocupa um dos cômodos da casa de Bruno Lopes, gerente de engenharia na Wildlife Studios. A maioria das pessoas pensaria que ali naquele quarto, naquela casa, mora um nerd. E elas estariam certas. Lopes é o dono das dezenas de caixas e cartas. Na startup desenvolvedora de games, Lopes trabalha há quatro anos, desde a época da faculdade de engenharia de computação, onde estagiava. Antes de chegar ao cargo de gerente, foi desenvolvedor de jogos.

Lopes se considera “um nerd raiz”, mais reservado, introvertido e muito interessado pelo mundo da tecnologia, games, entre outros pontos da cultura pop e de ficção que compõem o “universo nerd”. Ele conta que tudo começou com Age of Empires, uma série de jogos eletrônicos do final da década de 1990, que despertou nele a curiosidade de entender como aquilo funcionava, como era possível jogar com outras pessoas pelo mundo. Assim ele descobriu uma parte do mundo tech.

 

Aos 14 anos os projetos da escola já envolviam programação e computação. “Tenho uma memória de uma aula de biologia. A gente tinha que falar sobre o corpo humano e perguntei pra professora se eu poderia fazer um jogo que era um quiz sobre o corpo. Sempre buscava essas brechas para aprender um pouco mais”, lembra.

O interesse surgido no tempo de escola o levou a trabalhar no estúdio de games avaliado em mais de US$ 1 bilhão e a atuar no projeto do Tennis Clash, que é um dos jogos fabricados e desenvolvidos na Wildlife.

Bruno Lopes interna ITF 365

Curiosidade ao extremo

Um dos pontos indicados por Luana Castro, Gerente de TI da Michael Page, empresa especializada em recrutamento e seleção, como fator essencial para trabalhar na área de tecnologia é exatamente essa vontade de entender e ir a fundo em interesses específicos.

A especialista em recrutamento destaca alguns outros pontos essenciais na carreira na área de tecnologia. “Como é um ramo que está sempre se reinventando, é preciso se capacitar, fazer cursos, ter certificados, se não fica para trás. A questão do idioma, inglês, é muito importante. Poucos profissionais no Brasil têm nível intermediário e avançado. Principalmente com a vinda de grandes empresas para cá, esse é um fator diferencial”, acrescenta Luana.

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Saber aonde quer chegar, para Luana, também é um fator relevante, e traçar um caminho até lá, se especializando em subtemas que você deseja trabalhar. “Existe muita demanda e é preciso ser muito especialista, dependendo da área dentro de TI que você quer trabalhar”, ressalta. Para ela, a tecnologia é uma das poucas áreas no Brasil que tem uma cultura diferente na questão da formação, podendo reunir tanto profissionais que não têm diploma superior na área, como aqueles que estão na terceira faculdade e ainda tentando definir a área que desejam se especializar. “Mas por essa capacidade de grande curiosidade, de ser autodidata, fazem muitos cursos, e se capacitam”, complementa.

 

Algumas possibilidades têm crescido com mudanças no mercado, geradas durante a pandemia, e Luana destacou algumas áreas:

Segurança – Com o movimento criado pela crise, migrando profissionais para o home office, as ameaças cibernéticas cresceram. “Antes eram áreas de suporte e hoje com todas mudanças devido à pandemia, está tendo muitas contratações, do nível técnico até a diretoria”.

Dados – Estão buscando cientistas e engenheiros. “Devido à mesma mudança de comportamento, estão sendo gerados mais dados. Empresas que não eram digitais estão migrando para o digital, então quem faz planejamento, construção e análise de dados tem muitas oportunidades”.

Desenvolvimento – Pessoas que trabalham com engenharia de software, sustentação, plataformas online estão sendo mais demandadas. Luana explica que a mudança no hábito do consumidor, vai solidificar o comportamento de compra virtual. “Quem desenvolve games tem mais oportunidades agora. Quem gostava joga mais, quem não gostava, tá começando a gostar”. Finaliza a especialista também ressaltando a área de aplicativos e games, mobile Android e iOS.

Como evoluir na carreira

A gerente de TI da Michael Page ainda esclarece que existe um espaço muito grande para quem quer crescer dentro de TI, também levando em conta as chamadas soft skills, que são as habilidades sociais. “Podem se aventurar, quanto mais cursos, conhecimentos, melhor. Primeiro ponto que as empresas olham é quais as capacidades do candidato, como ele agrega valor na infraestrutura, se sabe falar de negócio. Cada dia isso é mais requisitado, são vistos pela capacidade do todo”.

O CEO e cofundador da Gama Academy, escola de transformação tecnológica, Guilherme Junqueira, traz outra visão sobre a carreira. “No futuro, daqui uns 10 anos, as pessoas terão oito carreiras diferentes, serão chefs de cozinha, paraquedistas, advogados. Isso vai mudar muito rápido. São pessoas mais aceleradas, ansiosas”.

Guilherme Junqueira Gama Academy 1

Para quem tem interesse na área o CEO dá dicas: “se eu entendo que essas mudanças bruscas vão acontecer, eu preciso ter um perfil diversificado”. É preciso, segundo o empreendedor, continuar se especializando. “Buscando algo que você é bom. Entenda a característica desse algo que você é bom e também desenvolva, em áreas correlacionadas”, aconselha.

Junqueira garante que daqui pra frente será preciso ser especialista e generalista ao mesmo tempo e ser mais flexível. “Conheço profissionais que migram entre áreas, possuem uma carreira multifuncional, e isso é difícil encontrar. É onde existe mais potencial de crescimento”, finaliza.

 

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