Complexidade da TI tradicional pede modelo de nuvem híbrida

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8:35 am - 30 de agosto de 2016
Complexidade da TI tradicional pede modelo de nuvem híbrida

Não é de hoje que se discute a necessidade de reduzir a complexidade dos ambientes de TI, sobretudo em empresas grandes e que mantêm estruturas robustas, como indústrias, companhias do setor de serviços, governo e bancos. Ao longo dos últimos dez anos pelo menos, a computação em nuvem foi tratada como a saída para tal desafio, mas sempre havia o temor pela segurança e pela perda do controle de informações críticas. Mais recentemente, com o advento e consolidação do conceito de nuvem privada, que nada mais foi que garantir ao ambiente corporativo a eficiência da nuvem pública, grandes corporações passaram a considerar seu uso. Contudo, ainda faltava uma orquestração adequada dos ambientes privado e público e, indo além, o gerenciamento de diversos provedores de cloud pública, dentro do que a indústria batizou de ambiente híbrido. O convencimento aconteceu, mas, na prática, poucos utilizam o conceito de fato e os fabricantes têm trabalhado forte para fazer essa conversão.

Somou-se também ao desafio dos CIOs os modelos de contratação como serviço, pagos por meio de cartão de crédito, que garantiu às áreas de negócio uma liberdade de uso de tecnologia nunca antes vista. Assim, além de reduzir a complexidade dos ambientes tradicionais, os CIOs precisam trabalhar para balancear a liberdade pedida pelos diversos departamentos com os controles e integrações necessários aos dados e processos corporativos. Esse é um movimento sem volta, uma vez que as projeções é que os gastos dos departamentos com serviços de TI aumente nos próximos dois anos.

“Como é a TI tradicional em uma empresa? A fotografia não é animadora. Os CIOs gerenciam complexidade de estruturas que estão fadadas a falhas. Porque, no final das contas, a TI precisa tornar tudo seguro. Embora todos departamentos utilizem (IaaS e SaaS), as pesquisas mostram que a responsabilidade de segurança e funcionamento é jogada para a TI. Temos aí um embate de liberdade e controle”, pontuou Pat Gelsinger, durante a abertura do VMworld 2016, evento anual da VMware para clientes e parceiros, em Las Vegas (EUA). 

E para aproveitar o momento de mudanças e transformações pelo qual passa a maioria das organizações, a VMware utilizou o palco do evento para demonstrar suas soluções para a tal orquestração de ambientes. Dentro do VMware Cloud Foundation, plataforma que facilita às empresas a criação de nuvem privada, a fabricante incluiu a Cross Cloud Architecture, que nada mais é que uma plataforma que permitirá fazer a gestão de múltiplas nuvens públicas por meio de uma interface simples. Neste momento, estão cobertos os seguintes provedores: Microsoft Azure, Google e Amazon Web Services. Tais provedores foram definidos para este início de operação com base nos clientes atuais da VMware, mas a perspectiva é que novos sejam agregados.

“Queremos conectar a maior quantidade de provedores de nuvem e facilitar que nossos clientes construam suas próprias nuvens”, afirmou Gelsinger, citando uma pesquisa sobre as verticais que mais abraçaram a computação em nuvem nos últimos anos, dando destaque à tecnologia, em primeiro lugar, seguida por bancos, manufatura e transporte. Já o CTO da companhia, Guido Appenzeller, reforçou o produto ao ressaltar que o uso de grandes provedores de nuvem é tendência e que a companhia precisava aproveitar a oportunidade. “Já utilizamos servidores e rede de diferentes fabricantes por meio da virtualização, por que não podemos fazer o mesmo com provedores de nuvem pública?”, questionou o executivo.

Ampliação da parceria

No mesmo evento, a companhia anunciou a ampliação da aliança com a IBM para oferta de nuvem por meio da plataforma Cloud Foundation, visando a facilitar a adoção do modelo híbrido. Como frisou o CEO da VMware, a fabricante será o primeiro parceiro para esta oferta. Ambas já vinham trabalhando em conjunto desde fevereiro migrando clientes com infraestrutura baseada em arquitetura VMware para a nuvem da IBM. 

Desde então, 500 clientes rodam suas nuvens neste modelo. “Ajudamos na personalização, na construção do ambiente de nuvem. Uma migração de aplicativo que demorava meses, agora fazemos em horas. Aliamos alta qualidade, menos custo, escala global, menos tempo de implantação em um ambiente mais seguro. Não importa se você é uma startup ou uma multinacional, os benefícios são amplos”, comentou Robert Leblanc, vice-presidente de IBM Cloud.

Com a introdução da plataforma Cloud Foundation, que combina soluções de virtualização de servidores, storage e rede em uma plataforma integrada, a perspectiva de ganhos das duas empresas é bastante alta. Os executivos explicaram que, pela primeira vez, os clientes poderão provisionar automaticamente os ambientes de data center definido por software da VMware na nuvem da IBM em horas, contra semanas ou meses em formatos anteriores anteriores. Mais de 4 mil funcionários da IBM estão em treinamento nas soluções VMware para prover o suporte necessário.

Um dos grandes clientes dessa venda conjunta é a rede hoteleira Marriot. Com desafios de integrações por conta de aquisições e também devido à mudança no perfil dos clientes, Alan Rosa, vice-presidente de entrega e segurança de TI na empresa, afirmou ter utilizado Cloud Foundation para modernizar sua TI e um dos pontos altos era desenvolver uma vez para aplicar em dois ambientes. O Marriot tem trabalhado na renovação de sua plataforma digital e, por isso, apostado bastante no ambiente híbrido. Algo que outras empresas que aderiram ao modelo frisaram, como a fabricante de roupas Columbia e a Johnson & Johnson, é que além da questão tecnológica existe um grande desafio a ser combatido internamente – inclusive na própria TI – que é o cultural.

“Cultura é um ponto essencial a ser trabalhado nesses momentos de mudança e transformação. A transformação organizacional foi o segundo foco de trabalho desse projeto de ambiente híbrido. Tecnologia e aplicações vieram ao final”, comentou Josh Warsop, direto global de data center definido por software  e DevOps na Johnson & Johnson.

*O IT Forum 365 viajou a Las Vegas a convite da VMware

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