Como o empreendedorismo pode impulsionar a transformação do Brasil

Empreendedores de sucesso, de diferentes gerações, do mercado de tecnologia contam experiências

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7:30 pm - 18 de outubro de 2018

O Movimento Brasil Digital, iniciativa liderada pela IT Mídia em parceria com dezenas de grandes empresas instaladas no País, tem como um dos pilares o Empreendedorismo. O foco é conscientizar o poder público – e a sociedade como um todo – sobre a importância de fomentar a criação de novas empresas, sobretudo com base tecnológica, as chamadas startups.

Mas qual o segredo para ter sucesso com o modelo de empreendedorismo no setor de tecnologia no Brasil?

Laércio Cosentino, fundador da Totvs – um dos principais players de ERP no Brasil -, é uma das referências no País quando o tema é empreendedorismo. Para ele, o principal desafio no País é concretizar as diversas oportunidades que temos em negócios.

A dica de Cosentino, para que uma pequena empresa consiga escalar, é pensar global – algo que a Totvs tem investido nos últimos anos, com operações em outros países da América Latina e na Rússia -, além de manter o pensamento de inovação e transformação.

“É importante hoje que qualquer empresa que quer ser grande, pensar global. Não pensar regionalmente”, destacou o executivo, que citou também a estratégia de quatro anos de transformação da companhia.

“Se uma empresa de tecnologia demora quatro anos para se transformar, imagina uma tradicional.”

Gabriel Senra, CEO da startup de soluções para o mercado jurídico Linte, é um dos empreendedores de sucesso da nova geração. Ele reforçou o discurso de Cosentino sobre o pensamento global, com foco em escala.

“Vejo o surgimento de startups a todo momento, mas a escala é um desafio. Normalmente gastamos energia nos lugares errados. Para mim esse é o maior gargalo”, disse Senra, sobre o mercado de startups em geral. “Infelizmente não temos a cabeça de pensar global”, afirmou, se referindo ao mercado nacional de empreendedorismo.

O que mudou

Quando “confrontados” dois empreendedores de gerações diferentes, é inevitável a comparação: quais as diferenças de cada período – desafios e vantagens.

Cosentino comentou que, na década de 80, quando iniciou seu projeto, a infraestrutura para empreendedorismo, como financiamento, incubadores etc, era praticamente inexistente. No entanto, a concorrência de mercado era muito menor, se comparada com os dias de hoje.

“Hoje em dia há um apoio muito maior com coworking, aceleradoras, fundos etc. Mas a concorrência é muito maior. Quando olha nos dois momentos, a única coisa que temos em comum é alguém que toma risco e aproveita oportunidade. Mas o espírito empreendedor não muda. Mudou o que está ao redor”, disse o líder da Totvs.

Senra foi além: “(o que mudou) não foi só concorrência. Outro fator de mudança é o tipo de habilidade que se exige de um empreendedor, com muito mais velocidade. É preciso se adaptar às mudanças e a pressão por mudanças é muito mais forte.”

Educação

Outro pilar essencial do Movimento Brasil Digital é o de Educação, o qual os executivos concordam que é preciso dar prioridade para o salto tecnológico que o País precisa.

O Global Competitiveness Index 4.0, estudo do Fórum Econômico Mundial divulgado mundialmente nesta semana, mostra o Brasil em queda no ranking global de competitividade. Do ano passado para 2018, o País perdeu três colocações, saindo da posição 69ª para a 72ª, atrás de nações em desenvolvimento, como Rússia e Índia, além de vizinhos latino-americanos, como Chile, Colômbia e Peru. No ranking de competitividade da IMD, o cenário é ainda pior: o Brasil é o 57º colocado entre 63 naçoes avaliadas – e ainda perdeu duas posições em relação a 2017.

Silvio Genesini, presidente-executivo do Movimento Brasil Digital, lembrou sobre o recém-publicado relatório de competitividade, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, em que o Brasil ficou classificado em 69º, duas posições atrás do que no ano passado, e atrás de nações em desenvolvimento, como Rússia e Índia, além de vizinhos latino-americanos, como Chile, Colômbia e Peru.

“Mas tem uma excelente notícia, que de certa forma reforça o que o Movimento defende: que é possível fazer essa mudança e colocar digitalização no centro da estratégia do Brasil”, disse Genesini, ressaltando a Educação como pilar fundamental.

Cristina Gonçalves, diretora de inovação da Brasil LAB, comentou que, mais do que revolucionar a Educação com tecnologias, é preciso mudar também a chamada “tecnologia de pensamento”. “Se o curso é à distância ou presencial, pouco importa. O que precisamos mudar é a forma de fazer”, destacou.

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