A pandemia desencadeou disrupções sem precedentes no trabalho, escola, conexões sociais e em muitos setores – da saúde ao entretenimento. E também acelerou vertiginosamente a transformação digital em 2020, criando mudanças radicais no novo ambiente “tudo-de-casa”.
Revisitamos algumas das previsões tecnológicas da Lenovo para 2020 feitas antes da pandemia para ver como evoluíram e prever o efeito da COVID-19 nas tecnologias (re)emergentes e as maiores tendências que deverão ganhar destaque em 2021 e após.
Leia também: Os livros que ajudaram os executivos a liderarem durante a pandemia
Enquanto muitas empresas reavaliam a funcionalidade do local de trabalho e se reorganizam em diversos níveis, adotando o home-office ou o ‘Trabalho de Qualquer Lugar’, passaremos a ver os espaços de trabalho mais tradicionais transformados em hubs de colaboração periódica, enquanto os home-offices se tornam o local de trabalho do dia a dia num novo modelo de trabalho híbrido. O escritório provavelmente será transformado – de muitas mesas, salas de conferências e confortos compartilhados – num centro de negócios cooperativo para dar suporte a prioridades específicas baseadas nos projetos em andamento. Estações de trabalho configuráveis com tecnologias mais ágeis e portáteis permitirão que os funcionários se adaptem rapidamente ao ambiente, conforme as suas necessidades. Esses espaços remodelados também precisarão ser equipados com iluminação inteligente aprimorada e recursos de ventilação para os empregados.
Como resultado, os empregadores precisarão equipar toda a sua força de trabalho com as ferramentas tecnológicas certas, implementar e proporcionar o suporte de TI para maximizar a produtividade e a colaboração – tanto para o trabalho em casa como no escritório. De acordo com um estudo global feito pela Intel e a Lenovo em 2020, Empoderando Os Seus Funcionários Com A Tecnologia Certa, apenas 30% dos empregados de diversos setores consideram que os seus laptops ou desktops funcionam bem para a colaboração cruzada e metade deles declarou que seus computadores estão desatualizados ou são insuficientes para o seu trabalho. Para priorizar a colaboração inteligente, as empresas mudarão os seus gastos para aprimorar a infraestrutura de TI e as necessidades básicas dos funcionários, como PCs de trabalho, para assegurar que eles serão produtivos, independentemente do local de trabalho. A nova experiência dos empregados também levará a um aumento nas decisões de tecnologia tomadas pelos usuários finais/empregados junto com o departamento de TI, enquanto as linhas divisórias tradicionalmente segmentadas da tecnologia comercial e de consumo se tornam cada vez mais diluídas.
Embora os benefícios da colaboração dos trabalhadores humanos e recursos de máquinas como a inteligência artificial (IA) já tenham sido estabelecidos bem antes da pandemia – permitindo-nos otimizar os fluxos de trabalho, economizar tempo e estabelecer uma comunicação mais eficaz – a cultura do ‘Trabalho de Qualquer Lugar’ incentivará as empresas de tecnologia a desenvolver e aprimorar tecnologias sob medida para os novos comportamentos da força de trabalho, inclusive:
No ano passado, chamamos 2020 de ‘Ano do 5G,’ nas nossas previsões tecnológicas. Obviamente, isso aconteceu antes do surgimento de uma pandemia que atrasou o esperado lançamento global do 5G. Ao refletirmos sobre 2020 enquanto seguimos rumo a 2021, percebemos que a conectividade se tornou ainda mais importante do que antes – para a continuidade global nos negócios, escolas e vida social.
O 5G continuará a transformar a computação pessoal conforme mais PCs – unindo-se aos tablets e smartphones – permanecerem sempre ligados e sempre conectados, libertando os usuários da dependência exclusiva do Wi-fi. Isso é especialmente importante agora, quando vários membros de um mesmo domicílio usam as redes wi-fi domésticas até o limite nas horas de pico enquanto trabalham e estudam de casa. Os dispositivos compatíveis com o wi-fi 6 e wi-fi 6E se tornarão a norma para aumentar a velocidade mesmo quando uma rede wi-fi doméstica estiver conectada a diversos dispositivos ao mesmo tempo. As adoções de dispositivos preparados para o 5G estão crescendo, mas nós acreditamos que a implementação efetiva da infraestrutura e a cobertura da rede 5G levarão algum tempo para melhorar em 2021 e após.
No espaço dos consumidores, as assistentes inteligentes para a casa conectada também se tornarão cada vez mais onipresentes, com preços mais acessíveis, expandindo-se também para fora do perímetro residencial. No setor comercial, começarão a surgir soluções de Network-as-a-Service que combinam hardware e serviços de TI para suportar melhor o movimento ‘Trabalho de Qualquer Lugar’. Organizações corporativas e industriais também construirão redes 5G locais para as funções essenciais e para impulsionar a digitalização da infraestrutura crítica, aumentar a segurança e implementar opções de backup independentes do wi-fi. Conforme nos movimentamos rumo a um futuro em que tudo (todos os dispositivos) será conectado, esperamos que a IA e o machine learning ajudem os nossos dispositivos a se tornarem mais autônomos – do transporte à produção.
No ano passado, previmos que a realidade aumentada e a realidade virtual (AR/VR) ganhariam maior prevalência ao proporcionar experiências de transporte aos alunos, especialmente ao criar uma igualdade de condições para alunos que de outra forma não teriam acesso a viagens reais de imersão cultural. De lá para cá, a COVID-19 nos forçou a um experimento global de ensino à distância – catapultando alunos, professores, pais e os administradores das escolas em um território desconhecido do dia para a noite, onde as famílias e escolas precisarão de mais tecnologia educacional (EdTech) para prosperar neste novo normal.
Em 2021, a indústria de EdTech apostará nos aprendizados principais para gerar um foco renovado no aprimoramento do ensino personalizado, da instrução baseada em projetos, das novas formas de avaliação e da integração da tecnologia no método de ensino dos professores, administração da sala de aula virtual e colaboração. No futuro, a visão e a voz computadorizadas possibilitarão experiências imersivas e personalizadas que refletirão os objetivos, pontos fortes e fracos de cada aluno. Imagine uma tecnologia de interação sensorial e posicionamento espacial que permita aos professores se engajarem remotamente com os alunos em áreas afastadas ou rurais, interagindo com modelos 3D em tempo real através de dispositivos sensoriais. As empresas de tecnologia terão a tarefa de construir dispositivos e desenvolver soluções financeiramente viáveis e acessíveis para ganhar escala.
O interessante é que o ensino a distância e híbrido podem ajudar a aumentar a popularidade dos eSports na educação e a despertar nos alunos o interesse pelo STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) além de manter um nível de engajamento social enquanto estiverem estudando separados.
Os serviços baseados em pagamentos não são um novo conceito no mundo do consumo – atualmente, são vistos nos clubes de assinatura e nos serviços de streaming de entretenimento. Em 2021, o conceito de ‘everything-as-a-service’ (Tudo como Serviço) acelerará a entrada no espaço comercial e das pequenas e médias empresas, transferindo as despesas de capital para despesas operacionais à medida que as empresas tiverem acesso a mais ferramentas de tecnologia, serviços de TI e segurança por preços mais acessíveis. Conforme eu escrevi na Forbes, isso ajudará a liberar os orçamentos e o pessoal de TI para focar em outras prioridades estratégicas e garantir a continuidade dos negócios e a recuperação. Conforme a força de trabalho distribuída tornar as soluções de TI em nuvem mais atraentes e o 5G se tornar mais onipresente, podemos esperar que o modelo ‘Tudo como Serviço’ também sofra uma expansão e acelere as implantações de TI, transformando-as em soluções turnkey – encurtando os prazos de meses para dias.
A COVID-19 impulsionou uma aceleração rápida de produtos viáveis para o bem-estar, contando com a telemedicina para uma dupla função – ajudar a evitar a disseminação da infecção durante a pandemia global e preservar o acesso dos pacientes aos tratamentos de saúde para outros problemas médicos. Esperamos que os “cuidados virtuais com a saúde” se tornem ainda mais populares e que surjam novas soluções inovadoras com Inteligência Artificial e conexões mais fortes como o 5G incorporadas a essas novas experiências. A nanotecnologia também crescerá após 2021, focando principalmente na criação e impressão de células e órgãos para impressão, bem como em tratamentos customizados para pacientes com câncer.
Conforme nos ajustamos às normas sociais impostas pela COVID-19 e passamos mais tempo do que nunca em casa, os consumidores exigirão um entretenimento doméstico ainda mais imersivo. As experiências de entretenimento imersivo em casa contarão com aprimoramentos nas telas, no áudio e no maior tempo de duração das baterias que podem ser automaticamente otimizados pela IA e machine learning incorporados aos dispositivos. Os games continuarão a sua expansão em 2021 como uma forma de permanecermos entretidos e conectados socialmente, enquanto distantes. Os jogos em nuvem não chegaram a decolar este ano como era esperado, pois os jogadores continuam com uma alta demanda por hardware de ponta para os games de alto desempenho e para curtir os títulos AAA. Porém, com o surgimento de novas opções de serviços de games em nuvem em 2020, talvez finalmente estejam no caminho certo para decolar em 2021 com a melhora na conectividade dos consumidores e uma escolha mais ampla de plataformas.
Em 2020, foram apresentadas as tecnologias dobráveis para PCs e smartphones que reformataram o potencial de portabilidade e produtividade. Nos próximos anos, esses dispositivos passarão a ser mais populares à medida que mais fabricantes de telas oferecerem opções melhores por preços mais acessíveis. Além disso, como mencionei na Forbes, acredito que essa tecnologia dobrável será estendida aos monitores externos que poderão ser dobrados e desdobrados, enrolados e desenrolados para se expandirem e contraírem, acomodando o número de espectadores. Talvez algum dia essas telas sejam incorporadas aos nossos relógios inteligentes, têxteis e até brinquedos que serão esticados como um rolo. Óculos inteligentes para Realidade Aumentada de uso corporativo também virão à luz, aumentando a versatilidade na manutenção remota e treinamento, por exemplo.
Com a Geração Z de nativos digitais menos apegados à definição tradicional dos formatos dos PCs, configurações com telas duplas, formatos cada vez mais dobráveis, junto com novos tipos de teclados virtuais e ferramentas de conversão de voz em texto menos dependentes dos teclados físicos vão cativar a próxima geração de consumidores entusiastas de tecnologia.
No ano passado, previmos que o aumento do trabalho remoto exigiria das organizações um ajuste cuidadoso das suas condutas de segurança, o gerenciamento de credenciais e privilégios para permitir maior flexibilidade. A COVID-19 acelerou significativamente esse processo.
Com a rede tradicional afastando-se repentinamente do ambiente corporativo, o perímetro agora expandiu-se para todos os dispositivos conectados remotamente à nuvem ou a outros dispositivos de trabalho – onde até os dispositivos inteligentes conectados podem agregar riscos às redes corporativas quando os empregados se conectarem de casa. Ataques below-the-OS – onde os hackers mergulham fundo no stack computacional em busca de vulnerabilidades, o risco também é crescente. Mais infraestruturas remotas e em nuvem no novo normal significa também que as empresas precisarão enfrentar o problema de como manter a segurança com as integrações de serviços de segurança de parceiros. Por fim, as organizações precisarão adotar uma mentalidade mais ágil, centrada nos negócios em relação à segurança, que em vez de substituir os modelos de segurança já existentes insira a segurança dentro do contexto da estratégia organizacional.
E com as linhas divisórias cada vez mais tênues entre os dispositivos pessoais e corporativos, a percepção da necessidade de proteção à privacidade continuará a crescer entre os consumidores e funcionários que trabalham de casa.
* Gianfranco Lanci é presidente corporativo e COO da Lenovo
Que tal fazer um diário do futuro para que possamos revisitá-lo? Essa foi a proposta…
Num cenário empresarial cada vez mais competitivo e tecnologicamente avançado, a adoção de uma abordagem…
A comprovação do retorno sobre o investimento (ROI) de ações ESG é um dos principais…
Em resposta imediata a uma catástrofe natural, a Procergs, responsável pela gestão da tecnologia da…
Os resultados da pesquisa "Antes da TI, a Estratégia 2024", apresentados durante o IT Forum…
Mais da metade (69%) das empresas brasileiras dizem já ter alguma iniciativa em IA tradicional…