Como inovar se não há profissionais de TI suficientes no mercado?

Para conter crise de profissionais, é preciso fomentar não só a adoção e desenvolvimento da tecnologia, mas, principalmente, a formação de talentos

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11:01 am - 07 de maio de 2021

A falta de profissionais no mercado de tecnologia não é nenhuma novidade, seja no Brasil ou no mundo. Reter esses profissionais também é outro desafio. Além de competir com outras empresas nacionais por esses especialistas, há também a competição internacional pelos profissionais que se destacam. Geralmente, os grandes talentos são levados para o exterior para trabalhar em gigantes corporações.

Para se ter uma ideia, o Brasil forma hoje 46 mil pessoas com perfil tecnológico por ano, mas seriam necessárias 70 mil para atingir a necessidade do mercado. Logo, há um déficit de 24 mil formandos na área de Tecnologia da Informação (TI), segundo relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) de 2020.

Agora, com a transformação digital rápida que o mundo teve que enfrentar por conta da pandemia de COVID-19, faltam ainda mais profissionais. A demanda aumentou e o número de formados ou especialistas não subiu. Há, inclusive, uma sobrecarga sobre esses profissionais nos dias atuais. De acordo com a pesquisa da Forrester, publicada em 2020, a consequência desse fator é a de que em 65% das organizações, a área de TI não consegue concluir tudo aquilo que é pedido pela área de negócios, por conta da grande demanda de projetos dificulta e atrasa as entregas.

É o fim da inovação?

Definitivamente não é um fim. É certo que, cada vez mais, a concorrência por esses profissionais aumentará, mas também há o surgimento de novas tecnologias e ferramentas que tornam o trabalho mais fácil. Por exemplo, as plataformas low-code. Com elas é possível construir aplicativos, softwares, com menor tempo, com a necessidade de pouca programação e com arquiteturas pré-contruídas e personalizáveis, por meio da integração de APIs ou instalação de SDKs.

As plataformas Low-Code são, atualmente, o meio mais útil e seguro para as equipes de desenvolvimento e para aqueles que se concentram mais no lado dos negócios. A tecnologia é de fácil absorção, porque não exigem conhecimentos elevados em linguagens de programação, já que a codificação em si, passa a ser secundária durante o processo de desenvolvimento. A previsão é de que, até 2024, 80% dos produtos da tecnologia sejam feitos por profissionais que não são totalmente técnicos e que 65% deles serão feitos em plataformas low-code, de acordo com estudo da Gartner.

O low-code é a solução do problema?

A resposta é não! Por trás dessas plataformas há também desenvolvedores e profissionais de TI. E, eles não são os únicos que faltam no mercado. Faltam designers de UX, especialistas em produtos e muitos outros. Para a inovação acelerar ainda mais no Brasil, é preciso incentivo à educação, capacitação, cursos, treinamentos desde a infância. Só assim teremos mais profissionais capacitados para trabalhar com linguagens de programação, códigos, análise de dados. Por exemplo, uma pesquisa da Pluralsight em 2020 aponta que 51% dos novos profissionais de tecnologia não conhecem ou conhecem apenas uma linguagem de programação, isso mostra que mesmo com formação acadêmica ainda falta preparação para atuar no mercado.

Para conter essa crise de profissionais, é preciso fomentar a tecnologia nas escolas e universidades. Só assim teremos profissionais capacitados para desenvolver e utilizar plataformas low-code, que já simplificam a vida de muitos profissionais, não só os de TI.

*Wagner Gomes Martin é Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Veritran

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