Como CIOs se tornam protagonistas na estratégia de negócios das empresas?

Executivos debatem o papel do CIO na orquestração de negócios, durante o IT Forum@Home

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4:38 pm - 12 de junho de 2020

O papel de CIOs e CTOs em decisões estratégicas das companhias é tema recorrente no mercado, porque mostra a demanda do setor para o mercado. “O papel do CIO na orquestração de negócios” foi tema de um dos Breakouts do evento. O debate recebeu Sylvia Sanchez, CIO da Novelis; José Antonio Leal, CIO da Procergs, e Cristiano Hyppolito, CIO da Dafiti. A moderação ficou por conta de Sergio Lozinsky, fundador da Lozinsky Consultoria, e teve o patrocínio da KPMG Brasil, representada por Frank Meylan, CTO e líder de Lighthouse da companhia.

CIO como peça-chave para estratégia de negócios

O estudo “Antes da TI, a Estratégia”, realizado anualmente pela IT Mídia, mostra que o perfil dos CIOs tem mudado durante os anos. “75%  deles, representantes das mil maiores empresas do Brasil, tem menos de 20 anos como gestores de TI. Esse cenário já foi o inverso. A gente está em outro momento de experiência e vivência como CIO. A TI, cada vez mais, se dissemina pelo negócio e exige que essa orquestração aconteça”, explica Sergio.

Em 2020, 60%  dos entrevistados pela pesquisa dizem que não enxergam suas empresas como extremamente inovadoras, mas sim acompanhando e reagindo às tendências de mercado. “A intensidade com que a TI participa da orquestração de negócios faz com que a área se torne protagonista desta inovação. Mais da metade dos CIOs dizem que pretendem continuar na área no futuro, poucos pensam em mudar de posição ou sair do mercado corporativo. Isso significa que o cargo está sendo valorizado dentro das empresas.”

Embora estes executivos se mostrem satisfeitos, apenas 35% deles diz ter um assento permanente no comitê estratégico dentro das empresas. “Para que o CIO assuma o papel de orquestrador de negócios, a presença em reuniões de cunho estratégico é de suma importância”, diz Sergio. “Orquestração tem a ver com o CIO levar conflitos de prioridades e recursos para que a empresa defina o que é mais importante no ano. Mas, apesar de toda a transformação digital, qual a maior ameaça aos planos de TI ainda é resistência à mudança”, pontua.

Estratégia e habilidades

Tendo assumido o cargo de CIO há pouco mais de dois anos, Sylvia conta sobre as mudanças que percebeu em sua trajetória, uma vez que vem de uma formação mais técnica, na área de eletrônica. “Para o CIO hoje, há uma série de habilidades para além da tecnologia, como comunicação, pessoas, responsabilidade e ética. Os drivers do cargo de gestão de TI estão sempre em revisão. Hoje, é são comportamento, projetos táticos, operacionais e estratégicos, tendo como base sempre a tecnologia”, diz a executiva. “Como CIO, eu adoto  e venho solidificando alguns conceitos que alinhados com o que está presente no segmento industrial, que são os 5Rs: reciclar, recusar, repensar, reutilizar e reduzir.”

Além das diversas competências deste profissional, Sylvia aponta que outro ponto fundamental para ser orquestrador está baseado no relacionamento, fundamentado nas parcerias da área de TI. “É importante estar focado nos negócios, no ganha-ganha. É preciso incentivar um trabalho em grupo, pra gerar desempenho e confiança. Além disso, é preciso focar também a questão da empatia. A tendência de nós, nascidos na tecnologia, é se apaixonar pela solução, não pelo problema, e isso é um risco. A gente tem que se apaixonar pela dor do usuário”, afirma.

Transformando o papel da TI nas organizações

Antes da Dafiti, Cristiano tem uma vasta experiência em empresas do mundo físico. Durante sua trajetória no Cinemark, o desafio era transformar o TI em uma área estratégica. “Tecnologia é maravilhosa, importante para as empresas. Mas se a gente não tiver um papel estratégico, tecnologia não vai mudar o negócio. No final do dia, vira uma área de custo para a companhia”, garante.

Para isso, o executivo reforça a importância de um time robusto para suportar o dia a dia da operação da área. “Construímos uma área de tecnologia no Cinemark que foi paga pelos produtos e valores entregues para o negócio. Virou uma área estratégica. Aí eu ganhei uma cadeira dentro do planejamento estratégico na companhia. Ser protagonista significa ir fora da zona de conforto, entender cada vez mais o seu cliente para estar sempre um passo a frente da área de negócios”, conta Cristiano.

O CIO reforça que o midset de negócios deve estar no DNA da área, mesmo com background de tecnologia. Assim, este executivo se torna protagonista na geração de receita, atração de clientes e desenvolvimento de novos produtos. “É importante o papel do CTO e CIO na visão de futuro da companhia. O CTO tem que trabalhar ao lado do RH, junto com a mudança cultural da companhia, para ver tecnologia e estratégia coo conjunto. Não existem dois planos estratégicos, é um só, e tecnologia se constrói junto.”

TI para desburocratização

José Antonio Leal conta que suas experiências anteriores à Procergs mostraram a necessidade da TI participar de forma ativa para o crescimento de empresas. “Passei três anos no varejo, em uma empresa que estava crescendo bastante. Mais uma vez conhecer profundamente, estar bem perto do negócio tendo visão integrada e garantindo visão estratégica de negócios, foi fundamental para que essa empresa pudesse se preparar tecnologicamente para seu crescimento para ser a maior rede de farmácias do país”, conta.

Hoje José está à frente do Procergs, Portal Unificado de Serviços Digitais do Rio Grande do Sul. “Começamos uma empreitada de criar uma plataforma digital e prover soluções que facilitassem a vida do cidadão. Acabamos desenvolvendo uma plataforma que foi fundamental no período de pandemia.”

Ele acredita que hoje, a plataforma é estratégica para o governo do estado, como parte de uma secretaria que participa ativamente das decisões, com uma visão transversal das áreas de governo. “Isso deu uma agilidade grande na entrega de produtos. Precisamos ter uma visão de startup, entregando rapidamente, e errando rápido para corrigir rápido. Em especial, na pandemia, entregamos 110 projetos para atendimento durante esse período, que durarão pós-pandemia. O que faz a gente ter essas rápidas entregas é ser participante ativo, com visão integrada, para poder ajudar a construir uma implementação de plataforma, não só atendendo demandas do dia a dia”, finaliza.


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