Como atrair e reter o talento feminino no mercado de TI

Confira algumas dicas de especialista em recursos humanos para otimizar a retenção do talento feminino

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11:50 am - 08 de março de 2019

O Dia Internacional da Mulher é celebrado mundialmente no dia 8 de março. Faz séculos que as mulheres lutam por igualdade de direitos e salários em todos os setores da economia. Em TI, os números mostram que as executivas ainda são minoria: conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, apenas 20% dos profissionais que atuam neste mercado são mulheres.

Segundo dados da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) o setor de Tecnologia da Informação gera mais de 1,3 milhão de empregos no País e possui um déficit de mais de 48 mil profissionais que, se não for suprido, poderá ocasionar perdas de receita da ordem de R$ 115 bilhões até 2020.

Mesmo carente de mão de obra, este mercado ainda não atrai muitas candidatas. Trabalho em uma empresa formada por especialistas em Cloud Computing e em gestão de portfólio de software na qual a porcentagem de mulheres chega a 40%, ou seja, o dobro da média brasileira. Os números comprovam que a organização tem tido sucesso em atrair e manter colaboradoras, mas a pergunta aqui é: como? Acredito que a união de iniciativas públicas e privadas devam ser utilizadas para atrair e reter o talento feminino para o mercado de tecnologia. Educação aliada a ações do governo e de empresas privadas são a resposta.

Educação

Até a década de 80, as mulheres ocuparam as salas de aula de informática quase em pé de igualdade com os homens. Porém, o número parou no início dos anos 90, quando a taxa de mulheres começou a cair. Acho que uma das principais desvantagens são os estereótipos relacionados ao mundo das ciências exatas, “que são mais orientados para os homens, enquanto as mulheres estão mais relacionadas com carreiras das ciências sociais e humanas”. Esses estereótipos começam no ensino fundamental e continuam até quando as meninas estão para decidir para qual curso superior prestarão vestibular.

Portanto, se mudarmos a forma de abordar estes estereótipos de gênero desde o início da vida estudantil, aliados com outras inciativas eficientes e concisas para atrair e incentivar as estudantes para as ciências exatas e da computação, a participação feminina em cursos de TI aumentaria gradativamente.

Igualdade de salários

Segundo censo realizado nos Estados Unidos, apenas 25% das vagas do segmento de tecnologia são ocupadas por mulheres que ganham em média 10 mil dólares a menos que homens em cargos semelhantes. De acordo com o IBGE, as profissionais de TI do sexo feminino têm grau de instrução mais elevado do que os homens do setor no Brasil, mas, mesmo assim, ganham 34% menos do que eles. Realidade que, infelizmente, se repete pelo mundo todo.

Ações privadas, de ONGs e públicas, estão sendo realizadas em todo o mundo para resolver esta situação. Um bom exemplo disso foi o caso da Islândia que em 2018 foi o primeiro país do mundo a tornar ilegal pagar salário menor às mulheres. A medida é válida tanto para órgãos governamentais quanto para empresas do setor privado com mais de 25 funcionários, ou seja, as companhias, no país nórdico, agora são obrigadas a acabar com a desigualdade salarial. Ações como esta seriam muito bem-vindas no Brasil.

Diversidade no ambiente de trabalho

As empresas de tecnologia precisam explorar as características femininas – como atenção aos detalhes, criatividade, empatia, solução de problemas e tantas outras – como um diferencial e tirar proveito delas. Aceitar a diversidade não é apenas conseguir lidar com gêneros, raças ou orientações sexuais distintas, mas principalmente respeitar ideias, culturas e histórias de vida diferentes.

Essa diversidade só traz benefícios para as companhias, que se tornam mais competitivas e eficientes, o que se comprova pelos números: o estudo realizado pela consultoria McKinsey and Co. em 12 países sobre a diversidade mostra que as empresas com times de executivos com maior variedade de perfis são mais lucrativas. As companhias com maior diversidade de gênero da amostra têm 21% mais chances de apresentar resultados acima da média do mercado do que as empresas com menor diversidade do grupo.

 

Ações e benefícios voltados para o público feminino

Mulheres e homens são e possuem necessidades diferentes, portanto os benefícios corporativos devem ser diferenciados. Não estou advogando benefícios exclusivos – direitos como seguro saúde, vale refeição, bônus, etc., devem ser universais – porém, alguns deles, além de licença maternidade, devem ser mais focados para o sexo feminino. Aqui na empresa, recebemos um pacote com benefícios que pode ser utilizado com estética – que inclui cabeleireiro, manicure – nutricionista, academia, terapia e acupuntura que, aliás, eu faço todo o mês. As empresas têm que apostar em diferenciação e adequação destes benefícios. Isso vale também para público masculino.

Ainda estamos um pouco distantes de atingirmos uma igualdade de gênero no mercado de TI. Porém, sou otimista! O futuro é promissor e a união de esforços individuais, governamentais, de ONGS e empresas só irão acelerar este processo.

Alessandra Amado é diretora de RH da SoftwareONE*

 

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