Como a AWS e Google Cloud responderam às demandas de nuvem na pandemia?
Pressão pela digitalização modificou a necessidade da estrutura; Oscilação no dólar também fez organizações agirem
O mercado de nuvem foi um dos mais beneficiados pelas demandas provocadas pela pandemia da Covid-19. Ao mesmo tempo, as oscilações cambiais no dólar acenderam alerta nas organizações que precisavam esticar o uso de nuvem. De maneira geral, temos visto uma aceleração em projetos de transformação digital, mas será que os provedores de nuvem estavam e estão preparados?
De acordo com relatório da consultoria IDC, o segmento de Cloud deve ser um dos mais resilientes neste período de pandemia, mantendo uma taxa de crescimento de cerca de 20%. Outro estudo do Gartner estima que haverá uma redução de 8% nos gastos com TI até o final deste ano. No entanto, a consultoria analisa que os investimentos em nuvem, especialmente na nuvem pública, continuarão a crescer no mundo, podendo alcançar um crescimento de 19% em 2020.
Buscamos dois dos maiores provedores de nuvem que existem hoje, Google e Amazon Web Services, AWS, para entender como esse cenário os afetou. Eduardo Salvio, head de vendas para os segmentos de finanças e serviços do Google Cloud Brasil, explicou que a empresa se adaptou de acordo com a necessidade dos clientes.
“Precisamos ajudar negócios e organizações a se adaptarem rapidamente para situações de trabalho remoto, por meio de uma variedade de ferramentas e programas”, comenta Salvio.
Institucionalmente a empresa afirmou: “cientes de que a pandemia afetou a economia como um todo e também o câmbio do dólar que é a referência para os preços dos serviços de nuvem, nós ajustamos as taxas cambiais dos nossos produtos de Google Cloud para ajudar a reduzir os impactos negativos da crise. Esperamos que isso ajude nossos clientes a terem maior previsibilidade orçamentária neste período de incertezas”.
Cleber Morais, Country Manager Brasil da AWS, ressalta que a elasticidade da nuvem acaba ajudando em momentos como esse. “Se por um lado você tem uma diferença cambial, por outro lado você tem algumas coisas que a nuvem provê, que ela acerta muitas vezes essa instabilidade. Ou seja, elasticidade. Tive clientes que precisaram de uma demanda maior de consumo, e devido à nossa infraestrutura, foi possível ele escalar e crescer o negócio, como tive clientes que o impacto no negócio dele foi significativo e a utilização dele caiu”.
A AWS historicamente vem reduzindo preços de alguns serviços pensando na instabilidade do momento. Por exemplo, o custo de transferência de dados dentro da nuvem, já apresentou redução de 40%. Os clientes são comunicados automaticamente, quando alguma mudança desse tipo acontece.
Novo comportamento
O Google informou que cerca de 3 milhões de novos usuários passaram a se conectar ao Google Meet diariamente, a plataforma de videoconferências que integra o pacote corporativo G Suite. Já o G Suite, segundo a companhia, alcançou o número de 6 milhões de empresas e organizações pagantes no início deste ano. Com a demanda crescente por plataformas de videoconferência dada ascensão do trabalho remoto, o Google Cloud anunciou que o Google Meet passou a ser gratuito para todos.
Clientes da AWS que possuem negócios de delivery, streaming, ou empresas que precisaram criar grandes estruturas para se adaptar à digitalização exigiram da Amazon maiores esforços para responder ao aumento do consumo. Morais, da AWS, percebeu diversos projetos que precisariam da nuvem sendo acelerados. “Trabalho remoto, experiências de contingência maiores, e negócios mais ágeis, esse novo normal pode voltar a acontecer e é preciso estar preparado para isso”. Segundo ele quem era resistente, não pôde mais adiar, “mostramos o benefício da nuvem, levamos cases para estes, isso mudou radicalmente e isso ajuda na cultura. Eles precisam disso agora, e quem já estiver adaptado sairá mais forte”.
Além de solucionar as questões dos clientes, a AWS criou um fundo de mais de 20 milhões de dólares direcionado à projetos de combate à pandemia, para mapeamento, rastreamento de casos, entre outros, trabalhando em diversas frentes em relação à Covid.
Como veem o mercado
Salvio, Head de vendas do Google Cloud diz que “por conta dos impactos econômicos gerados pela crise da Covid-19, continuaremos a apoiar nossos clientes nessa jornada para que eles possam tirar o máximo da nuvem para atenuar os impactos econômicos em seus negócios, reduzindo custos, otimizando suas operações e usando dados de maneira inteligente”.
O especialista do Google afirma que, principalmente em momentos de incerteza como o que estamos vivendo, o entendimento das mudanças de comportamento do consumidor é fundamental para que as empresas possam antecipar impactos em tempo real. Além disso, os insights gerados a partir do uso inteligente de dados pode ajudar a acelerar esforços de transformação digital.
Cleber Morais acredita que o nível de segurança, o tratamento de dados, e a necessidade de se ter conceitos básicos em inovação que a nuvem proporcionou, abre oportunidades. “Esse momento acelera de maneira muito forte a entrada na digitalização. Quando essa pandemia estiver estabilizada, todos vão continuar buscando por esse movimento”.
A AWS anunciou recentemente um investimento de R$ 1 bilhão em data centers no Brasil. O Country Manager continua: “ninguém duvida que clientes vão querer mais inovação, elasticidade e redução de custo, a nuvem traz isso. O investimento no Brasil continua. Continuamos contratando durante a pandemia e continuaremos”.
O Google também tem investido nos últimos anos em infraestrutura brasileira. A intenção, diz a companhia, é suportar toda a jornada crescente de uso em rumo de uma nuvem cada vez mais ágil.
Existe uma região de cloud desde 2017, o que permite que os usuários usufruam não só do armazenamento, como também de diversos outros serviços, como o pagamento na moeda local, assistência direcionada para a região, ganhos de escalabilidade, baixa latência e alto desempenho no uso de machine learning, IA e Big Data com o Google Cloud Platform (GCP), aproximando empresas do mundo todo ao país.