Cisne verde: as próximas grandes crises serão ambientais

Estudiosos do setor financeiro acreditam que eventos climáticos como incêndios, tempestades e degelos causaram as próximas grandes crises

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9:00 am - 27 de março de 2020

Apesar de ainda vivermos as consequências do novo coronavírus (Covid-19), algumas questões sobre as peculiaridades da doença já estão sendo discutidas. Entre os aspectos em discussão, está o fato de que essa situação se destacou por ter um aspecto global, mas não relacionada ao setor financeiro. 

Essa característica se acentua porque as grandes principais crises globais que aconteceram no último século envolviam diretamente o setor financeiro (como a crise de 2008, relacionada à concessão excessiva de crédito imobiliário nos EUA). 

Apesar de iniciado por uma questão de saúde, o Covid-19 sem dúvida causará impactos financeiros e é a primeira grande questão que abrange praticamente todo o mundo, mas não nasceu do mundo econômico. 

E de onde será a próxima crise? Uma das grandes percepções do setor bancário é que ela virá da natureza. 

Esse tema surgiu com mais força no mercado financeiro a partir de janeiro, quando o Bank for International Settlements (BIS), na Suíça, publicou o estudo chamado The Green Swan (O cisne verde), que faz referência ao “Cisne Negro”, termo que foi cunhado nos últimos anos para designar grandes crises que ocorram de forma imprevisível. 

Como o nome já indica, o “Cisne Verde” esperado pelo mercado tem relação com o impacto que as mudanças climáticas causarão na economia. Esse estudo causou impacto dentro do mercado porque o BIS é encarado como “Banco dos bancos centrais” dentro do setor. Por isso, a área financeira já encara essa projeção como realidade para o futuro. 

Riscos e prevenções 

Quando se fala em desastres climáticos, temos alguns exemplos ocorridos ainda neste ano, como a onda de incêndios que atingiu a Austrália no início do ano e as fortes chuvas que existiram na região Sudeste do Brasil entre janeiro e fevereiro. 

De acordo com o estudo, existem cinco grandes riscos que podem ser “ativados” devido a grandes crises climáticas: 

  • Crédito: por seu aspecto global, obter créditos por meio de empréstimos de outros países pode não ser uma alternativa; 
  • Mercado: incidentes climáticos ocorrendo em diversos países podem desestabilizar a economia de vários países ao mesmo tempo, causando instabilidade financeira; 
  • Liquidez: essas crises simultâneas têm potencial para afetar bancos, que não conseguirão realizar ações como empréstimos e refinanciamentos; 
  • Operacional: problemas de infraestrutura gerados pelas crises climáticas como chuvas, furacões e tsunamis; 
  • Cobertura: com foco no setor de seguros, que ficariam comprometidos com o grande número de sinistros que seriam resgatados. 

Apesar de a imprevisibilidade ser uma das principais características dos “cisnes”, os analistas que se debruçaram sobre essa análise acreditam que existem iniciativas para ao menos diminuir as probabilidades de uma grande crise climática. 

A principal medida apresentada na análise fala sobre a adoção dos bancos centrais de todo o mundo de uma política que vincule questões de sustentabilidade e preservação do meio ambiente tanto na criação de fundos como para a concessão de empréstimos e investimentos. 

“Mesmo que algumas das ações necessárias não sejam da competência dos bancos centrais e supervisores, elas são de interesse direto para eles, na medida em que lhes permitam cumprir seus mandatos em uma era de incertezas relacionadas ao clima”, afirma trecho do documento divulgado pelo BIS. 

*Com informações da BBC 

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