Cisco aponta seis tendências tecnológicas para 2021

Ano traz novos desafios e oportunidades de conectividade, segurança e experiência do cliente

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9:01 pm - 19 de janeiro de 2021

Não é nenhum segredo que o ano de 2020 e a pandemia da Covid-19 trouxeram transformações profundas para governos e empresas ao redor do mundo. Por conta dos períodos de quarentena e das políticas de isolamento social, a adoção de soluções conectadas e de sistemas virtuais que permitem a produtividade remota deixou de ser uma vantagem competitiva para se tornar uma necessidade de sobrevivência.

Um dos resultados dessa turbulência foi a aceleração do processo de transformação digital de organizações de todos os setores e regiões. Tecnologias que eram vistas como “tendências” para os próximos anos, foram rapidamente adotadas e implementadas. A América Latina, é claro, não foi exceção.

Na avaliação de Max Tremp, Diretor de Engenharia da Cisco América Latina, ainda que a região esteja “atrasada” na adoção de algumas soluções, esse mesmo fenômeno foi visto em mercados do continente, e a expectativa é de uma continuidade desse processo ao longo deste ano.

“Neste 2021, e adiante, veremos um movimento acelerado de muitas destas coisas que estamos praticando para o futuro e como elas estão impactando todos os modelos de negócio, seja no setor público ou no setor privado”, avaliou.

O novo ano, é claro, promete trazer sua própria leva de desafios e oportunidades para organizações, e estes foram apresentados pela Cisco, nesta terça-feira (19), através do relatório Global Tech Trends: 2021 and Beyond. Reunindo os insights de mais de 23 mil CIOs e profissionais de TI no mundo, incluindo Brasil e outros países da América Latina, o relatório apontou seis tendências que devem ser protagonistas da TI em 2021 e além. Confira:

1. Diminuir o gap digital

Após um ano em que a conexão de pessoas, empresas e governos foi fundamental para manter negócios e serviços em funcionamento, a redução da desigualdade na oferta de conectividade se apresenta como uma das tendências para 2021.

Dados do Banco Mundial estimam que, na América Latina, ainda que mais de 70% da população urbana conte com acesso à Internet, o índice é de somente 37% em zonas rurais. Neste cenário, o 5G e o Wi-Fi 6 são tidos como tecnologias complementares que permitirão a chegada da banda larga em regiões nas quais a fibra ótica tem custos proibitivos. “Essas tecnologias são primordiais para levar a digitalização à toda América Latina”, afirmou Tremp.

Para a Cisco, ainda que o 5G já esteja presente em pilotos na América Latina, 2021 ainda será um ano para expansão da oferta do 4G, sem implementação massiva da conectividade móvel de quinta geração em países do continente.

Wi-Fi 6, por outro lado, se mostra mais promissor: para ampliar sua cobertura, só é necessária a abertura da banda de 6 Ghz; algo que Estados Unidos e Chile já fizeram e que Argentina, Brasil, Canadá, Costa Rica, Colômbia, México e Peru estão em processos de consulta. A expectativa é que as resoluções sejam tomadas nos próximos meses.

2. Mais sensores e sensores mais seguros

Usados há anos em indústrias e setores de manufatura, sensores digitais devem ver uma “proliferação” a partir deste ano, e uma aproximação ainda maior do mercado consumidor. Um exemplo disse será a adoção de mais sensores para monitoramento de saúde pública, uma “herança” de 2020.

Com o retorno gradual da circulação de pessoas em espaços públicos e a retomada do trabalho presencial, sensores serão importantes para a manutenção ambientes seguros, podendo assegurar que a capacidade das áreas comuns não esteja saturada ou subutilizada e, ao mesmo tempo monitorar temperatura, umidade, qualidade de ar, luz e mandar recomendações proativas.

3. Aplicações habilitadas com agilidade e resiliência

A rápida adoção de soluções de nuvem promovida pela pandemia ao longo de 2020 traz ao menos dois aspectos negativos: o um aumento no tráfego web sem criptografia e a desagregação de aplicações empresariais altamente distribuídas e difíceis de se conectar.

Segundo a Cisco, 2021 será o ano em que a complexidade e os riscos de segurança criados por esses ambientes deverão ser solucionados – e isso já é uma demanda de CIOs ao redor do mundo. De acordo com o relatório Global Networking Trends, da Cisco, 75% dos CIOs querem uma melhor análise de seus negócios. Na América Latina, o número é 82% nos 6 maiores países da região.

Para isso, a adoção de soluções de inteligência artificial deve sair em vantagem, tanto para o monitoramento quanto para a correlação de dados e métricas, a fim de manter aplicativos ágeis.

4. Experiência do cliente e entusiasmo pela marca

De acordo com Tremp, o tema da omnicanalidade surgiu como um dos pilares da transformação digital ao longo do ano, e se mostrou uma discussão frequente entre empresários que buscavam melhores práticas para suas companhias.

Em um mundo em que o acesso a aplicações móveis é rápido e ubíquo, estratégias que ofereçam um atentdimento ágil e uma melhor experiência ao cliente através de múltiplos canais são essenciais para não se perder espaço para concorrência.

Neste cenário, a capacidade de converter montanhas de informações de tempo real em informações acionáveis é um requerimento para se desenvolver um relacionamento mais profundo, ativo e estimulante com o cliente.

A expectativa é que o uso de centros de contato nascidos com o omnichannel e tecnologias digitais nativas, incluindo machine learning e analíticos, faça uma grande diferença versus as que simplesmente agregaram a parte digital ao tradicional centro de contatos de voz.

5. Identidade e um futuro sem passwords

Apesar dos benefícios de escala, o ambiente de trabalho mais móvel e distribuído que 2020 possibilitou o advento de ameaças de segurança inéditas para empresas.

Utilizar dispositivos corporativos em uma rede doméstica, compartilhada com sua família, por exemplo, trouxe uma série de novos desafios que fogem ao controle de departamentos de TI. “Já não há um castelo para se defender, ou um firewall que é um fosso e ponte levadiça para inimigos externos”, disse Tremp.

Assim, 2021 promete ser um ano marcado pela política de zero trust, em que empresas não podem confiar em nada e em ninguém. Segundo o estudo Cisco Security Outcomes de 2021, 39% dos entrevistados disseram estar “a bordo” do zero trust, enquanto outros 38% disseram “estar trabalhando nessa direção”.

A biometria desempenha um papel importante neste contexto, como alternativa mais segura às senhas tradicionais. É importante, no entanto, que a mudança seja feita de forma segura.

Segundo a Cisco, é essencial que a migração biométrica resguarde não somente a segurança, como a privacidade dos dados biométricos; além de que informações biométricas sejam mantidas nos dispositivos pertinentes, sem transmitir informação sensível pela rede.

6. Consumo de tecnologias realmente necessárias

Por fim, o ano de 2021 deve trazer um reforço na ideia de que empresas só devem consumir tecnologias que realmente necessitam. Fica de lado o modelo em que um set completo de funcionalidades de software é comprado, mas só parte dele é usado.

Especialmente no fronte do software como serviço, a expectativa é que mais e mais organizações paguem somente pelas capacidades e funcionalidades que necessitam atualmente, com possibilidade de facilmente escalar a pacotes mais completos conforme a demanda surja.

Segundo a Cisco 2021 CIO and IT Decision Makers Trends Pulse, 95% dos CIOs brasileiros concordam que o modelo “pay-as-you-consume”, que permite prever os custos com mais facilidade e administrar melhor o gasto com tecnologias de informação, é importante para suas empresas.

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