CIOs avaliam positivamente mudanças na HP

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11:14 am - 08 de outubro de 2014
CIOs avaliam positivamente mudanças na HP

O anúncio de que a HP irá separar-se em duas unidades (uma voltada ao segmento corporativo e outra focada em PCs e mercado de impressão) poderia ter causado um alvoroço no mercado. Mas diferente de quando o antigo CEO da companhia Leo Apotheker falou, em 2011, em se desfazer da unidade de computadores, deixando investidores em polvorosa e o mercado sem entender nada, desta vez, a liderança de Meg Whitman tem feito toda a diferença. A executiva tem conseguido entregar resultados interessantes e quando veio a público que a companhia deve se tornar duas, uma estratégia bem elaborada já estava desenhada.

Resultado? As reações, pelo menos até o momento, têm sido positivas. Obviamente, há um certo ceticismo e muitos esperam mais detalhes, especialmente, o mercado financeiro. É preciso entender como a HP Inc e a Hewellet Packard Enterprise (nome das respectivas divisões) farão para alavancar o crescimento e, provavelmente, isso incluirá novas aquisições. Mas basta observar o comportamento das ações da companhia na NYSE para entender que o cenário é positivo. As ações tiveram valorização logo após a divulgação da divisão em duas unidades e agora estão estáveis num patamar de US$ 35, bem acima do cenário de 2011. Do lado dos CIOs não tem sido diferente.

O IT Forum 365 conversou com alguns executivos de TI no Brasil e todos os que retornaram receberam a notícia de maneira positiva. Na verdade, a maioria meio que já esperava por isso em algum momento, comparando tal decisão a movimentos similares feitos pela IBM, que vendeu sua área de PCs para a Lenovo, em 2004, ou mesmo a estratégias de fechamento de capital como a da Dell. Como lembrou Diego Lima, gerente de TI da Jaraguá Equipamentos, toda mudança tem de ser encarada de maneira positiva e como tem sido noticiado trata-se de algo essencial dentro do plano de recuperação da empresa. “Portanto, acredito que seja positivo, apesar de que, para mim, o fato de eles atuarem também em consumer nunca atrapalhou as conversas, propostas, compras, pois os executivos de atendimento eram apenas do corporativo”, comenta, lembrando que, se estivesse com negociação em andamento, isso não afetaria a decisão. A opinião de Lima é compartilhada pelo CIO da Serasa Experian, Lisias Lauretti, para quem os efeitos serão sentidos mais no médio prazo.

Quem fez uma avaliação um pouco mais completa desse cenário foi o CIO da Cotia Trading, Fabio Salvatore. O executivo lembrou que a Dell fez algo parecido, mas para um fortalecimento da área de serviços na qual a fabricante deixava a desejar. “Na maioria dos projetos os serviços eram executados por parceiros. Quando hardware virou ‘commodity’ a Dell fortaleceu o time de serviços e adquiriu algumas empresas para aumentar seu portfólio. Atualmente, a Dell tem se saído bem compondo uma oferta de hardware + serviços.”

Olhando especificamente para a situação da HP, Salvatore compara muito com a manobra feita pela IBM ao se desfazer da unidade de PCs há dez anos e mais recentemente ao vender a unidade de servidores x86 para a Lenovo. Para ele, no curto prazo nada deve mudar, mas num futuro próximo, é possível que se assista a uma transformação na HP. “Ela deve seguir o mesmo caminho da IBM, ser uma empresa focada em soluções e serviços. Desta forma, é possível priorizar o relacionamento com os clientes e entender melhor suas necessidades. Acredito que a Dell deverá em breve repensar seu modelo no que diz respeito a servidores, storages e rede, principalmente com a grande oferta de soluções em cloud. E ainda consegue se manter algum tempo na linha de desktops.”

É interessante notar que os executivos entendem que trata-se de um esforço da companhia em se reestruturar para o novo momento do mercado de tecnologia, no qual, com foco muito grande em hardware, a competição com as asiáticas, em especial as chinesas, fica cada dia mais difícil. Na China, por exemplo, as fabricantes locais têm um mercado local imenso para explorar e ainda contam com mão de obra barata e incentivos do governo para tornarem-se players globais.

“É realmente importante quando uma empresa realiza um esforço para ter um foco maior seja em qualquer área, para nós de TI esse movimento ajuda bastante, pois melhora a gestão, seja na vida útil dos equipamentos pela robustez, estabilidade em termos de lançamentos, sistemas e processos para a gestão, etc. Em resumo, pensando por esse lado facilita muito no dia a dia da TI”, entende Eduardo Kondo, CIO do Aché Laboratórios Farmacêuticos.

Embora animado com o foco corporativo, Kondo acredita que seja necessário esperar um pouco mais para ver como a estratégia da HP irá se comportar no mercado para entender se a manobra foi acertada ou não, o executivo deixa no ar uma questão sobre uma possível sinergia entre as duas divisões. “A vantagem que vejo é que no mercado de consumo adaptado ao corporativo é a velocidade no lançamento de novas tecnologias, serviços e produtos, então, como será a sinergia entre as divisões de consumo e corporativo da HP para termos o melhor das novidades do consumo e as vantagens e estabilidade que o corporativo exige?”

Tal questionamento faz sentido, mas isso deverá ser detalhado pela companhia quando tudo estiver funcionando dentro do novo modelo. Mas é preciso lembrar, no entanto, que o mercado assiste a tudo muito de perto e não descarta, num futuro, até a venda da divisão de PCs e impressoras ou mesmo uma associação com outra corporação, como levantado pela revista The Economist em recente reportagem.

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