CESAR completa 25 anos e busca retomar protagonismo na inovação brasileira

Centro de inovação quer expandir iniciativas de educação, soluções para indústria e mira em expansão internacional

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5:46 pm - 14 de maio de 2021
Fred Arruda CEO do CESAR Fred Arruda, CEO do CESAR (Divulgação)

Muito mudou no ecossistema brasileiro de inovação desde a fundação do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, o CESAR, que completa 25 anos nesta sexta-feira (14). Criado por Silvio Meira, Fábio Silva e Ismar Kaufman, o centro nasceu do desejo dos professores de aproximar a academia e o mercado, promovendo iniciativas conjuntas para o desenvolvimento de novos produtos e serviços de matriz tecnológica.

Organizado na capital pernambucana e, a partir dos anos 2000, atuando junto ao parque tecnológico do Porto Digital, o CESAR prosperou nos anos seguintes. Combinando conhecimento de universidades ao desenvolvimento de soluções de negócio, a organização investiu em talentos locais, incubou startups como Mobile, Wiser, Informa e DoIt, se consolidou como um dos principais centros de inovação do País.

Mais de duas décadas depois, essa relevância se traduz em números: neste ano, a expectativa do CESAR é de uma receita de R$ 220 milhões, um crescimento de cerca de 16% em relação aos R$ 186 milhões de 2019. Até 2023, o hub espera chegar aos R$ 300 milhões de faturamento.

Mas apesar de continuar sendo um dos grandes pólos nacionais de inovação, propostas como a do CESAR se multiplicaram pelo Brasil desde sua fundação. Hoje, iniciativas como a formação do PoloTech Vale/Foz do Itajaí, do Polo Digital de Manaus ou o hub formado ao redor da PUC-RS espalham a promoção da tecnologia por todas regiões do País, e alimentam um ecossistema muito mais vibrante do que aquele do final dos anos noventa.

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“Que bom que hoje não existe só o CESAR, mas vários outros institutos que cumprem essa missão também”, afirma Fred Arruda, veterano do centro de inovação que assumiu o cargo de CEO da organização em 2019. “Você não muda um país desse tamanho sozinho, você muda com ecossistemas”.

Mas um ecossistema mais vibrante também significa um ecossistema mais competitivo – e isso, segundo Arruda, tem se mostrado um desafio para a liderança da organização. Após um quarto de século na ativa, resgatar o protagonismo que sempre teve no cenário de inovação brasileiro e continuar relevante é a principal meta do hub recifense. “Achar novas oportunidades, novos modelos de negócio que a gente possa introduzir no mercado. Esse é um desafio permanente na vida do CESAR”, pontua o CEO.

Educação é o caminho

Um dos caminhos para alcançar esse objetivo está na educação, Desde 2018, o CESAR de tornou uma instituição de ensino superior, e hoje já oferece também cursos pós-graduação, extensão e mestrado. No ano passado, o primeiro doutorado profissional em engenharia de software do Brasil foi lançado pela instituição.

Esses esforços se concentram no braço CESAR School, escola de inovação do centro. Neste mês, a organização lançou uma nova edição da iniciativa NEXT, ou “Nova Experiência de Trabalho”, um programa formulado para ajudar profissionais em transição de carreira e conectá-los a vagas de tecnologia de empresas.

O objetivo é qualificar – ou requalificar  – profissionais para migrá-los para a área de tecnologia, ajudando a resolver um problema crônico do Brasil: as milhares de vagas no setor que seguem abertas por falta de mão de obra qualificada. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação apontam que o déficit de profissionais de tecnologia no Brasil pode chegar a 260 mil até 2024.

Mas a ambição do centro com a CESAR School vai além. Segundo o CEO da organização, o objetivo é torná-la escola de referência do país, focada na formação de líderes e empreendedores a partir do Nordeste do Brasil. “O Nordeste não tem uma escola de referência como a gente tem o Insper, a Fundação Getúlio Vargas ou a Fundação Dom Cabral, que atuam mais para o lado do Sudeste. A gente quer consolidar a CESAR School como sendo essa marca”, afirma o CEO.

Inovação no Brasil e além

Além de formar profissionais “para fora”, as iniciativas de educação do CESAR também são uma necessidade. Como explica Arruda, a retenção de talentos sempre foi uma dificuldade para o centro, que “perde” colaboradores com frequência para empresas do país e de fora.

“Tem um lado bom: o CESAR se tornou muito visível enquanto marca empregadora. Mas tem o lado ruim, seu profissional fica exposto e as empresas vêm atrás”, brinca. Em 2020, o centro expandiu seu time de cerca de 700 para mais de mil colaboradores – e a busca por pessoal continua.

A expansão é necessária para que o CESAR possa crescer em segmentos como energia, automotivo e indústria, setores estratégicos e que sempre demandam soluções inovadoras de tecnologia.

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O objetivo é também “ampliar os horizontes” do CESAR, para que a hub de inovação seja reconhecido não apenas pelo trabalho em tecnologia, mas também em como em um polo que pensa como a tecnologia interage com temas relevantes para a sociedade, nos campos da economia, estratégia, empreendedorismo, artes, administração e liderança.

“O papel da gente é provocar o mercado a investir mais em inovação e apostar mais em modelos de negócio que transformam a sociedade e o mundo”, afirmou o CEO.

Há também um plano de expansão física da organização. Além da matriz recifense, hoje o CESAR tem regionais nas cidades de Curitiba (PR), Sorocaba (SP) e Manaus (AM) e, agora, volta os olhos para fora do país.

Segundo Arruda, o centro já tem uma operação de captação de negócios nos Estados Unidos e está “em conversas” para uma base em Portugal – a expectativa é que o investimento seja retomado no ano que vem, após ter sido interrompido pela pandemia.

São transformações consideráveis para uma organização pioneira da inovação tecnológica no Brasil, mas que, como coloca seu CEO, continua a mesma em sua essência. “O que não mudou foram os princípios do CESAR: o comprometimento regional, a valorização das pessoas”, diz e completa: “o desejo de mudar o patamar e a altura da régua da inovação no país”.

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