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Futuro digital do Carrefour passa pelo B2B e pela IA, diz o CDO Sam James

Samuel James é britânico, mas mora no Brasil há tempo suficiente para falar um português quase perfeito. Chief Digital Officer (CDO) do Grupo Carrefour desde abril de 2022, o executivo está no País desde 2015, quando assumiu o posto de head de marketplace da operação brasileira do Uber, e nunca mais foi embora.

No Carrefour, assumiu no começo do ano passado uma missão tão importante quanto complexa: impulsionar os negócios digitais da operação local do grupo varejista francês, que cresceu substancialmente nos últimos anos – inclusive por meio de aquisições como a do Grupo BIG, concluída em 2022 por R$ 7,5 bilhões.

Acelerar essa digitalização, aliás, é um dos três pilares estratégicos da companhia até 2026, junto com aumentar a integração e a responsabilidade social. Esse segundo ponto é particularmente interessante considerando que o Grupo Carrefour é agora um gigante do varejo brasileiro.

São 1.150 pontos de venda e 150 mil colaboradores, atendendo 45 milhões de clientes mensalmente.

A maioria das lojas é do Atacadão, com 359, seguido dos hipermercados Carrefour (143 lojas) e o Sam’s Club (47), entre outros. Supermercados regionais – como o Nacional, o TodoDia, o Super Nosso e o Bompreço – somam 198 lojas. Há ainda drogarias (118) e postos de combustível (98).

Segundo James, é no B2B do Atacadão que estão as maiores oportunidades de crescimento da empresa no digital. A aquisição do BIG trouxe algumas marcas regionais valiosas ao grupo, inclusive de atacado, somando-se ao próprio Atacadão, comprado pelo Carrefour em 2007 por R$ 2,2 bilhões. Também estão no grupo agora o Maxxi Atacado e o Sam’s Club.

“O Atacadão me deixa muito empolgado. Criamos recentemente um e-commerce B2B para a marca e o lançamento do app sozinho trouxe 15% de crescimento [das vendas]”, contou o executivo. “Estamos muito focados no B2B. É onde temos o maior crescimento projetado.”

Leia ainda: Incerteza regulatória lança sombra sobre a IA generativa apesar do ritmo de adoção

A conversa com James ocorreu durante visita de um grupo de jornalistas à nova sede do Carrefour em Barueri, região metropolitana de São Paulo. O IT Forum também foi convidado.

O prédio, recém-inaugurado e que emula um campus universitário, era até o ano passado ocupado pelo BIG. O objetivo do novo espaço é, além de abrigar a sede administrativa da empresa, servir de “tech center” e integrar colaboradores a temas relacionados à tecnologia e inovação no varejo.

Sam, como gosta de ser chamado, lidera um time interno de cerca de 350 colaboradores, sendo “mais que o dobro disso considerando os terceirizados”. Um novo time de dados foi construído do zero, contou o executivo, para dar conta dos objetivos estratégicos que assumiu.

“Quero que o Carrefour seja o ‘Uber’ de varejo alimentar no Brasil. Queremos ser líderes”, disse. Em 2022, segundo a empresa, o volume das vendas digitais do grupo cresceu 100,6%, com GMV [volume total de mercadorias vendidas] superando R$ 2 bilhões no segundo trimestre de 2023, 30,1% de aumento frente ao mesmo período do ano anterior.

Carrefour digital em três pilares

Para atingir esses objetivos Sam enumera alguns pilares. O primeiro é de natureza tecnológica, e inclui reduzir a dependência do Carrefour tanto de parceiros de varejo digital (que era de 80% no passado e agora é de 50% do volume total de vendas) quando de players de desenvolvimento de sistemas.

“A gente não quer depender muito de parceiros, até pelo risco de depender de outros players”, diz James. Segundo ele, todo mercado tem “um grande vencedor”, o que significa que o Carrefour quer exercitar dominância no setor do varejo supermercadista no País.

O segundo pilar descrito por ele é o de dados, democratizando o acesso a insights dentro da operação da empresa. Assim, diz o CDO, “os funcionários podem tomar boas decisões, o que hoje na maioria das vezes não é o caso.”

Ter dados organizados também é mandatório para alcançar o terceiro pilar da estratégia, que é automatizar usando inteligência artificial e machine learning, “que no Uber eram o meu dia a dia”, diz o executivo, se lembrando do antigo empregador. “Temos feito bastante testes e há potencial para revolucionar o negócio”, elucubra.

Segundo o executivo, a IA tem um grande potencial para um negócio com milhares de lojas e uma cadeia de fornecedores extremamente complexa, pois “é muito difícil um ser humano dar conta e tomar decisões otimizadas” nesse cenário.

Enquanto CDO, Sam James também é o executivo responsável para efeitos legais, considerando os efeitos da LGPD sobre a privacidade dos dados usados. Não por acaso a empresa tem um comitê de IA preocupado com a ética dos usos que a companhia faz da tecnologia. “Responsabilidade vai muito além de só cumprir a lei”, disse o CDO.

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