Brasil vive momento de inflexão para capital de risco

Segundo Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor Brasil, cenário é positivo para empreendedores alavancarem seus negócios

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11:18 am - 06 de novembro de 2019

O Brasil tem caminhado para ser uma nação de empreendedores e o momento é favorável para investir e crescer startups. Segundo Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor Brasil, que falou na abertura do RD Summit, o País vive um momento de inflexão para capital de risco. O evento, organizado pela Resultados Digitais, acontece nesta semana em Florianópolis.

“Com mais capital por aqui, fica mais fácil aproveitar o tamanho da oportunidade. O Brasil é um dos dez maiores mercados consumidores do mundo e não para de crescer. Dois em cada três brasileiros têm acesso à internet, o que faz do Brasil um dos países com usuários de internet do mundo, uma oportunidade gigantesca”, sintetizou ela.

Camilla apresentou dados que endossam sua fala. Números da ABStartups indicam que nos últimos quatro anos, o número de startups em solo nacional triplicou, saindo de 4 mil para 12 mil. Os indicadores revelam, reforçou a executivo, que há mais capital sendo injetado por aqui.

“Em 2018, quase dobramos os investimentos, somando US$ 2 bilhões”, comemorou. Contudo, o Brasil segue atrás de outras nações. A América Latina, por exemplo, tem seu Produto Interno Bruto (PIB) duas vezes superior à Índia. Ainda assim, a região recebe 15 vezes menos investimentos do que aquele país. “O cenário começou a mudar quando o Softbank passou a investir no Brasil”, comentou ela.

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Fomento às startups

Camilla ressaltou que a Endeavor tem tido papel fundamental no fomento ao ecossistema de startups, já que seu objetivo é acelerar scaleups, como são chamadas as empresas que sustentam um rápido crescimento por um longo período e com modelo de negócios escaláveis. Somente em 2019, a Endeavor acelerou mais de 300 startups com esse perfil, em 17 estados e dez setores.

Quando a Endeavor entrou no Brasil, o cenário era bastante desafiador, reconheceu. Há 20 anos, o cenário empreendedor era praticamente um deserto. “O termo empreendedorismo nem ao menos existia no dicionário”, provocou. Alguns atores se destacavam, mas havia problemas de confiança e empreendedores não tinham exemplos locais, suporte e capital para crescer. “A Endeavor nasceu para transformar o Brasil em uma nação empreendedora”, comentou.

Ela lembrou que no Brasil apenas 1% das empresas cresce acima de 20%. Contudo, essas empresas foram responsáveis, de 2013 a 2016, por 70% dos empregos no País, um indicador que revela a necessidade de criação e aceleração de novos negócios. “Não geração de empregos, mas criar soluções para resolver grandes problemas, revolucionar indústrias e ir muito além das fronteiras.”

Exemplos de sucesso

Com o objetivo de criar um ecossistema pulsante para empreendedores, algo que parecia um sonho distante, reconheceu Camilla, 2012 foi um importante marco para a empresa e para o mercado. A crise chegou e com ela startups surgiram pautadas pelo desejo de resolver problemas da sociedade.

“Não à toa, 2012 representou o surgimento de uma leva de scaleups. Quando o sistema falha com a população, um grupo de mentes brilhantes cria soluções”, comentou.

Alguns exemplos incluem o Nubank, que buscava desburocratizar o setor financeiro e hoje conta com 15 milhões de clientes. A Creditas surgiu para acabar com altas taxas de juros e a Gesto revelou-se uma aliada para impactar vidas.

O Dr. Consulta, que hoje soma 1 milhão de pacientes, e a 99, vendida em 2018 para a chinesa DiDi, são outros exemplos bem-sucedidos. “Em um ecossistema menos acolhedor, os empreendedores criaram empresas com crescimento acelerado e relevantes”, finalizou.

*A jornalista viajou a Florianópolis a convite da Resultados Digitais

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