Brasil terá novo nanossatélite para conectar áreas remotas ainda em 2021

Projeto é desenvolvido em laboratório da Universidade de Brasília e tem parceria com Agência Espacial Brasileira e a FAP-DF

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9:30 am - 17 de fevereiro de 2021
Alfa Crux Divulgação

Até o final de 2021, a missão espacial brasileira Alfa Crux colocará um novo nanosatélite em órbita para levar conectividade a áreas remotas do País.

Desenvolvido em um laboratório da Universidade de Brasília (UnB), o projeto é resultado de uma parceria entre a instituição, a Agência Espacial Brasileira e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF).

Do padrão CubeSat, o satélite tem formato de cubo, com aresta dez centímetros, e pesa apenas 1,5 quilo. O objeto ficará em órbita a cerca de 500 quilômetros de altitude em relação ao nível do mar, estabelecendo conexão de dados e voz com a superfície.

A iniciativa é parte de uma onda de projetos que buscam desenvolver satélites de dimensões reduzidas, além de baixo custo de produção, lançamento e manutenção.

A expectativa é que esses nanosatélites ajudem a democratizar o acesso à tecnologia espacial por organizações de menor poder econômico, incluindo grupos universitários de pesquisa e pequenas e médias empresas.

“É uma nova mentalidade no contexto da era espacial: artefatos reduzidos, órbitas baixas, protagonismo da iniciativa privada média e pequena. Serviços que antes eram prestados por soluções mais complexas começam a ser absorvidos por esse grupo”, aponta Renato Borges, um dos líderes do projeto.

Professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB e membro sênior do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), organização global dedicada ao avanço da tecnologia, Borges explica que o Alfa Crux estabelecerá uma comunicação de banda estreita, focada na conexão dispositivos no contexto da Internet das Coisas.

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Em cada passagem que faz por um ponto de contato na superfície do planeta, o nanossatélite é capaz de trocar aproximadamente 30 kb de dados – com possibilidade de expansão – ou de fornecer transmissão de voz por cerca de nove minutos.

Ainda que pareçam de pequeno volume, as comunicações são suficientes para sensores de pressão, umidade ou temperatura, por exemplo, utilizados em aplicações como agricultura de precisão e monitoramento de microclima de áreas remotas. No contexto da pandemia da Covid-19, o nanosatélite também poderia ser uma opção de conexão para comunidades isoladas, como âncora de acesso à medicina remota.

“Eu posso querer fazer isso em regiões extensas ou que não tenham uma boa cobertura terrestre, em que a telefonia móvel ou telefonia de dados não chega”, afirma o pesquisador. “A missão vem nesse contexto: demonstrar uma infraestrutura que poderia ser aplicada para esse tipo de interesse”.

O Alfa Crux é produzido em uma combinação de sistemas trazidos de fora do País com soluções desenvolvidas no Brasil. O subsistema de orientação espacial do objeto, por exemplo, é criado pelo próprio time de pesquisadores do nanossatélite. A expectativa é que sua construção esteja concluída até julho.

Com a finalização do projeto, o grupo avaliará alternativas para seu lançamento. A empresa que levará o nanossatélite brasileiro até o espaço não está confirmada, mas a expectativa é que uma janela de possibilidade esteja disponível até o final deste ano. A previsão é que ele permaneça em órbita por um período de dois anos.

O primeiro nanossatélite brasileiro, o NanosatC-Br1, foi lançado em junho de 2014, em um esforço coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em colaboração com universidades e com apoio da Agência Espacial Brasileira.

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