Mesmo sem regulação, startups de cannabis buscam tirar Brasil do atraso

Startups e empresas brasileiras buscam medicamentos mais acessíveis e promovem inovação tecnológica no mercado bilionário da cannabis

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3:00 pm - 12 de julho de 2021

No início de junho, a indústria brasileira da cannabis deu um passo tímido, mas importante. Após votação apertada, desempatada pelo relator da matéria, Luciano Ducci (PSB-PR), foi aprovado em uma comissão especial da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL) 399/15, que regulamenta o plantio da Cannabis sativa para fins medicinais no Brasil. Como tem caráter conclusivo, o PL segue para o Senado.

Ainda que divida opiniões – mesmo entre empresas que atuam no setor –, o avanço do PL 399/15 na Câmara é motivo de comemoração para o ecossistema da cannabis no Brasil. Isso porque, apesar da ausência das regulações necessárias para que possam funcionar de forma plena por aqui, dezenas de companhias e startups brasileiras já movimentam e inovam dentro do promissor mercado da cannabis.

Em plena expansão ao redor do mundo, a indústria global da cannabis é estimada em US$ 20,5 bilhões, segundo relatório da Research And Markets relativo ao ano de 2020. Para os próximos anos, a expectativa é só de crescimento: de acordo com a mesma pesquisa, o volume movimentado será de US$ 90,4 bilhões até 2026. Com uma das maiores populações do mundo e iniciativas de regulamentação que começam a tomar forma, o Brasil tem papel importante nesse ecossistema.

Por conta do seu mercado embrionário, dados sobre o impacto econômico potencial da cannabis no Brasil são escassos. O levantamento mais recente é de 2018, quando o The Green Hub divulgou, em parceria com a New Frontier Data, um levantamento que aponta que o País seria capaz de movimentar R$ 4,7 bilhões, com cerca de 3,9 milhões de pacientes, em até 36 meses após a aprovação de regulamentações mais amplas para o uso medicinal de óleos e derivados da planta.

“Quando você tira algo da ilegalidade – algo que não paga imposto, que não desenvolve pesquisa, que não investe nada, mas ainda fatura bilhões –, e traz para a mão de pessoas que vão promover inovação e tecnologia, você gera melhores produtos, você gera empregos, cria oportunidades e cria negócios”, afirma Marcelo de Vita Grecco, sócio-fundador e diretor de marketing da The Green Hub.

Fundado em 2016 para ajudar a fomentar a indústria da cannabis no Brasil, o The Green Hub é hoje um dos principais centros de inovação do setor no País. Desde que nasceu, o hub já promoveu três chamadas para startups, e ajudou a acelerar mais de 20 projetos. A aposta do hub é que as oportunidades para a cannabis no Brasil já existem, e que serão aproveitadas pelos empreendedores pioneiros – aqueles que já antecipam às demandas que chegarão quando as tão aguardadas regulações do setor vierem. E pioneiros não faltam no Brasil.

Tecnologia em busca da acessibilidade

O primeiro grande marco para a indústria da cannabis no Brasil veio em 2015, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 17/2015, que permitiu a importação de produtos à base de canabidiol para fins medicinais. Esses produtos são hoje utilizados nos mais diversos tratamentos de doenças e seus sintomas, incluindo Alzheimer, Parkinson, Esclerose Múltipla e a epilepsia.

Quatro anos após a primeira RDC sobre o tema, veio a uma segunda decisão importante, a RDC 327/2019. Ela regulamentou os procedimentos para a concessão da Autorização Sanitária para a fabricação e a importação de produtos medicinais baseados na planta para o Brasil. O movimento expandiu ainda mais o acesso dos brasileiros aos medicamentos derivados da cannabis, ajudando o mercado a acelerar.

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Sérgio Rocha, diretor executivo da Adwa Cannabis (Divulgação)

Dados da Anvisa traduzem essa aceleração em números: segundo a agência, a quantidade de pacientes cadastrados em sua base em busca de produtos derivados da cannabis saltou de 10.862 em 2019 para quase 27 mil em 2020.

Mas ainda que a demanda esteja em franco crescimento, o Brasil está longe de ter democratizado o acesso a esses medicamentos por pacientes que buscam terapias com canabinóides. O problema, aliás, é um velho conhecido dos brasileiros: o custo. Seja em farmácias, através de associações ou por importação, óleos da planta podem chegar a até R$ 3 mil, o que inviabiliza o acesso para a maior parte da população do País. Por conta dessa realidade, a acessibilidade é um ponto crítico para boa parte das empresas nacionais que atuam neste setor.

“A Adwa surgiu no momento em que a gente identificou uma demanda no mercado de mães de crianças que precisavam de tratamento no Brasil”, conta Sérgio Rocha, engenheiro agrônomo e diretor executivo da Adwa Cannabis. “O tratamento é muito caro, inacessível, então elas começaram a reivindicar o direito para cultivar a cannabis”.

Para atingir esse objetivo, a startup começou a trabalhar no desenvolvimento de variantes da cannabis que fossem adaptadas às condições climáticas e de solo do Brasil. Isso seria atingido através do melhoramento genético de plantas vindas do exterior, trazidas de regiões como a Colômbia e a Europa. Com a iniciativa, a expectativa da Adwa era criar variantes que não só atendessem às demandas medicinais e industriais da cannabis, mas que barateassem o plantio em solo brasileiro.

“Se o Brasil regulamentasse [o plantio da cannabis] hoje, a gente não teria tecnologia para produzir. A consequência seria modelos de produção de alto custo, nos quais você precisaria de uma estrutura artificial para oferecer para a planta às condições climáticas necessárias para se desenvolverem”, explica.

O projeto da Adwa nasceu em 2016, dentro da Universidade Federal de Viçosa, e enfrentou alguns desafios antes de começar a rodar. O primeiro deles foi junto à Anvisa, que não liberou a autorização para plantio de cannabis pela Adwa. Foi só através de decisão judicial que a licença veio. Hoje já são 92 variedades estudadas no programa de melhoramento genético da startups, que já está na segunda geração de plantas.

“A gente tem hoje tranquilidade para trabalhar”, diz o diretor executivo da Adwa. “É claro que, como tudo que é baseado em decisão judicial, é possível que alguém questione. Não é algo definitivo como uma lei. Mas a gente se sente tranquilo não só para continuar o que estamos fazendo, mas para expandir para outras linhas de pesquisa dentro da universidade”. Entre essas expansões está um braço de desenvolvimento de software. A ideia é desenvolver uma solução de agricultura 4.0 que promete auxiliar produtores no futuro a otimizar o cultivo de cannabis e reduzir riscos do plantio.

A questão da acessibilidade também foi central para a motivação por trás da The Dogons, foodtech brasileira que desenvolve tecnologia para soluções orgânicas comestíveis com canabinóides. No catálogo de produtos que a startup irá desenvolver, estão comprimidos efervescentes canabinóides e soluções com extratos em pó solúvel, para consumo através de sucos, por exemplo.

A The Dogons nasceu a partir da experiência de Taysa Daudt, CEO e cofundadora da empresa, com sua filha, diagnosticada no espectro do autismo aos dois anos de idade. “Quando recebi o diagnóstico dela, recebi junto uma lista quilométrica de remédios – remédio para dormir, remédio para acordar – e eu sou uma pessoa que não toma remédio nem para dor de cabeça”, conta Taysa ao IT Forum.

Após esgotar todas as terapias convencionais fracassarem, algumas trazendo efeitos colaterais terríveis, a família decidiu experimentar o tratamento com canabinóides A primeira tentativa veio através de óleo recebido por Taysa através de uma doação. Em poucos dias, sua filha apresentou sinais positivos, incluindo um sono contínuo e tranquilo e melhor socialização. “Parecia mágica”, diz.

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Matheus Salatiele, Taysa Daudt e Caio Stephan e Silva, cofundadores da The Dogons (Divulgação)

Mas junto com os impactos positivos, veio também a realização do custo proibitivo dos óleos baseados em cannabis. “Quando você traz para a realidade do Brasil, onde um medicamento custa R$ 3 mil; está legalizado o uso medicinal, mas  está legalizado para quem?”, questiona Taysa.

Mas junto aos impactos positivos na qualidade de vida da criança, veio também a realização do custo proibitivo dos óleos baseados em cannabis. “Quando você traz para a realidade do Brasil, onde um medicamento custa R$ 3 mil; está legalizado o uso medicinal, mas está legalizado para quem?”, questiona Taysa. Junto aos sócios Matheus Salatiele e Caio Stephan e Silva, a empreendedora iniciou então a pesquisa sobre alternativas orgânicas para aquelas soluções, com o objetivo de produzir tecnologia para extratos de custo menor. Depois de criada, a The Dogons participou da segunda chamada de startups do The Green Hub e ganhou musculatura.

Hoje a startup está na fase de implementação de seus planos de negócios e busca investimentos. No primeiro trimestre de 2022, a The Dogons espera começar o desenvolvimento de seu MVP. O desenvolvimento, conta Taysa, será nos Estados Unidos – já que a atual situação regulatória do Brasil, tornaria esse estágio inviável para a companhia no País.

Cannabis como serviço

Além das companhias que trabalham diretamente na pesquisa e desenvolvimento de produtos relacionados à cannabis medicinal  – e também com o cânhamo, variante de baixo teor de THC e aplicações industriais  – uma série de organizações já aborda esse mercado através de serviços. Entre elas está o Centro de Excelência Canabinóide (CEC), que combina pesquisa científica e atendimento a pacientes que buscam tratamentos à base de cannabis.

O espaço nasceu como uma venture build do The Green Hub e promove uma “jornada completa” aos clientes, desde a consulta e auxílio para obtenção dos extratos de cannabis até o acompanhamento pós-consulta. Segundo Marcelo Sarro, CEO e fundador do CEC, a ideia é não apenas dar acesso aos produtos, mas acompanhar cada paciente para monitorar como ele responde ao medicamento.

“A gente quer construir uma segurança no tratamento, dar ao paciente a segurança de que eu estou olhando para ele e cuidando dele, não só vendendo um óleo”, explica. Há um ano, o CEC já atende pacientes em sua unidade original, na cidade de São Paulo. Expansões são previstas para o Rio de Janeiro e para o Espírito Santo. Também há planos de abrir outros três centros ainda este ano no Brasil.

De acordo com o CEO do CEC, os planos de expansão são apoiados em um aumento no interesse do público brasileiro por tratamentos relacionados à cannabis e, em especial, por questões relacionadas à saúde mental. O volume total de pacientes, ele revela, ainda é baixo. “Tem um viés de crescimento, mas é um viés dentro de um universo pequeno. O CEC tem uma capacidade de, em São Paulo, atender 240 pacientes por mês. Ele faz 50% disso”, pontua Sarro.

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Marcelo Sarro, CEO e fundador do Centro de Excelência Canabinóide (Divulgação)

Uma das estratégias do centro para expandir sua base é através do desenvolvimento de uma trilha de atendimento mais simples, focada em questões como melhoria de qualidade de vida, ansiedade e controle de dor. Para executá-la, a empresa apostará na telemedicina. A ideia é oferecer produtos acessíveis combinados expertise de atendimento médico que o CEC desenvolveu, entregue através de plataforma digital.

A iniciativa é vista como um meio termo entre o “atendimento premium” e a experiência que pacientes têm via associações – que nem sempre oferecem uma experiência completa de acolhimento. “O nosso grande desafio é popularizar, de alguma forma, o tratamento para tudo aquilo que realmente é possível. Não é um tratamento que serve para todos”, anota Sarro.

O ecossistema brasileiro da cannabis já gerou até mesmo sua primeira fintech. O CannaPag Bank surgiu a partir de uma dificuldade identificada pela Abrace Esperança, associação de João Pessoa que foi a primeira brasileira a receber, em 2017, autorização da Justiça para o cultivo e fornecimento de produtos derivados da cannabis para tratamento medicinal.

Apesar da autorização judicial, a Abrace sofria na hora de efetivar transações de aquisição de produtos de extratos de cannabis por seus associados. Por desconhecimento da legalidade das transações, boa parte dos operadores tradicionais do setor financeiro devolviam negativas para a associação paraibana. O problema também era comum entre outras associações do setor.

“As associações não tinham, até então, uma forma para que seus associados fizessem pagamentos por via online”, relata Murilo Gouvea, cofundador da fintech. “Por via física, com bancos tradicionais, a gente também notava algo semelhante. Às vezes demoravam seis meses para a abrir uma conta bancária, só porque a razão social, no CNPJ, tinha a palavra ‘cannabis’”.

Hoje a startup está rodando em MVP, mas deve começar a operar nos próximos meses junto com outros players e associações do setor. O negócio principal do CannaPag Bank é o de gateway de pagamento para clientes, seja para o pagamento de anuidade de associados ou para a comercialização dos produtos vendidos. Há também uma oferta de conta digital.

A fintech faz ainda o trabalho de consultoria, levantando documentos necessários para agilizar a liberação de clientes junto às instituições financeiras, além de oferecer uma linha de crédito para que organizações do setor possam investir nos equipamentos e insumos necessários para a operação. Hoje a CannaPag tem a capacidade de operar até três milhões de reais por mês de cartão de crédito, mas a expectativa é projetar pelo menos dez vezes esse valor após o MVP.

Mundo de olho no Brasil

Com as resoluções passadas pela Anvisa e a perspectiva de que novas regulações venham, o Brasil também tem se tornado um mercado mais atrativo para empresas que atuam fora de suas fronteiras.

Com sede em Miami, nos Estados Unidos, a CBD Fast Lane surgiu como uma facilitadora para a importação de medicamentos à base de canabidiol com autorização da Anvisa. A formulação dos medicamentos vendidos pela empresa é feita pela indústria farmacêutica Kemin, em Des Moines, no estado de Iowa. O plano original da companhia era atingir as farmácias brasileiras, mas o crescimento do interesse de clientes finais fez a startup mudar sua estratégia e apostar no e-commerce.

“Nós hoje identificamos que a venda online, direto para o consumidor final, é tão forte quanto a venda nas farmácias”, explicou Antônio Naves, CEO da CBD Fast Lane. Segundo o executivo, a demanda pelos óleos vendidos da companhia está 20% acima do que as metas da CBD Fast Lane antecipavam para 2020. Para dar vazão à demanda, a empresa lançou um site dedicado à oferta de produtos online. Os produtos são apresentados em frascos de 30 ml ou em cápsulas, com preços que variam de US$ 95 a US$ 120 – mais o frete, de US$ 20.

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De olho no mercado brasileiro, a multinacional colombiana Clever Leaves fez parcerias com empresas brasileiras (Divulgação)

No ritmo atual, a empresa espera atingir algo entre 5 mil unidades de seus produtos através do online e do atacado via farmácias entre o final de 2022 e o início de 2023. “A demanda espontânea aumentou muito de janeiro de 2020 até agora”, diz o executivo. “O assunto está muito na mídia, os consumidores estão mais cientes e os médicos estão mais familiarizados com o tema”.

Fundada em 2016, a multinacional colombiana de produção de canabinóides Clever Leaves é outra companhia internacional que tem mostrado interesse no Brasil. Hoje listada na Nasdaq, a organização possui mais de 1,8 milhões de metros quadrados de plantio de cannabis e exporta para 15 países. Ao lado de Alemanha, Austrália, Israel, o Brasil está no segundo grupo de principais mercados para a companhia – atrás da América do Norte.

“O Brasil é um dos maiores centros populacionais na América Latina, é um dos maiores países do mundo, e tem um programa legal de cannabis. Nem todo país está nessa situação”, explicou Kyle Detwiler, CEO da Clever Leaves. “Mas a forma como as regulações brasileiras funcionam estão muito de acordo com o tipo de negócio da Clever Leaves. É um programa estritamente medicinal, focado em extratos e óleos.”

Para Detwiler, o Brasil é hoje um dos grandes experimentos do mundo com cannabis por conta da formatação de seu programa, mediado pela Anvisa e focado em extratos para uso medicinal. Se bem sucedido, avalia o executivo, o mercado brasileiro pode servir de exemplo para outros países na região.

Para atuar no País, a companhia firmou acordos com empresas locais, como Phytolab Entourage, Verdemed e Greencare. As parcerias têm como objetivo estabelecer as bases para o fornecimento de insumos de cannabis para a produção de medicamentos e pesquisa, aproveitando o know-how de companhias locais.

“A indústria da cannabis é muito complicada”, brinca. “É muito difícil simplesmente cultivar, extrair e transformar a biomassa em um produto finalizado. Essa é nossa expertise. Nós não somos especialistas no registro de remédios em países, distribuição, marketing. Por isso temos parceiros locais com a expertise que não temos”.

Questionado sobre o potencial do Brasil como produtor de biomassa para o mercado global de cannabis, Detwiler não descarta a participação da Clever Leaves no futuro, mas ressalta que esse não é o foco da companhia agora. O executivo destaca ainda que esse processo é longo –  na Colômbia, a companhia precisou de cinco anos para estabelecer todas as bases legais e tecnológicas para a produção em larga escala – e que, para ele, isso pode acabar atrasando o ecossistema brasileiro.

Correndo atrás do prejuízo

Ainda que o mercado brasileiro de cannabis esteja florescendo e tenha diversas startups envolvidas, há um consenso claro entre o ecossistema que não é nada positivo: o Brasil está atrasado. “Há 20 anos, da primeira vez que comecei a ouvir que a cannabis poderia ter outros usos, não apenas como psicotrópico, o Brasil já estava atrasado. Imagina 20 anos depois, sendo que a gente não avançou nada”, opina Sérgio Rocha, diretor executivo da Adwa.

Por ainda não ter regulações que permitam, por exemplo, o plantio da cannabis de forma ampla, o país está ficando para trás em uma indústria que tem acelerado globalmente e oferece oportunidades não só para o setor medicinal, mas também para o agro, indústria e para a tecnologia.

“Pensando na cannabis como uma nova commodity agrícola no mercado internacional, com empresas até na bolsa de valores, e pensando que a matriz econômica do Brasil depende do agronegócio, é uma questão de estratégia que o Brasil invista rápido nesta tecnologia. Senão daqui cinco ou dez anos a gente vai estar totalmente dependente de outros países”, reforça Rocha.

O mesmo problema é enfrentado no fronte científico, que sofre com entraves burocráticos e requer autorizações especiais para importação de substâncias de outros países para pesquisas. “Se a gente conseguir passar o plantio para o uso científico e de pesquisa, a gente consegue andar mais. A gente tá muito atrasado nesse quesito”, diz Marcelo Sarro do Centro de Excelência Canabinóide.

O PL 399/15 é visto como um passo importante para que esse avanço continue. “Ele é bem próximo de uma resolução, ele realmente regula o mercado, não só fez uma legislação, apesar de ser um Projeto de Lei”, explica Murilo Gouvea, cofundador da CannaPag. “Ele traça parâmetros para que a gente consiga ter uma margem de segurança do que se pode e do que se não pode, isso é excelente.”

Seu modelo, no entanto, é alvo de algumas críticas. Uma delas é da complexidade que estabelece para o plantio. O projeto estabelece que o cultivo de plantas de cannabis para fins medicinais será feito exclusivamente por pessoa jurídica autorizada pelo poder público, com sementes e mudas com certificação e em local fechado, em estufa ou outra estrutura adequada ao plantio.

O processo seria custoso e é um dos motivos pelos quais empresas como a The Dogons, de Taysa Daudt, optou por levar a produção do MVP e venda para os Estados Unidos. “Infelizmente é mais uma empresa que poderia estar no Brasil, levando o mercado para o mundo, trazendo a grana para a casa, mas tá indo para fora”, lamenta.

Marcelo de Vita Grecco, sócio-fundador e diretor de marketing da The Green Hub, é mais um que vê com bons olhos o PL, ainda que se diga “pessimista” em relação à sua aprovação. O projeto, vale lembrar, depende de sanção presidencial, e a gestão de Jair Bolsonaro não se mostra favorável ao tema. “Mas o trabalho não para, nós temos institutos e associações que vão continuar trabalhando por isso”, disse. “Se não for [aprovado], que a gente construa isso separadamente para aproveitar todas as oportunidades”.

 

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