Blockchain pode ser eficiente para combate do novo coronavírus

Tecnologia de criptomoeda pode ser uma maneira eficiente de obter equipamentos médicos ou validar a imunidade do Covid-19, dizem especialistas

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4:00 pm - 29 de abril de 2020

Empresas como IBM e EY já desenvolvem projetos de blockchain para ajudar de diferentes formas no combate à pandemia do Covid-19.

Especialistas por trás dos projetos dizem que a tecnologia pode ser uma maneira eficiente de conectar prestadores de serviços de saúde que precisam de equipamentos médicos a fornecedores globais que eles não encontrariam por conta própria. 

Segundo reportagem do Wall Street Journal, a tecnologia também pode ajudar a validar a imunidade de uma pessoa ao Covid-19, a doença causada pelo vírus, dados que as autoridades poderiam usar   

IBM 

“Toda essa plataforma foi realmente pensada para velocidade”, disse Mark Treshock, Líder Global de Soluções de Blockchain da IBM, para cuidados com a saúde e ciências da vida.

O recém projeto de blockchain, Rapid Supplier Connect, o qual Treshock supervisiona, visa ajudar a conectar prestadores de serviços de saúde a fornecedores não tradicionais e confiáveis de equipamentos médicos, como empresas de vestuário que estão fazendo máscaras, diz a reportagem. 

Treshock disse que, normalmente, leva de quatro a seis semanas para que os compradores examinem e integrem novos vendedores ou fornecedores depois de se encontrarem.

A tecnologia pode reduzir “dramaticamente” esse tempo para os prestadores de serviços de saúde com extrema necessidade de equipamentos essenciais como máscaras, kits de teste e ventiladores. 

O blockchain é uma maneira descentralizada de manter registros compartilhados entre os participantes e que não podem ser alterados. Um livro de blockchain permite que os participantes adicionem blocos de informações depois que cada parte executa algoritmos para avaliar uma transação proposta, diz o jornal.  

A reportagem explica que se as partes concordarem que a transação parece válida – as informações de identificação correspondem ao histórico da blockchain e seguem as regras criadas pelos participantes -, elas serão aprovadas, marcadas com tempo e adicionadas à cadeia. Os dados, criptografados e imutáveis, estão sempre atualizados nos sistemas de todos os participantes. 

Os atuais fornecedores na plataforma blockchain do Rapid Supplier Connect incluem o Projeto N95, que ajuda os profissionais de saúde a adquirir equipamentos de proteção individual e cerca de 200 empresas que são membros da Federação Mundial da Cadeia de Suprimentos.  

Os membros da federação incluem empresas de vestuário que não estão no setor de saúde, mas concordaram em desenvolver máscaras e outros equipamentos para os profissionais de saúde, disse Treshock. O objetivo é ter uma gama de fornecedores globais confiáveis na rede blockchain que podem fornecer às organizações de saúde cerca de 15 tipos de equipamentos médicos. 

 Esses fornecedores criaram um perfil no blockchain e carregaram dados de compras, como informações financeiras, certificados da Food and Drug Administration (a ANS dos Estados Unidos) e identificações fiscais.

Os hospitais podem pesquisar no blockchain os equipamentos médicos necessários e solicitar informações sobre o fornecedor, que serão fornecidas imediatamente assim que o fornecedor concordar em compartilhá-lo.  

Outros fornecedores também podem se inscrever para participar do blockchain e serão examinados usando a rede de identificação de fornecedores existente da IBM, disse Treshock ao WSJ

 “Esperamos que o blockchain ajude essas partes a confiarem mais rapidamente”, disse Treshock, acrescentando que as transações monetárias não serão feitas no blockchain, mas sim separadamente entre fornecedores e compradores. 

EY 

Uma dúzia de funcionários da EY estão trabalhando em um blockchain para ajudar empregadores, governos, companhias aéreas e outros a acompanhar pessoas que fizeram testes de anticorpos e podem ser imunes ao vírus, disse Paul Brody, Líder Global de blockchain da consultoria. A primeira iteração do projeto será lançada em cerca de duas semanas, segundo ele. 

Um hospital ou clínica participante pode testar um indivíduo para ver se possui anticorpos suficientes ou proteínas imunológicas, o que pode indicar que uma pessoa foi exposta ao vírus e desenvolveu algum nível de imunidade.  

O hospital criará o chamado hash para colocar no blockchain, que é um algoritmo matemático que combina os resultados dos testes da pessoa com seus dados de identificação e código de segurança pessoal, disse Brody, ao jornal. 

O hash não pode ser decodificado e o certificado digital de imunidade pode ser mostrado. O certificado digital de imunidade seria de propriedade do indivíduo e mostrado a um empregador ou funcionário do aeroporto, explicou. 

A tecnologia blockchain também está sendo usada na China para acelerar o tempo necessário para o pagamento de planos de saúde a prestadores de cuidados de saúde e pacientes, disse Avivah Litan, Analista Sênior do Gartner, especializado em segurança e blockchain. 

A blockchain pode ser vantajosa porque os dados são muito difíceis de adulterar e nenhuma entidade está no controle deles, disse ela à reportagem.

Segundo Litan, ainda assim, os dados colocados no blockchain podem ser dados ilegítimos. Procedimentos rigorosos são necessários para verificar se não há produtos falsificados, como kits de teste, na blockchain, alertou a especialista. 

“Você pode acabar inserindo dados ruins em um modelo confiável e nada poderia ser pior do que isso”, falou Litan. 

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