Banpará cresce na esteira da tecnologia e mira no digital

No coração da Amazônia, banco público dá início à jornada para nova economia com solução Nutanix, que integra projeto estimado em R$ 14 milhões

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9:00 am - 09 de abril de 2018
Banpará

A virada de chave do Banco do Estado do Pará (Banpará) teve início em 2011, com a chegada de Eugênio Pessoa ao cargo de CIO da instituição pública financeira. O engenheiro elétrico sabia que o caminho mais assertivo seria o investimento em tecnologia para proporcionar melhores serviços aos clientes, atendimento eficiente e redução de custos operacionais, em um círculo virtuoso.

A tecnologia teve papel fundamental no apoio a uma estratégia inovadora e ousada do Banpará: dar uma guinada no leme e voltar-se também e fortemente para atuação no interior do estado. Em 2012, a instituição abria uma agência na Ilha de Marajó, inaugurando não somente um rumo assertivo para resultados surpreendentes, mas ainda a inclusão social dos habitantes da ilha, que deixaram de amargar horas de barco para realizar operações simples como sacar ou depositar qualquer quantia.

“Há cinco anos, não havia banco na ilha, as transações eram feitas via banco postal. A população tinha de lidar com essa logística para pegar dinheiro e fazer depósitos. A consequência? De posse do dinheiro, realizava suas compras por lá e não na ilha, que sofria com a sua economia depreciada”, diz o CIO.

Pessoa destaca que a estimativa para o retorno do investimento (ROI, na sigla em inglês) era de 15 anos. “Mas isso aconteceu em apenas três”, orgulha-se e reitera: “Somos um banco público da Amazônia e, portanto, temos um alto custo de logística. Somos diferentes dos bancos que estão nos grandes centros e mesmo no interior de importantes estados do País. Por isso, é mais do que um resultado excelente, é uma vitória.”

Para o CIO, hoje, um banco não pode ter como principal estratégia a menor tarifa, considerando que o que cativa o cliente é a sua melhor experiência e o atendimento personalizado.

Assim, a Ilha de Marajó, que contempla o encontro entre o Rio Amazonas e o Oceano Atlântico, foi bússola da popularização do Banpará fora da região metropolitana. Hoje, a potência da instituição está no interior do estado, com 75% de suas agências e apenas 25% nos grandes centros.

Tecnologia, grande parceira

Marajó, segundo Pessoa, foi a certeza de que com essa estratégia, seria possível colocar o Banpará no topo do ranking do estado. E que o melhor caminho para chegar lá seria por meio da tecnologia, forte aliada na economia de custos.

Assim, em 2015, o banco partiu para a jornada de transformação digital.  “Tomamos a decisão e sabíamos que já estávamos atrasados. Portanto, precisávamos agilizar. Pensamos em Business Intelligence (BI) para modernizar nossa estratégia e começamos a testar a tecnologia na parte de crédito.

Na jornada para o ingresso no digital, o banco foi despertado pelo preço competitivo da Nutanix, empresa de software de nuvem empresarial. Mas, segundo Pessoa, o barato pode sair caro e entrou em profunda análise da solução.  “Depois de muito conversarmos, a Nutanix me levou à Washington (EUA) para ver de perto a experiência de renomados clientes e isso mudou tudo. A decisão estava fechada com eles”, lembra.

“Entendemos que empresas e instituições financeiras do setor público estão sempre desconfiadas em relação aos discursos e, portanto, não basta apenas falarmos dos benefícios que a solução pode oferecer, mas mostrar esses benefícios”, diz Leonel Oliveira, CEO da Nutanix Brasil.

Para Oliveira, é preciso muita transparência no setor público para apresentar uma solução. “Afinal, ninguém vende fracasso. Então, o mais importante é ser claro e objetivo e apresentar a tecnologia aliada ao propósito.”

A parceria com a Nutanix começou há um ano e meio (final de 2016) e em maio de 2017, o ambiente de homologação e desenvolvimento do Banpará estava em pleno funcionamento. “Um ambiente maior, com plataforma modular, flexível, que suporta futuras evoluções”, diz Pessoa.

O projeto de modernização do ambiente do Banpará está estimado em R$ 14 milhões e conta com a participação de outras empresas além da Nutanix, que, neste primeiro momento, foi responsável por fornecer tecnologia para suportar a plataforma de BI e produção.

Os oito nós Nutanix implementados no Banpará suportam o sistema de BI e novos equipamentos sustentarão todo o ambiente de produção. “Em pouco tempo de utilização, já percebemos um tempo menor de resposta e performance mais rápida. O objetivo para os próximos meses é transformar o atual ambiente de produção em um ambiente de homologação, desenvolvimento de testes”, diz Pessoa. Ele acrescenta que serviços como os de conta corrente, empréstimos e internet banking estarão diretamente conectados à Nutanix.

Colhendo os frutos

“Temos muito a evoluir tecnologicamente para atingirmos nossos objetivos. Mas pavimentamos a nossa trilha com sucesso até aqui. Partiremos em breve para o mundo cloud, o coração da transformação. Não é mais uma questão de escolha e sim de determinar quando”, ressalta.

Segundo o CIO, toda essa movimentação mudou a estrutura econômica do banco. Como um banco público, em 2011, ele diz, a instituição dependia de cerca de 90% de repasse do governo, hoje essa margem caiu para 45%. “Um excelente avanço. E tudo isso tem a ver com o investimento em tecnologia que reduziu custos com infraestrutura, comunicação, padronização de desenvolvimento de sistemas, entre outros.”

De 2011 até hoje, o banco cresceu mais de quatro vezes, relata Pessoa. “Saímos de R$ 800 milhões para nos tornarmos um banco de R$ 4 bilhões. Eram 42 agências, agora totalizamos 116. De R$ 77 milhões de lucro, chegamos a R$ 260 milhões. Temos o melhor ROI do País em bancos públicos, ou seja, de 30%. Em patrimônio líquido – R$ 1 bilhão”, lista com satisfação.

Somente com tecnologia, reitera o comandante da TI, o banco conseguiu expandir a atuação e prosseguirá nessa trilha de desenvolvimento. “Fico imaginando que, antes, abrir uma conta consumia perto de 1h e hoje não mais do que cinco minutos. É muito gratificante.”

No futuro próximo, ele avisa, o banco irá ampliar a experiência de desenvolvimento de software e pavimentar o processo para a transformação digital. “Esse é mais um grande desafio. Quem tem medo de pressão que vá nadar na superfície. Estamos na jornada!”, brinca, o CIO.

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