Banda larga móvel é principal oferta para acesso à internet na América Latina e Caribe

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9:30 am - 25 de fevereiro de 2016
Banda larga móvel é principal oferta para acesso à internet na América Latina e Caribe
A banda larga móvel é o principal meio para oferecer acesso à internet a preços reduzidos na América Latina e Caribe. A afirmação é de Sebastián Cabello, diretor da GSMA para a região. Para ele, essa possibilidade gera uma ampla variedade de benefícios socioeconômicos e dá respaldo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações  Unidas.
Ampliar a colaboração entre as operadoras móveis e os governos para estender os serviços de conectividade móvel e internet a milhões de cidadãos da região também é algo que deverá ser trabalhado, de acordo com relatórios realizados pela GSMA Intelligence a pedido do programa Sociedade Conectada da GSMA.
“A indústria móvel tem o compromisso de desempenhar um papel fundamental para conectar os desconectados na América Latina e em todo o mundo”, disse Matthew Bloxham, diretor do programa Sociedade Conectada. “A GSMA trabalha ativamente com operadoras móveis, governos e comunidade de desenvolvimento internacional para conceber e implementar iniciativas comerciais sustentáveis e escaláveis, que possam derrubar as principais barreiras à adoção de internet móvel, tanto na oferta como na demanda.”
Barreiras
Os resultados da Pesquisa ao Consumidor 2015 da GSMA Intelligence e de diversos levantamentos nacionais de domicílios realizados na região destacam quatro obstáculos principais que devem ser abordados para aumentar a adoção de banda larga móvel.
1. Falta de conteúdo localmente relevante: o estudo aponta para uma oferta limitada de conteúdos atrativos, tanto no que diz respeito à linguagem quanto à relevância local. A análise de dados de tráfego web mostra que menos de 30% do conteúdo acessado na América Latina e Caribe está nos idiomas locais, apesar do predomínio do espanhol e português na região. 
Além disso, o conteúdo disponível nas lojas de aplicativos e nos sites de operadoras móveis se relaciona, sobretudo, com o entretenimento. Isso cria um equívoco entre os que não usam a internet, porque acreditam que seja uma ferramenta puramente dedicada a esse segmento, e oculta a relevância e o potencial de impacto profundo que a rede móvel oferece. Na pesquisa, realizada junto aos consumidores, observa-se que o conteúdo localmente relevante é fator mais importante que custo e outros aspectos, na maioria dos mercados.
2. Falta de competências digitais: enquanto os índices de alfabetização básica na região são muito mais elevados do que a média global, continua existindo uma lacuna em relação aos conhecimentos e competências digitais. O estudo demonstra que a falta de infraestrutura de TIC para aprendizagem e apoio à educação digital impede que muitos usuários móveis possam explorar os benefícios que a internet oferece.
3. Acessibilidade: a América Latina e Caribe tem o maior nível de desigualdade de renda no mundo. A acessibilidade é uma barreira importante para que as pessoas na base da pirâmide econômica adotem a internet. Para 40% da população com baixa renda, o custo médio total de propriedade móvel representa 17% de seus ganhos; enquanto que para os 20% de maior renda representa 2%. 

Uma das barreiras mais importantes à acessibilidade são os impostos sobre os serviços móveis, especialmente em certos países como Brasil e Argentina, onde as taxas para consumidores representam mais de 30% do custo total de propriedade móvel. Portanto, uma redução nos impostos específicos e nas taxas que se aplicam, tanto aos consumidores quanto às operadoras, poderia contribuir para a melhora nesse quesito.
4. Cobertura de rede: oferecer cobertura de banda larga móvel para 90% da população na região foi uma grande conquista. No entanto, cobrir as áreas restantes, que contam com baixo índice demográfico (como cadeias de montanhas, florestas e ilhas) pode não ser comercialmente viável se não houver colaboração e algum tipo de associação público-privada.
“Pedimos aos governos que trabalhem em conjunto com a indústria móvel para enfrentar as barreiras que freiam a adoção e assegurar que a internet mobile seja mais acessível, útil e de fácil compreensão para todos”, encerra Cabello.
Demanda
Na América Latina e Caribe vivem cerca de 634 milhões de pessoas. Segundo os últimos relatórios, a lacuna de cobertura de banda larga móvel na região é relativamente pequena, já que apenas 10% da população (cerca de 64 milhões de pessoas) vivem fora do alcance de uma rede 3G ou 4G. 
No entanto, 33% (ou 207 milhões) das pessoas, atualmente, são usuárias de serviços de banda larga móvel. Isso significa que 57% (ou 363 milhões de pessoas) contam com cobertura de redes de banda larga móvel, mas não estão conectadas.
Nesta última categoria, mais de 100 milhões de pessoas vivem no Brasil, o maior mercado da região. A brecha na demanda também varia significativamente na região: há países, como Chile e Costa Rica, em que a proporção de usuários de serviços de banda larga móvel é relativamente elevada, enquanto que em outros mercados, como Guatemala e Equador, existe uma importante brecha entre a disponibilidade dos serviços de banda larga móvel e sua adoção.

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